Folha de S. Paulo


Brics condena testes da Coreia do Norte e critica protecionismo

A cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) criticou nesta segunda-feira (4) o crescimento do protecionismo e condenou veementemente os recentes testes nucleares realizados pela Coreia do Norte.

Em declaração final do nono encontro do bloco, os cinco países expressaram "profunda preocupação" com o aumento das tensões relativas à escalada armada e defenderam a necessidade de se chegar a uma solução de maneira pacífica e por meio de um diálogo direto entre todas as partes envolvidas.

"Nós deploramos profundamente o teste nuclear realizado pela Coreia do Norte e expressamos profunda preocupação com a tensão em curso e a questão nuclear prolongada na Península da Coreia", diz trecho da declaração.

Wu Hong/AFP
O presidente Michel Temer (à esq.) ao lado de líderes do Brics nesta segunda (4)
O presidente Michel Temer (à esq.) ao lado de líderes do Brics nesta segunda (4)

A inclusão da crítica à Coreia do Norte foi uma revindicação da China e da Rússia. Segundo a Folha apurou, o governo chinês chegou a defender que fosse colocada uma ressalva aos Estados Unidos, igualando-o ao país oriental no conflito nuclear. Os demais países, no entanto, discordaram.

Os países do bloco também anunciaram apoio ao acordo de restrição nuclear fechado pelos integrantes do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) com o Irã.

"Nós exortamos todas as partes relevantes a cumprir plenamente suas obrigações e assegurar a implementação plena e efetiva do plano para promover a paz e a estabilidade internacionais e regionais", disse.

No documento, os cinco países observam que tem havido uma tendência mundial de protecionismo, que ameaça as perspectivas de crescimento global e a confiança do mercado financeiro. Segundo eles, as incertezas e os riscos persistem no cenário mundial.

"Nós nos comprometemos novamente à nossa promessa para a reversão de medidas protecionistas e pedimos a outros países que se juntem a nós nesse compromisso", ressaltou.

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Em um contraponto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as cinco nações emergentes incentivaram os países do mundo a "implementarem plenamente" o Acordo de Paris e defenderam um crescimento econômico baseado na baixa emissão de carbono.

"E defendemos que os países desenvolvidos forneçam recursos financeiros e tecnológicos, apoiando os países em desenvolvimento para aumentar sua capacidade de mitigação e adaptação", disse.

Os países do bloco também refutaram os recentes ataques terroristas e ressaltaram que os responsáveis por "cometer, organizar ou apoiar" as iniciativas devem ser responsabilizados.

Eles ainda congratulam o governo iraquiano por ter recuperado Mossul do controle do Estado Islâmico e manifestam preocupação com a guerra civil no Iêmen.

"Nós pedimos a todas as partes diretamente envolvidas na atual crise diplomática na região do Golfo para superar suas dissonâncias através do diálogo e acolher os esforços da mediação do Kuait", disseram.

A pedido da Rússia, o documento também incluiu parágrafo condenando a corrupção e apoiando o fortalecimento da cooperação internacional para o combate a práticas irregulares.

"Nós reconhecemos que a corrupção, incluindo o dinheiro ilícito e os fluxos financeiros, e a riqueza mal adquirida escondida em jurisdições estrangeiras é um desafio global que pode afetar negativamente o crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável", disse.

Editoria de Arte/Folhapress
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