Folha de S. Paulo


Temer mostra força, mas futuro do governo é incerto, avaliam repórteres

Ainda que o presidente Michel Temer vença a batalha na Câmara contra a denúncia por corrupção apresentada pela Procuradoria-Geral da República, o futuro de seu governo é incerto.

Esta é a avaliação de jornalistas da Folha que debateram, em um programa ao vivo da "TV Folha", a votação da denúncia contra o peemedebista.

"Ninguém acredita que a denúncia será aprovada, é remota a chance", disse Leandro Colon, diretor da sucursal de Brasília. "Não dá pra negar que é uma vitória do Planalto, especialmente quando se compara com o cenário de três semanas atrás. Temer mostra certa força política, mas a questão é se ele vai sobreviver a uma segunda denúncia, se vai conseguir aprovar as reformas."

O editor de "Poder", Fábio Zanini, lembrou que o governo pode ser alvejado com as possíveis delações premiadas do doleiro Lucio Funaro e do ex-deputado Eduardo Cunha. "Os dois estão em uma corrida para fechar a delação ainda no mandato de Rodrigo Janot na PGR", afirmou.

"Temer sobrevive a uma denúncia bombástica, mas a que preço? Aprovou Refis, atendeu a demandas ruralistas, liberou R$ 4 bilhões em emendas... Que armas ele teria para lidar com uma nova e desgastante negociação de uma segunda denúncia?", lembrou a colunista Mônica Bergamo.

Para Zanini, o peemedebista mostrou "profissionalismo em cooptar o Parlamento", e essa seria a grande diferença em relação ao governo de sua antecessora –de quem foi vice–, Dilma Rousseff. "Ele é mestre em afagar deputados, a Dilma não sabia nem onde era a entrada do Congresso."

O mediador do debate, Fernando Canzian, lembrou que não há hoje, como havia contra a petista, "o ronco das ruas". Mônica apontou que há duas válvulas de escape para Temer: a falta de alternativas a ele e o fato de as eleições de 2018 estarem se aproximando.

Os desdobramentos na disputa presidencial também foram discutidos. Para Zanini e Mônica, o cenário para o pleito do ano que vem "é o mais indefinido desde a redemocratização".

"Tirando Jair Bolsonaro e alguns candidatos pequenos, como Alvaro Dias, você não sabe direito o que vai acontecer com o Lula, com o PSDB, se Marina sai ou não candidata...", finalizou Zanini.


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