Folha de S. Paulo


Em Berlim, chef combina sabores do Oriente e do Ocidente

Berlim não é Alemanha, Berlim é Berlim, diz meu colega Christoph Teuner, jornalista gastronômico alemão. Isso se aplica também aos restaurantes: ali é possível estar num dos principais endereços do país, cuja cozinha é, no entanto... asiática. Ou bem mais asiática do que alemã.

Trata-se do Tim Raue (a casa tem o nome de seu chef e sócio), um lugar elegante e moderno, de ambiente nada oriental, situado perto de onde foi o histórico Checkpoint Charlie, passagem no muro de Berlim que separava as duas Alemanhas.

Detalhe pitoresco: após abrir o Tim Raue, em 2010, o chef e sua sócia, Marie-Anne Raue, transportaram um pedaço do antigo muro para a entrada de seu restaurante.

Editoria de Arte/Folhapress
MESA MÚNDI Tim Raue - Berlim (Alemanha)

O chef visitou o Oriente pela primeira vez aos 28 anos e ficou fascinado por seus sabores. Hoje, aos 43 anos, ele mistura as técnicas ocidentais com influências que vem recolhendo de cozinhas como chinesa, tailandesa e japonesa (e continua viajando, três ou quatro vezes por ano, para a região).

Seu cardápio traz pratos abertamente asiáticos, a começar pelos petiscos que aguçam o paladar no início da refeição, como picles japoneses, linguiça thai e castanha-de-caju condimentada, e entradas como dimsum (pãozinho chinês preparado no vapor, recheado com vieiras e servido com misso e ponzu -um molho cítrico com shoyo).

Com uma versão própria, é também clássico seu camarão estilo cantonês, envolvido em farinha de amido e frito na wok, coberto com marinada de maionese de wasabi e arroz verde frito, e servido com molho de caldo de peixe e manga.

As fusões são mais evidentes em dois pratos clássicos, um chinês, outro alemão.

No primeiro, sua interpretação do pato de Pequim –peito, pele crocante, caldo de pé de pato, servidos ao lado de terrine de fígado de pato (com picles de pepino, creme de gengibre e alho-poró, pó de pele de pato) e cozido de língua, coração e bucho de pato com melão e cogumelo.

No caso do clássico alemão, trata-se de um crocante joelho de leitãozinho servido com creme de mostarda japonesa, picles de gengibre e (único elemento dispensável, sem qualquer ligação com o prato) geleia de dashi.

À moda ocidental, uma refeição pode acabar com queijo francês –brie de Meaux em mousse com trufa negra, avelã, picles de uva e alface com molho de gergelim, pimenta vermelha e pele de topinambur (tubérculo). Depois, sobremesa como espuma de maracujá com pepino marinado em geleia e sorvete de tonka (semente aromática).

Os preços vão, nos menus fixos, de € 48 (R$ 180, no almoço) a € 198 (R$ 741, também há menu à la carte). Um lugar onde come-se bem, sentindo a diversidade de Berlim.

TIM RAUE
ONDE Rudi-Dutschke strasse 26, 10969, Berlim
SAIBA MAIS tim-raue.com


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