Folha de S. Paulo


'Se a campanha for nacionalizada, será difícil para Haddad', diz vice

Vice de Fernando Haddad (PT) na campanha à reeleição, Gabriel Chalita (PDT) afirmou nesta sexta (12) que a rejeição ao PT na capital paulista pode atrapalhar a chapa na corrida municipal.

"Se nós nacionalizarmos a disputa em São Paulo, haverá uma dificuldade muito grande para a reeleição de Haddad", disse Chalita em entrevista à "TV Folha".

Segundo ele, a rejeição não é ao prefeito e sim ao partido, o PT. Por isso, é importante aproveitar a campanha para mostrar o que foi feito na cidade pela administração de Haddad em vez de gastar tempo para "desconstruir candidaturas".

Chalita disse que o "PT errou", mas que "PMDB, PSDB, PP" também erraram. "Quase todos os partidos terá alguém envolvido no processo de corrupção", disse.

Segundo ele, a operação Lava Jato tem revelado um sistema de "corrupção sistêmico, que pegou todos os partidos políticos". "É claro que há muitas ilações, nem tudo que é revelado é verdade", afirmou.

A campanha de Chalita à Prefeitura de São Paulo em 2012 foi citada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado em delação premiada como beneficiária de um pagamento de propina a pedido do presidente interino Michel Temer. O valor acertado foi de R$ 1,5 milhão.

Questionado sobre o repasse, o candidato a vice de Haddad repetiu que não conhece Machado e disse achar "impossível" que Temer tenha feito esse tipo de pedido. "Acho difícil que o Temer tenha pedido porque esse Sergio Machado nunca teve relação com o ele. Sempre teve com o Renan [Calheiros], não com o Temer", afirmou, referindo-se ao presidente do Senado.

"Você tem, propositalmente, no universo político, aqueles que querem destruir os outros, então eles saem falando e acusando", disse.

Chalita disse não concordar com a avaliação de que Fernando Haddad tenha negligenciado a população da periferia. Para ele, o prefeito não soube se comunicar suas realizações.

"Quando falamos que Haddad abriu 400 creches, duas por semana, ele abriu onde? Tudo na periferia. Quando falamos em 400 quilômetros de faixa exclusiva de ônibus, isso é para beneficiar quem? A periferia", afirmou.

Questionado se concordava com declaração de Haddad, para quem "golpe é uma palavra muito dura" para classificar o processo contra Dilma Rousseff, Chalita disse que a colocação se referia à comparação com o golpe militar de 1964.

O candidato não quis dizer, contudo, se acredita que o processo é legítimo ou não.

"Vamos falar de São Paulo", desconversou.

Chalita, que já mudou de legenda quatro vezes desde que iniciou sua carreira política, afirmou que acredita na "união de pessoas por temas e não por partidos". "No sistema político que a gente tem no Brasil hoje, os partidos políticos não funcionam", afirmou.

Em março, ele trocou o deixou o PMDB e para se filiar ao PDT e assumir a vaga de vice do prefeito na eleição deste ano. O PDT foi o primeiro partido da carreira política de Chalita, que foi eleito vereador aos 19 anos em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo. Ele deixou o partido em 1989 para se filiar ao PSDB, onde ficou até 2009.

Antes de migrar para o PMDB, no início de 2011, Chalita ficou dois anos no PSB (de 2009 a 2011) de Eduardo Campos, morto em 2014.

"Talvez se a cláusula de barreira tivesse ocorrido, e tivéssemos menos partidos, você teria condições de identificar mais claramente quem é a favor disso ou aquilo. Hoje isso é muito difícil".

Na política há quase 30 anos, Chalita disse que, para ele, "política não é profissão". "Sou professor e escritor, a política é um instrumento em que posso defender bandeiras em que acredito", afirmou.

SABATINA

Chalita foi o último entrevistado na série de sabatinas com os candidatos a vice.

Na segunda-feira (9), a "TV Folha" entrevistou o vice na chapa de Marta Suplicy (PMDB) Andrea Matarazzo (PSD).

Nesta terça (9), foi a vez de David Martins.

Marlene Campos Machado foi a terceira convidada da série de sabatinas com os candidatos a vice em São Paulo.

Nesta quinta-feira (11), foi a vez de Bruno Covas.

Nesta sexta (12) também foi a vez de Ivan Valente.

Os candidatos à Prefeitura já foram entrevistados em sabatinas realizadas pela Folha, UOL e SBT. Confira:

Fernando Haddad

Marta Suplicy

Luiza Erundina

Celso Russomanno

João Doria


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