Folha de S. Paulo


Cidade submersa renasce com mirtilo e tirolesa gigante em Santa Catarina

Mirtilo na sobremesa, na cerveja e até no banho. Quem visita Itá, cidade com cerca de 7.000 habitantes no oeste de Santa Catarina (a cerca de 520 quilômetros de Florianópolis), vai poder se esbaldar com a blueberry brasileira.

Há mais pés da fruta do que pessoas no município, que já é um dos maiores produtores do mirtilo no país –uma única propriedade pode ter mais de 30 mil pés.

Mas o 'superalimento' da moda, desses que supostamente desaceleram o envelhecimento e previnem doenças, não é a única coisa em abundância ali. Há muita água e resquícios de um passado recente. A antiga sede de Itá foi submersa pelas águas do rio Uruguai para a construção da barragem de uma hidrelétrica no início dos anos 1990 e renasceu, em seguida, no alto de uma montanha.

Essa fênix catarinense ganhou, então, um lago que ocupa uma área de cerca de 140 mil metros quadrados. Com mais água, a região ficou ainda melhor para as plantações de mirtilo.

COLHA E PAGUE

Uma das empresas especializadas na produção do fruto, a Itaberry, próxima ao lago, vende o mirtilo e cerca de 40 produtos derivados dele, como biscoitos, geleias e até uma cerveja que o leva na fórmula, no Empório do Mirtilo.

Durante a época de colheita, que vai de setembro até dezembro, geralmente, é possível visitar a propriedade na modalidade "colha e pague": pagando R$ 25 pode-se passar o dia pegando a fruta do pé e comendo ali mesmo.

Da cidade velha restam as duas torres da antiga igreja, que despontam da água em uma das beiradas do lago. A construção deveria ter sido demolida. Mas, contam os moradores, a estrutura não cedia facilmente.

O temor da fúria divina e um plebiscito ajudaram a manter o prédio de pé, na parte inundada. Um passeio de barco no fim da tarde, ao custo de R$ 50 por pessoa, chega pertinho das torres.

O resort Itá Thermas, com piscinas de águas termais naturais, é o maior da cidade. É no spa que o visitante encontra o banho de mirtilo (R$ 132), feito com cosméticos à base da fruta, produzidos por uma empresa local. Para acompanhar, suco e uma porção generosa da blueberry.

Outras opções de hospedagem são o Itá Park Hotel, que fica de frente para o parque aquático municipal –a ser reaberto em dezembro–, e a propriedade Família Quadros, que abriga ainda vinícola e cachaçaria.

As geleias de mirtilo feitas na propriedade são causa comum de excesso de bagagem no aeroporto de Chapecó, o mais próximo de Itá (a cerca de 65 quilômetros).

AVENTURA

Entre as atividades que mais atraem turistas até a região (foram quase 100 mil visitantes apenas em 2016) está a tirolesa gigante, com 1,7 quilômetro de extensão.

Por R$ 50 o visitante pode voar desde o centro da cidade nova e atravessar o lago, por cima da cidade antiga.

Ela é parte do Eco Parque, que ocupa uma encosta entre as partes baixa e alta da cidade. O local, antes degradado, foi recuperado para dar espaço a uma floresta com espécies nativas.

Ali também é possível praticar arvorismo (R$ 40 por pessoa) em uma pista com cerca de 200 metros.

O jornalista viajou a convite do Grupo Eco&Eco


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