Folha de S. Paulo


Líderes da oposição da Venezuela buscam apoio de Macron em Paris

Os líderes do Congresso liderado pela oposição da Venezuela se reuniram nesta segunda-feira (4) com o presidente francês, Emmanuel Macron, para pressionar por ajuda humanitária ao país em crise, na primeira etapa de uma turnê europeia em que buscam apoio contra o regime de Nicolás Maduro.

Maduro foi criticado pela Organização das Nações Unidas, EUA e outros governos por não permitir a entrada de ajuda externa para aliviar uma grave crise econômica, enquanto anula o Congresso liderado pela oposição e detém centenas de adversários.

Thibault Camus/AFP
Julio Borges (2º à esq.), e seu vice, Freddy Guevara (1º à esq.), conversam com jornalistas em Paris
Julio Borges (2º à esq.), e seu vice, Freddy Guevara (1º à esq.), conversam com jornalistas em Paris

"Eu ressaltei a urgência de abrir a porta à ajuda humanitária na Venezuela", disse o presidente do Congresso, Julio Borges, acrescentando que Macron estava ansioso para ajudar.

A oposição ganhou o controle do Congresso em 2015, mas a Suprema Corte leal a Maduro ignorou todas as principais leis aprovadas.

Maduro disse que enfrenta uma "insurreição armada" destinada a acabar com o socialismo na América Latina e permitir que uma elite empresarial apoiada pelos EUA aproveite as reservas de petróleo do país.

Em Caracas, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, convocou embaixadores de Espanha, Alemanha, Itália e Reino Unido para emitir uma nota de protesto, acusando-os de se meterem em assuntos internos da Venezuela.

Macron, que não falou aos repórteres após a reunião, na semana passada classificou o regime da Venezuela como uma ditadura. A situação venezuelana tem uma ressonância particular na França, onde o partido de extrema-esquerda França Insubmissa, atualmente o grupo opositor mais crítico a Macron, apoia Maduro.

A ativista de direitos humanos Lilian Tintori, esposa do líder opositor venezuelano Leopoldo López, disse no sábado que foi impedida de deixar seu país de avião para ir à França e a outras capitais da União Europeia.

"A ditadura não quer que minha voz seja ouvida no exterior. Mas a turnê segue em frente", escreveu ela em sua conta no Twitter no sábado.

MADURO

Nesta segunda, o Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU informou ter recebido uma notificação do regime venezuelano de que Maduro participará do Conselho de Direitos Humanos na próxima segunda (11).

Maduro se pronunciará pouco depois do discurso de abertura do alto comissário de Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra'ad al-Hussein, que na semana passada disse que a democracia "mal está viva" no país latino-americano.

Um relatório emitido pelo escritório de Zeid em 30 de agosto disse que as forças de segurança cometeram violações de direitos humanos aparentemente amplas e deliberadas ao reprimir protestos antigoverno.

O relatório pediu mais investigações e responsabilização e exortou Maduro a libertar manifestantes detidos arbitrariamente e a impedir o uso ilegal de tribunais militares para julgar civis.


Endereço da página:

Links no texto: