Com cinco cruzeiros já feitos, prestes a embarcar no sexto e com uma travessia do Atlântico já programada, a técnica de segurança do trabalho Simone Neves, 38, se diz "cruzeiromaníaca".
Ela aproveita suas corridas pela orla de Santos, onde mora, para fotografar navios ancorados e é uma das mais de 8.000 pessoas do grupo "Mundo dos Cruzeiros", no Facebook, onde troca informações sobre embarcações, rotas e atividades.
"Para mim, todo mundo tinha que viajar de navio uma vez na vida. São dias de princesa, é lindo, não há como não lembrar das cenas do 'Titanic'", diz. "Menos o final, pelo amor de Deus."
Na mesma cidade, Mariângela dos Santos, 34, divide o seu tempo entre o trabalho de auxiliar administrativa e a moderação do grupo na rede social. Seu primeiro cruzeiro, em 2011, foi um presente de aniversário. "A vida no navio é diferente da que você está acostumada", afirma.
Os grupos na internet também servem como preparação para a temporada. Passageiros que vão viajar daqui a meses criam páginas dedicadas a um navio ou a uma viagem para achar companheiros de bordo.
Foi o que fez a aposentada Jacqueline de Martino, 50, do Rio. Ela vai embarcar em um cruzeiro no Natal, e criou um grupo para o MSC Musica. "Tem gente que já embarca no dia 15 de outubro para a travessia [do Atlântico].
Quem vai primeiro mostra as fotos." Ela fará o quinto cruzeiro e não desembarca em todas as escalas. "Em Búzios, gosto de andar no barco que leva até a praia só para tirar foto do navio."
CASAMENTO
Com dez cruzeiros na bagagem, a fisioterapeuta Priscila Pitkanen, 31, de São José dos Campos, casou em abril a bordo do MSC Musica. "Eu nunca quis uma festa convencional, e gosto muito de cruzeiros. Também fiquei noiva em um", diz.
Após consultar as companhias, viu que a aventura sairia mais barata do que imaginava. Um pacote de casamento custa a partir de R$ 2.000. Ficou com medo de os convidados não toparem, mas afirma que aconteceu o contrário. "Gente que não convidei me perguntou se poderia ir." Ela reuniu 48 pessoas no navio.
Há, em média, seis casamentos por saída, segundo a Clia Brasil, que reúne empresas do setor.
EVENTOS
Cada convenção de revendedores da Polishop, rede de eletrônicos, reúne cerca de 4.000 pessoas. "É difícil encontrar um resort no Brasil que acomode todo mundo e tenha a estrutura que precisamos", diz o dono da marca, João Appolinário, que já usou hotéis e centros de convenções para seus eventos.
A saída adotada pela empresa nos últimos dois anos foi embarcar os revendedores em um cruzeiro de Santos para Búzios. Segundo ele, além de ser prática, a viagem de navio deixa a experiência mais agradável.
Gervasio Tanabe, diretor executivo da Abracorp (Associação Brasileira de Viagens Corporativas), diz que cruzeiros facilitam a logística dos encontros, porque há estrutura para apresentações e a alimentação é "all inclusive".
O problema, segundo ele, é que só eventos muito grandes conseguem fechar um navio inteiro. E, se o encontro for pequeno, a empresa pode ter dificuldades para negociar tarifas com a companhia.
"Os cruzeiros deveriam fazer um trabalho mais forte de divulgação, e as empresas precisam mudar a cultura e começar a pensar nessa alternativa", afirma Tanabe.
Outro porém é que a temporada no Brasil é curta –vai do fim de novembro até abril. Quem quer fazer eventos fora dessa época tem que ir para o exterior.
"No Caribe e na Europa existem embarcações de muitas categorias, da mais popular à exclusiva. As viagens são usadas principalmente para premiar funcionários", diz Marcia Franco, gerente de vendas da Globallis, agência especializada em viagens corporativas.
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55%
dos brasileiros que fizeram cruzeiros na última temporada são do Estado de São Paulo e 16% são do Rio de Janeiro
80%
dos navios da temporada 2016-2017 saíram da cidade de Santos (SP)
87%
dos passageiros de cruzeiros brasileiros pretendem fazer outra viagem de navio
53%
dos cruzeiristas da temporada passada fizeram uma viagem pela primeira vez
Fonte: Clia Brasil