Folha de S. Paulo


No lugar de Temer, Maia chora ao assinar acordo de recuperação do Rio

Pedro Ladeira/Folhapress
Rodrigo Maia chora durante evento para assinar acordo com o Rio
Rodrigo Maia chora durante evento para assinar acordo com o Rio

Após uma série de articulações de bastidor para acelerar o processo, o presidente da República em exercício, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chorou nesta terça-feira (5) ao assinar o decreto que firma o acordo de recuperação fiscal de seu Estado, o Rio de Janeiro.

Em cerimônia fechada no Palácio do Planalto, Maia disse que o texto que permitirá ao Rio obter R$ 3,5 bilhões de ajuda financeira da União era o "único caminho" para salvar o Estado de um colapso financeiro e que é preciso enfrentar a agenda econômica do governo, inclusive com a aprovação da reforma da Previdência, "sem populismo, sem demagogia, sem discursos falsos".

Segundo Maia, se as mudanças na aposentadoria não forem aprovadas, a crise fluminense vai se tornar uma crise nacional. "Sem a reforma da Previdência, sem discutir de forma clara os gastos do governo, em breve período teremos uma situação a nível federal muito parecida com a do Rio", disse o presidente da Câmara.

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 05-09-2017, 16h00: O presidente da república em exercício, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao lado do governador do RJ, chora ao assinar o acordo de socorro financeiro ao estado do Rio de Janeiro, no Palácio do Planalto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
Governador do Rio, Fernando Pezão, abraça o presidente em exercício, Rodrigo Maia em evento no Rio

Com pretensões eleitorais para 2018 que podem culminar em uma candidatura ao Palácio do Guanabara, Maia atuou nos bastidores nos últimos dias para garantir que o acordo fosse assinado enquanto ele ocupava a cadeira de Michel Temer, em viagem à China para a reunião da cúpula dos Brics.

Ele conversou com integrantes do TCU (Tribunal de Contas da União) e com os ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Grace Mendonça (Advocacia-Geral da União) para garantir agilidade nos trâmites. Até quarta-feira (30), o TCU ainda não havia, por exemplo, designado um auditor fiscal para fazer um parecer sobre o texto.

Segundo a Folha apurou, Maia telefonou na noite de terça (29) ao ministro do tribunal Bruno Dantas para perguntar a razão pela qual a escolha ainda não havia sido feita. No dia seguinte, o tema entrou na pauta e o TCU aprovou o nome a ser encaminhado ao Ministério da Fazenda.

O plano de ajuda ao Rio prevê um ajuste fiscal de R$ 63 bilhões até 2020. O valor contempla corte de gastos, aumento de receitas, suspensão do pagamento das parcelas da dívida do Estado com a União, entre outras medidas.

Em parecer técnico, o Tesouro Nacional apontou fragilidades no acordo, mesmo com a aprovação do texto pela equipe econômica.

Questionado por jornalistas sobre essas inconsistências, após a cerimônia de homologação do texto, Maia disse que não é assinando o acordo "que vai estar tudo resolvido".

Ele afirmou que esse é "o primeiro passo" e que, agora, é preciso "um longo espaço" para que o Rio volte a ter condições efetivas de investimento e volte a ser "o Rio de antes", "pagando o salário de seus servidores".

PEZÃO

Governador do Rio, Fernando Pezão (PMDB) afirmou que não foi fácil chegar até o acordo e agradeceu especialmente a Maia pela a assinatura do texto. Segundo Pezão, se não fosse o presidente da Câmara, o acordo não sairia.

"Essa conspiração do bem fez com que Rodrigo Maia estivesse como presidente da República na hora dessa assinatura", disse o governador.

No fim de seu rápido discurso, Pezão cometeu um ato falho ao agradecer ao presidente em viagem a China e o chamou de "Michel Maia".


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