A faixa estreita e comprida que forma a ilha de Comandatuba, no município baiano de Una, a sudeste do Estado, guarda um recorte da biodiversidade da região.
Os 25 km de extensão de terra mesclam paisagens diversas: do lado oceânico, coqueirais se espalham por uma praia quase deserta; do outro, a mata fechada do manguezal contorna o canal de água salobra e escura que separa o local do continente.
O movimento está quase todo concentrado no resort Transamérica, que ocupa cerca de um quinto da ilha.
Do hotel, é possível contratar passeios pela região, como conhecer um trecho do mangue –vegetação que cobre 95% da área continental da ilha– guiado por um biólogo. A visita sobre uma passarela, dentro do terreno do resort, dura cerca de uma hora (R$ 10 por pessoa) e há opções voltadas para crianças.
As explicações passam pela vegetação e pela fauna, que reúne crustáceos, micos e aves, caso do savacu-de-coroa, pássaro de pescoço comprido que faz seus ninhos em galhos de manguezais.
Em outro passeio, no sul da ilha, ainda é possível banhar-se na lama negra do manguezal, a qual são creditados poderes medicinais.
Mas uma das paisagens mais deslumbrantes é a da Barra Norte, no extremo do arquipélago. Ali, as águas do mar e do canal se encontram, formando bancos de areia e pequenas piscinas na maré baixa. Dá para chegar de buggy ou lancha e, a depender da época do ano, avistar desovas de tartarugas na areia.
DO LADO DE LÁ
Saindo da ilha, de balsa ou barco, chega-se à vila de Comandatuba, pequeno povoado cuja subsistência está diretamente ligada ao resort (muitos moradores são funcionários do estabelecimento) e que não oferece grandes opções ao turista.
Mas dali tem-se acesso a outros atrativos da região. O ideal é contratar passeios com guias ou no próprio hotel, já que o transporte não é dos mais acessíveis (há ônibus de linha que passam num intervalo de duas horas).
A 43 km ao sul está Canavieiras, cidade conhecida por suas ilhotas e construções históricas. Ao norte, a 158 km, encontram-se as belezas naturais litorâneas de Itacaré. Mais perto, a 78 km ao norte de Comandatuba, fica Ilhéus, famosa pelos romances de Jorge Amado (1912-2001), por seu acervo cultural e pelo histórico cacaueiro.
O cacau, por sinal, é outro atrativo da região. Sinônimo de riqueza de muitos coronéis a partir do século 19, o fruto sofreu nos anos 1980 ataque da praga vassoura-de-bruxa. O fungo assolou plantações e levou famílias à falência. Somente há dois anos a Bahia conseguiu retomar as exportações de cacau, principal produto do sul do Estado.
Hoje busca-se uma variedade de espécies nas plantações. O cacau é um fruto que requer sombra e é geralmente plantado sob os galhos de seringueiras ou bananeiras, modalidade chamada de consorciada, ou ainda da mata atlântica nativa, prática conhecida como cabruca.
Algumas fazendas oferecem visitas a turistas, como a Bom Jesus, área de 40 hectares em Una. Saindo da ilha de Comandatuba (R$ 120 por pessoa ou R$ 600 o carro privativo) leva-se cerca de quatro horas num passeio singelo, mas bastante instrutivo.
Visita-se o plantio (é bom usar repelente na mata fechada) e a secagem dos grãos que serão vendidos para a produção de chocolate.
Ali é produzido um licor da fruta (R$ 30) e o chamado mel de cacau, sumo bastante adocicado servido como bebida. Este é congelado e exportado principalmente para o Sudeste do país.
TURISMO NA ILHA GIRA EM TORNO DE RESORT DE LUXO
A vida de Comandatuba gira em torno do resort Transamérica. Inaugurado em 1989, o complexo ocupa cerca de um quinto da ilha e mantém estrutura de portos, no continente e no arquipélago, além de contar com um aeroporto de administração privada, em Una, município onde está localizado o destino.
A pista do aeroporto é maior (2.000 metros) do que a do vizinho de Ilhéus (1.477 metros) e opera voos particulares e fretados, servindo majoritariamente aos hóspedes do hotel, localizado a dez minutos de distância. No mês de agosto, diárias saem a partir de R$ 915, para dois adultos e duas crianças, com meia pensão.
Ao pousar em Una, o visitante nem chega a pegar a sua bagagem, que fica aos cuidados de funcionários do resort. A partir do desembarque, segue-se para um ônibus e depois para a balsa que cruza o canal até a ilha.
No porto há uma pequena recepção com música baiana, fitinhas do senhor do Bonfim e água de coco. Depois continua-se via "trenzinho" (uma espécie de carrinho de golfe com alguns vagões acoplados) até a recepção do resort.
Ali, a mala é somente avistada. Ao fazer o check-in, o hóspede a identifica –mas só volta a vê-la já dentro do quarto.
SEGURANÇA
Há no hotel uma sensação presente de segurança, mas também de que seu paradeiro está sendo vigiado a todo momento. Para cruzar o canal até o continente, é preciso informar sempre a recepção do hotel, que cuida das barcas.
Ao chegar do outro lado, na vila de Comandatuba, um "guia" (morador do local) espera pela chegada do hóspede para recepcioná-lo e fazer um tour na região. Sempre acompanhado do funcionário.
O resort, que recebe sobretudo famílias e um público mais velho, tem estrutura que se estende do lado continental ao oceânico da ilha.
Além da praia privativa, a propriedade conta com piscinas, material para esportes náuticos, área para crianças, campo de golfe e spa da marca L'Occitanne, que foi reaberto em dezembro passado.
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PASSEIOS
Para explorar a área a pé, com carro ou barco
Passarela dos Caranguejos
Visita com biólogo ao mangue
Quanto: R$ 10 por pessoa, com duração de uma hora
Lama Negra
Passeio de lancha ou buggy até o sul da ilha com banho de lama do mangue
Quanto? R$ 50 (criança) a R$ 150 (adulto de bug), com duração de uma hora e meia e duas horas
Barra Norte
Encontro entre as águas do canal e do mar
Quanto: Preço sob consulta, com duração de uma hora
Fazenda de Cacau Bom Jesus
Visita à propriedade e às suas plantações
Quanto: R$ 120 por pessoa, ou R$ 600 o carro privativo, com duração de quatro horas
CITY TOUR
Ilhéus
R$ 150 por pessoa ou R$ 800 o carro privativo, com duração de sete horas
Canavieiras
R$ 130 por pessoa ou R$ 700 o carro privativo, com duração de cinco horas
Itacaré
R$ 250 por pessoa ou R$ 1.000 o carro privativo, com duração de oito horas
A jornalista viajou a convite do hotel Transamérica Comandatuba