Folha de S. Paulo


Roteiro pelo centro histórico de Nápoles tem vista para o mar

Quando a personagem Lenu termina o ensino fundamental e se prepara para entrar no Liceu, nos livros de Elena Ferrante, os limites do bairro se atenuam. O passeio que faz com seu pai para conhecer o caminho até a nova escola é um itinerário por todo o centro de Nápoles.

Ao chegar à praça Garibaldi, o pai lhe mostra as obras da estação de metrô moderníssima que será construída no local. A enorme estrutura de aço e vidro está pronta e, antes de se descer a infinidade de escadas rolantes que levam à plataforma da linha 1, guichês vendem excursões para o Vesúvio ou Pompeia.

Mas a viagem aqui é outra. Seguindo Lenu, toma-se o caminho da avenida Giuseppe Garibaldi em direção à rua Foria. Na rua fica o Jardim Botânico, onde ela, em crise de adolescente e de identidade, cabulava aulas, fugindo do calor e do barulho da cidade.

Atrás do Jardim fica a Hospedaria Real para os Pobres de Nápoles, construída pela dinastia Bourbon no século 18 e, algumas ruas abaixo, em direção ao centro, o Liceu Clássico Garibaldi, onde Lenu continuou seus estudos.

Depois de conhecer sua futura escola, ela e o pai voltam à rua Foria, seguem até o Museu Nacional e entram no centro histórico pela rua di Constantinopoli.

Descendo pela rua, chega-se então à Port'Alba, onde Lenu comprava livros usados. A rua, que conserva sebos e bancas de livros, revistas e jornais antigos, desemboca na praça Dante.

Dali, o caminho segue pela rua Toledo, cheia de lojas, cafés e sorveterias, como as que Lenu, Lila, Pasquale, Carmem iam de vez em quando (não está no livro, mas o sorvete artesanal da Gayodin, casa fundada no século 19, é maravilhoso).

Pela via Toledo, pode-se ir à praça Municipio, onde trabalhava o pai de Lenu, depois ao Palácio Real, com sua Biblioteca Nacional, frequentada pela personagem, e finalmente, ao mar.

Ali também fica a praça Martiri e o obelisco rodeado por leões de pedra representando patriotas napolitanos. Nessa praça os personagens dos irmãos Solara abriram a loja para vender sapatos desenhados por Lila e produzidos pelo pai e o irmão dela.

Há uma loja de sapatos na praça, só que da grife Ferragamo. Seu criador, Salvatore Ferragamo (1898-1960), nasceu em Bonito, cidade que fica a 70 km de Nápoles.

Nas imediações, nas ruas Mille e Chiaia, circula gente rica e bem vestida, como o pessoal que, no livro, se envolveu em uma briga com Rino Cerullo e Pasquale Peluso quando, ao lado de Lina, Lenu e Carmen, eles saíram do bairro para tomar um sorvete na parte rica da cidade.

A volta ao centro histórico, seguindo os passos dos personagens, pode ser feita pela avenida Umberto 1, chamada no livro e por napolitanos de Retifillo. É uma rua comercial, onde amigos do bairro iam comer pizza e onde Lina comprou seu vestido de noiva.

E a via Mezzocanonne, travessa da Retifillo, é onde ficava a livraria na qual Lenu trabalhou durante as férias. Hoje só há papelarias, mas o prédio da Universidade de Nápoles continua lá.


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