Folha de S. Paulo


Boi Caprichoso canta o imaginário caboclo e vence o festival de Parintins

Não teve bi. O Garantido mexeu com a sua galera (torcida), mas o Caprichoso mexeu mais e, além disso, agradou mais aos jurados do 52º Festival Folclórico de Parintins.

A agremiação conquistou assim, nesta segunda-feira (3), o seu 22º título. Com o tema "A Poética do Imaginário Caboclo", a turma do azul evitou que os vermelhos do Garantido se distanciassem na disputa que divide toda a população de Parintins e de quase todo o Amazonas.

O Festival Folclórico de Parintins surgiu oficialmente em 1965, para institucionalizar uma disputa entre os dois grupos de boi-bumbá que havia na região. O enredo, com algumas adaptações locais, é o mesmo do herdado do Maranhão, que gira em torno da história da ressurreição de um boi.

Grávida e desejosa de comer língua de boi, Catirina pede ao marido, Pai Francisco, que mate um dos animais do patrão. O marido atende ao pedido e mata o bicho para tirar-lhe a língua. O patrão se enfurece, mas Francisco, com a ajuda de curandeiros (na versão amazônica, um pajé), consegue ressuscitar o boi.

Realizada em seus primórdios na quadra da catedral de Nossa Senhora do Carmo, a disputa ganhou em 1988 um lugar próprio para se desenrolar: o bumbódromo, local que abriga quase 20 mil pessoas, divididas entre o azul e o vermelho.

Durante a disputa, os dez juízes avaliam 21 itens, como o levantador de toadas (o ritmo musical), a batucada (assim chamada no boi Garantido) ou a marujada (no boi Caprichoso), o ritual indígena e a coreografia.

Nos três dias do evento, realizado anualmente no último fim de semana de junho, Parintins transforma-se e vê sua população, de cerca de 110 mil habitantes, praticamente dobrar.

O que se vê pelas ruas é uma festa em azul e vermelho.

O jornalista viajou a convite da organização do evento


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