Folha de S. Paulo


Fotógrafo documenta Lavagem do Bonfim ao longo de 15 anos

O fotógrafo paulistano e professor da USP Atílio Avancini afirma que foi em Salvador que encontrou sua profissão.

Ele viveu na cidade nos anos 1980 e tinha vontade de documentar a cultura baiana. A oportunidade surgiu quando foi à Lavagem do Bonfim pela primeira vez, em 1994.

"Fiquei encantado com aquele 1 milhão de pessoas nas ruas, todo mundo de branco. A ambientação mágica da festa me tocou", diz. Um dos seus objetivos em fotografar a cerimônia foi preservar a sua força.

As imagens são em preto e branco, feitas com filme analógico e reveladas pelo próprio fotógrafo.

Até 2009, Avancini registrou mais seis edições da festa, que já tem 262 anos, o que resultou no livro "Lavagem do Bonfim" (ed. Alameda, R$ 96), lançado em novembro no Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira, em Feira de Santana (BA). Ele também será lançado na própria Igreja Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador, no dia 6 de janeiro.

A LAVAGEM

Apesar de ser uma festa religiosa, a Lavagem do Bonfim tem um forte apelo cultural. Pela manhã são feitos os ritos, como uma caminhada de oito quilômetros e a lavagem simbólica da escadaria da igreja. Depois, começa a festa profana, com cerveja, dança e churrasco, que vai até a noite. "Mas o religioso é a base de tudo", diz Avancini.

O fotógrafo acompanhou as mudanças pelas quais a festa passou. No início dos seus registros, havia até trio elétrico, banido em 1997. Era comum também haver palanques de políticos.

Hoje, ele afirma que a vocação turística da festa é muito explorada, o que é bom para mantê-la viva, mas que também pode descaracterizá-la. "As baianas estão sendo patrocinadas pela prefeitura, estão muito arrumadas, e a lavagem simbólica vem perdendo espaço", diz.

Veja outras edições do Álbum de Viagem

O mundo pelo computador, por Jacqui Kenny
Expedição na Patagônia, por João Marcos Rosa
Tecnobrega em Belém (PA), por Bruna Brandão
Mesquita de Abu Dhabi, por Eduardo Sodré
Sandboard na América do Sul, por Ricardo Ribas e Digiácomo Dias
Deserto em Cores, por Emerson Murakami
Retratos de Alter do Chão (PA), por Alex Fisberg
Livro registra aves brasileiras, por Ricardo Martins
Imagens em prol da preservação, por Luciano Candisani
Japão em câmera analógica, por Ricardo Ampudia


Endereço da página:

Links no texto: