Folha de S. Paulo


Após críticas, SeaWorld deixa shows com orcas e golfinhos mais educativos

Montanha-russa com óculos de realidade virtual, espetáculos mais educativos e show com bolhas de sabão estão entre as novidades do SeaWorld de Orlando para a temporada das férias.

O grande destaque é a Kraken Unleashed, inaugurada neste mês. Não se trata de uma nova montanha-russa, mas de uma nova experiência: os visitantes podem agora embarcar na Kraken, lançada em 2000, com um óculos de realidade virtual e "mergulhar" em uma aventura no fundo do mar.

O trajeto e a velocidade da montanha-russa, que tem sete inversões e chega a 105 quilômetros por hora, não mudaram. Já a entrada da atração passou por reforma, ganhando cores vibrantes, e foram colocadas bolsas para guardar os óculos em frente aos assentos. A atração estava fechada desde abril para reformas.

Quem não é fã da tecnologia e faz questão de andar no brinquedo de olhos bem abertos pode ficar tranquilo: o uso do óculos é opcional.

A nova tecnologia dá mais trabalho: antes de cada volta, funcionários do parque higienizam os óculos e gastam alguns minutos colocando as "máscaras" nos visitantes. Para acelerar o processo, a equipe de ajudantes foi reforçada. Mas, ao menos na fase inicial, os visitantes acabam esperando mais na fila.

A reportagem testou a novidade, que parece um simulador com uma dose extra de adrenalina. Durante o percurso, o turista nada em meio a seres marinhos, é "puxado" para dentro de um vulcão e cruza no caminho com a Kraken, polvo mitológico gigante. O foco do vídeo pode ser ajustado, mas quem tem miopia não pode se esquecer das lentes de contato.

"Sempre há alguma coisa, seja um golfinho ou um submarino, para chamar a atenção e garantir que a pessoa olhe na direção certa, alinhada com as voltas da montanha-russa", diz Erik Essig, gerente de design de experiências da companhia.

O passeio deixa a desejar em alguns aspectos. Os óculos embaçam com facilidade, o que pode comprometer a visualização do vídeo. O acessório também não é confortável –aperta bastante o nariz.

Os entusiastas de montanhas-russas podem achar a experiência pouco radical. Já quem não gosta desse tipo de atração conhece a Kraken em uma versão mais "leve".

Segundo Essig, a realidade virtual deve ser levada a outras atrações do SeaWorld –o parque de San Diego será o próximo a adotá-la.

ATRAÇÕES ANIMAIS

As atrações com orcas e golfinhos também passarão por mudanças, como resposta às polêmicas surgidas após o lançamento de "Blackfish" (2013), documentário que conta a história da baleia Tilikum, morta em janeiro deste ano, e mostra ex-treinadores do parque denunciando maus-tratos aos animais.

Há cerca de dois anos, a companhia anunciou que transformaria os espetáculos em ações educativas. Começaram com os golfinhos: em abril deste ano, teve início o show "Dolphin Days", no lugar do "Blue Horizons", que ficou em cartaz por 11 anos no SeaWorld.

Ainda há acrobacias e entretenimento, mas agora os treinadores falam também sobre hábitos dos animais.

Já o "One Ocean", com as orcas, será transformado em "Orca Encounter" até 2019 no parque de Orlando –em San Diego, foi lançado em maio.

"A maior diferença é o elemento teatral. O show será uma extensão do comportamento natural das baleias, com menos ênfase nas coreografias e na música", explica Craig Thomas, gerente do Shamu Stadium, onde o espetáculo é realizado.

O cenário também passará por mudanças, ganhando quedas-d'água e pedras para deixá-lo mais "natural".

"Trabalhamos com reforço positivo. As baleias decidem se vão fazer o que pedimos. Se não quiserem, tudo bem", explica Aimée Jeansonne Becka, vice-presidente de relações públicas do SeaWorld.

Hoje, há 29 orcas nos parques do SeaWorld. O número será reduzido ao longo das próximas décadas: em 2016, a empresa anunciou que não criaria mais orcas em cativeiro. A última delas nasceu em abril deste ano.

Becka lamenta a decisão: "Acreditamos na importância dos aquários. Ao verem os animais, os turistas passam a se importar com eles".

"É muito triste pensar que, em 40 anos, haverá uma geração de crianças que só terão visto orcas em celulares e ipads", completa Thomas.

Há outras novidades para o verão americano. O recordista do "Guinness Book" Fan Yang se apresenta no espetáculo "Pop Bubble Show", em que faz performances com bolhas de sabão. Já o festival Electric Ocean, realizado até 5 de agosto, tem DJs, artistas circenses e um show de fogos de artifício no encerramento.

A jornalista viajou a convite do SeaWorld Parks & Entertainment


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