Folha de S. Paulo


'Azarão', americano busca em casa reconhecimento tardio no tênis

Ray Stubblebine/Reuters
Tennis - US Open - New York, U.S. - September 3, 2017 - Sam Querrey of the United States in action against Mischa Zverev of Germany during their fourth round match. REUTERS/Ray Stubblebine
Querrey usa saque poderoso para ir longe no Aberto dos EUA

Demorou, mas os holofotes do tênis americano estão, enfim, direcionados para Sam Querrey, 29. Na chave masculina, ele é o único representante do país ainda na briga pelo título do Aberto dos Estados Unidos.

Nesta terça (5), na hora de enfrentar o sul-africano Kevin Anderson pelas quartas de final, o tenista de 1,98 m jogará no estádio Arthur Ashe, fechando o dia.

É a segunda vez que ele ganha espaço em horário nobre no Grand Slam de seu país. A primeira foi no domingo (3), quando bateu o alemão Mischa Zverev por 3 sets a 0, parciais 6/2, 6/2 e 6/1.

"Acho que não daria para fazer algo melhor. Foi minha primeira noite aqui, então queria aproveitar ao máximo. É algo que sempre quis fazer", disse Querrey, em sua entrevista pós-jogo ainda na quadra central, aplaudido.

Diante de milhares de torcedores na quadra central, o americano não mostrou tanta desenvoltura. Esse tipo de experiência geralmente está reservada a astros como Roger Federer e Rafael Nadal.

Em seu 12º ano como profissional, chegou sua vez.

Para um país que já produziu lendas como John McEnroe, Jimmy Connors, Pete Sampras e Andre Agassi, um quarteto que acumula 37 títulos de Grand Slams, o padrão de exigência é alto demais.

Um dos grandes sacadores do circuito, Querrey já encarou essa pressão. Em 2008, havia ganhado um título (Las Vegas) e entrado no grupo dos 50 melhores.

A rápida ascensão no ranking, porém, não teve a sequência que a elite americana do esporte esperava. O californiano tem carreira consistente, com dez troféus e quase US$ 10 milhões em prêmios, mas sem resultados nos principais eventos.

Hoje, a crítica nos EUA já dá atenção à nova geração, com os adolescentes Frances Tiafoe e Taylor Fritz, de 19 anos, despontando, entre outros.

Neste ano, Querrey tratou de mudar essa história.

Em fevereiro, ganhou o torneio de Acapulco, batendo Nadal na final. Em julho, foi novamente campeão no México, em Los Cabos. Mas fez barulho, mesmo, em Wimbledon, quando despachou o então número 1 do mundo Andy Murray e foi à semifinal.

Foi o primeiro americano a ir tão longe em um Grand Slam desde Andy Roddick, em 2009, após 31 Grand Slams. Acabou eliminado pelo croata Marin Cilic.

"Sinto que estou jogando em um nível diferente. Todas as partes do meu jogo parecem melhores", disse. "Antes de Wimbledon, tive bons resultados. Ainda assim, é difícil dar o último salto e entrar no top 10. Poucos conseguem."

A boa campanha nos EUA já lhe assegurou o posto de número um do país. Também está perto de confirmar o melhor ranking da carreira (15º).

"Todo mundo quer saber o que mudou para mim, mas juro que não tenho resposta", disse. "O tênis é um jogo em que a confiança pesa. Comecei a vencer nos grandes eventos, e a confiança sobiu."

Sem pressão, Querrey também contou com a sorte em Nova York. Para começar, quatro tenistas top 10 desistiram do torneio, esvaziando a chave. Depois, quis o sorteio que os dois grandes favoritos, Federer e Nadal, ficassem do outro lado da chave com apostas como o búlgaro Grigor Dimitrov, nono do ranking e campeão do Masters 1.000 de Cincinnati.

A porta estava aberta, então. Mas Querrey soube aproveitar as oportunidades.

"É impossível não olhar para a chave", admitiu. "Mas não me afeta. Hoje, vencendo ou perdendo, o certo é que saio de quadra me sentindo bem melhor que antes."


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