Folha de S. Paulo


Intervenção de artista quer alertar para relação entre homem e ambiente

O trabalho do artista plástico paulistano Eduardo Srur, 42, é fazer as pessoas enxergarem um cenário quase invisível: a própria cidade. Uma vez, chamou a atenção para a poluição do rio Pinheiros colocando sobre o leito caiaques com manequins. Em outra, atraiu olhares para monumentos ao vesti-los com coletes salva-vidas.

Desafiado pela Folha a explorar o desperdício de comida, sua opção foi fazer uma intervenção na Ceagesp, maior central de distribuição de alimentos da América Latina. "Meu trabalho questiona a relação entre o homem e a natureza. Vi o descuido que a gente tem com o alimento no Brasil", diz.

Para tirar o público da "anestesia cotidiana", Srur extrai objetos cotidianos do contexto original: no caso, aqui, criou uma caçamba parecida com a convencional, mas vazada, para mostrar que o lixo "não desaparece num passe de mágica".

"É um choque visual, porque a função da caçamba é remover entulho. Tiro essa função e a reconstruo em linhas no espaço. A função é transformada em reflexão".

Na intervenção que resultou na capa deste caderno, caixas e caixas de tomates, abacaxis e pimentões descartados foram despejadas dentro da escultura até que desceram as correntes do caminhão. A caçamba foi recolhida, mas a montanha de comida descartada ficou no chão.

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