Folha de S. Paulo


Resort no Chile ensina esquiadores iniciantes a cair com dignidade

A primeira vez em uma pista de esqui pode causar assombro, deslumbramento e alguns hematomas.

Se a estação for a Valle Nevado Ski Resort, a maior do Chile, que fica na região metropolitana de Santiago, o visitante pode ainda desfrutar dos cerca de 40 quilômetros de pistas para esqui e snowboard, além do nascer e do pôr do sol sobre os Andes cobertos de neve –motivo certo de deslumbramento.

A chegada é um espetáculo, principalmente se as pistas estiverem abertas, entre as 9h e as 17h, quando dezenas de figuras agasalhadas deslizam na imensidão branca ou sobem e descem pelos 16 teleféricos. Faz você acreditar que também consegue.

Mas para apreciar essa vista é preciso passar por uma estrada estreita, íngreme e sinuosa. Alguns contam 60 curvas até Valle Nevado.

O caminho começa na parte baixa do bairro Lo Barnachea e passa pelo parque natural Yerba Loca e pela estação de esqui Parques de Farellones, opções de parada para quem não tem pressa e quer minimizar os efeitos da mudança brusca de altitude.

Apesar da grande quantidade de turistas que sobem os 2.500 metros de montanha entre a parte urbana da capital chilena e o Valle Nevado –brasileiros são metade destes–, a estação funciona desde 1988 principalmente para atender atletas do gelo. Sua estrutura confirma isso.

Duas escolas com quase 150 professores de esqui e snowboard atendem tanto os hóspedes de um dos três hotéis do complexo quanto quem vai a Valle Nevado para passar um dia nas pistas.

As aulas, que duram cerca de duas horas, são dadas para grupos de quatro a dez pessoas. O resto é prática e muita insistência.

Nas primeiras horas tudo que um iniciante pode desejar é cair com dignidade –nem todos conseguem.

O curso básico de esqui sai por 24 mil pesos chilenos (R$ 119), e o de snowboard, 26 mil pesos (R$ 129). O aluguel de equipamentos para iniciantes dos dois esportes custa 45 mil pesos (R$ 222).

As crianças, em geral, aprendem com facilidade. Há aulas só para elas, em turmas divididas por idade. Nos fins de semana, a 'parte infantil' das pistas fica cheia.

Para quem já sabe esquiar, o dia na estação com aluguel de equipamento e almoço no restaurante Bajo Zero, um fast-food no meio das pistas, custa 75 mil pesos (R$ 370).

Se a visita for só para observar e brincar na neve não é preciso pagar ingresso, mas uma água ali pode chegar a custar 2.700 pesos (R$ 14).

Os hóspedes do complexo de Valle Nevado têm o acesso livre às pistas. A programação para quem fica no resort inclui festas com DJ na área da piscina aquecida (cheia no fim da tarde) e baladas no bar do hotel Tres Puntas quase todas as noites.

Os restaurantes são um consolo em meio aos tombos. São cinco ao todo, que oferecem pratos de cozinha internacional, como a italiana e a francesa –a gastronomia chilena, no entanto, acaba ofuscada. As refeições custam, em média, 15 mil pesos (R$ 74).

Na estação, o português é tão falado quanto o espanhol. O resort chegou a consultar um antropólogo brasileiro para entender o comportamento dos turistas. Hoje, pão de queijo, caipirinha e MPB não faltam em Valle Nevado.

ALTITUDE E CLIMA SECO

Altitude de 3.000 metros acima do nível do mar, clima seco, frio e muito sol podem atrapalhar as férias de quem visita a estação de esqui de Valle Nevado.

Quanto maior a altura, menor a quantidade de oxigênio disponível, explica o pneumologista Humberto Bogossian, do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo.

"Com menos oxigênio algumas pessoas podem ter dor de cabeça, enjoo, moleza e sensação de falta de ar", diz Bogossian.

A recomendação do médico é fazer a subida devagar e dar tempo para o corpo se acostumar com a nova condição antes de encarar as pistas de esqui.

"Também é importante melhorar o condicionamento físico antes da viagem", afirma. Mesmo com todos os cuidados o corpo pode levar até uma semana para se adaptar.

O ar seco pode causar ardência no nariz e boca seca. Para driblar os problemas, Bogossian recomenda ingerir bastante água, deixar um umidificador de ar ligado –hotéis têm o equipamento– e usar soro fisiológico no nariz.

Mesmo com o frio, o sol pode queimar a pele. Por isso, protetor solar deve ser item básico para quem vai fazer o passeio. Roupas quentes também. As peças podem ser alugadas na estação –o traje para adultos custa 29 mil pesos chilenos (R$ 142).

O jornalista viajou a convite do Valle Nevado Ski Resort


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