Folha de S. Paulo


Vinícolas e praias na Nova Zelândia podem ser exploradas de bike

Além de ostentar o rico conjunto art déco e o aquário, Napier é excelente base para bate-voltas pela região da baía de Hawke. Em curtas viagens de 20 a 30 quilômetros é possível conhecer vinícolas, passear de bicicleta sem precisar suar o selim, experimentar produtos de uma grande feira orgânica e ver o mar de uma linda cadeia de montanhas.

A baía de Hawke é a segunda região vinícola do país, ainda que produza fração do vinho de Marlborough, na ilha Sul, de onde sai 90% dessa bebida. Mas nas vizinhanças de Napier, em Hastings, Clive e outras cidades, a paleta é mais diversificada. Se em Marlborough o sauvignon blanc é presença esmagadora -85% de todo vinho neozelandês exportado é desse varietal-, na baía de Hawke as estrelas são as uvas branca chardonnay e tintas syrah, cabernet sauvignon e merlot.

Com arquitetura contemporânea que beira o minimalismo, a vinícola Elephant Hill se estende por uma paisagem daquelas em que sonhamos ser esquecidos.

Se não quiser participar de uma degustação, experimente os vinhos da casa harmonizados com os pratos de carne ou frutos do mar do restaurante. O local é tocado pelo alemão Andreas Weiss, que é casado com uma brasileira e viveu em São Paulo no fim dos anos 1990. "Creio que a qualidade dos vinhos da região se deve ao cuidado manual e à pequena escala", diz.

A reportagem da Folha chegou à vinícola de bicicleta -uma moderna Scott. Ela pode ser alugada, assim como o serviço de guia, pelo site takarotrails.co.nz.

Pedalar é coisa séria na Nova Zelândia: cada região vem desenvolvendo grande malha cicloviária, embora ainda não se possa atravessar o país sem usar trechos de estradas convencionais. A Takaro Trails tem passeios de 110 a 240 quilômetros pela baía de Hawke, quase sempre por trilhas exclusivas para ciclistas.

Embora faça mais sentido para quem vive lá, visitar o Farmer's Market nas manhãs de domingo é garantia de encontrar alimentos vendidos direto pelo produtor -de aspargos a queijo de cabra, do pão artesanal ao café orgânico moído na hora e servido em máquinas de expresso.

Pode ser boa ideia tomar o café da manhã por lá -omelete com funghi é um hit- antes de subir ao Te Mata Peak, a 12 quilômetros dali. Embora a estrada de asfalto praticamente atinja o cume de 399 metros, muitos preferem ir de bicicleta ou caminhando.

Lá de cima é possível divisar toda a região, das pedras do vizinho cabo Kidnappers, local de um campo de golfe que se estende por sobre os rochedos e também habitat de uma espécie de ganso, o patola, hábil em mergulhar para pegar peixes no mar. De lá também dá para ver Napier e os vinhedos.

Lendas animistas dos maoris, os habitantes originais da Nova Zelândia, explicam o formato do Te Mata Peak -assim como de tantas outras montanhas pelo país. Aqui, ele assume o corpo de um gigantesco índio curvado (o "sleep giant"). Reza a lenda que, para apaziguar tribos rivais, teve de cumprir tarefas dignas de Hércules. Uma de suas missões era comer parte daquelas montanhas para facilitar a movimentação das pessoas.

Perto da metrópole, ilha parece paraíso tropical

A vegetação é copiosa, os caminhos são sinuosos, morros se elevam e despencam a todo momento e as praias são enseadas. Se Ilhabela ficasse em Taboão da Serra ou em Perus, e não a 200 km de São Paulo, talvez a comparação pudesse fazer mais sentido. Afinal, Waiheke está muito perto de Auckland, a grande metrópole neozelandesa.

Basta pegar uma balsa no waterfront de Auckland e em 40 minutos o turista chega à baía de Matiatia, na ponta oeste da ilha.

Com cerca de 90 quilômetros quadrados de área, Waiheke é quatro vezes menor do que Ilhabela, mas guarda semelhanças no conjunto de praias mansas, nos muitos mirantes de onde é possível avistá-las e até na extensão da malha cicloviária, aquém do desejável.

Mas o valor agregado do vinho, que aqui encontra um microclima sem temperaturas extremadas e um solo apropriado -o que os especialistas chamam de terroir-, faz de Waiheke algo mais do que mais um balneário bastante bom para serviço público, na arguta expressão do escritor Tom Wolfe.

Destino "imperdível" segundo o guia "Lonely Planet", a ilha tem 25 propriedades que produzem 13 tipos de uvas viníferas. Syrah, merlot e a branca pinot gris são as mais presentes.

DEGUSTAÇÃO

Logo na saída da balsa é possível alugar bicicletas a NZ$ 35 (cerca de R$ 84), mas as subidas são um fato a considerar. Um passe para um dia de ônibus, com viagens ilimitadas, sai mais barato: NZ$ 10 (cerca de R$ 24). Dá ainda para contratar passeios que incluem degustação em três ou quatro vinícolas.

De bicicleta e sob um frio que me impossibilitava de tirar as luvas, zanzei pela ilha até encontrar, naquela manhã de domingo, a vinícola Obsidian, uma das mais celebradas dali por conseguir bons resultados com varietais mediterrâneos como o tempranillo. O syrah me pareceu bastante apreciável, mas o horário em que eu cheguei à vinícola, por volta das 11h30, pareceu afrontar algum decoro local.

Se quiser ter uma visão mais completa da produção de toda a ilha, uma ideia é passar na loja Waiheke Wine Centre, em Oneroa, a um quilômetro da balsa.

Nova Zelândia

O jornalista viajou a convite do Turismo da Nova Zelândia

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PACOTES PARA A NOVA ZELÂNDIA

US$ 1.698 (R$ 5.855)
Pacote para quatro noites em Napier, com aéreo. Valor por pessoa em quarto duplo. Sem alimentação e passeios inclusos. No Submarino Viagens: submarinoviagens.com.br

R$ 6.076
Cinco noites em Napier, com aéreo e café da manhã inclusos. Valor por pessoa mais taxas. Válido para o período de 6 a 17 de agosto. No Decolar: decolar.com

US$ 2.096 (R$ 6.945)
Sem aéreo, o roteiro de sete noites passa por Napier, Martinborough, baía de Hawke e Wairarapa. Inclui aluguel de carro, café da manhã e dois jantares, com bebidas. Pacote válido até 24 de setembro. Na Queensberry Viagens: queensberry.com.br

U$ 2.110 (R$ 6.992)
Roteiro de 15 noites, com locação de carro, para Auckland, Pauanui, Rotorua, Napier, Nelson, Punakaiki, Franz Josef, Queenstown, Te Anau, Dunedin e Christchurch. Valor por pessoa, até abril de 2018. Sem aéreo. Na Adventure Club: adventureclub.com.br

US$ 2.948 (R$ 9.769)
Valor por pessoa para roteiro de oito noites por Auckland, Rotorua, Lake Tekapo, Wanaka e Queenstown. Inclui hospedagem, traslados e passeios e guia local em português nos destinos. Na CVC: cvc.com.br

US$ 3.316 (R$ 10.988)
Preço por pessoa para roteiro de 14 noites por Auckland, Taupo, Napier, Martinborough, Nelson, Fox Glacier e Queenstown. Inclui hotéis, café da manhã (exceto em Martinborough), 12 diárias de locação de veículo automático e voo de helicóptero sobre as geleiras em Fox Glacier. Aéreo apenas de Queenstown para Auckland. Na Kangaroo Tours: kangaroo.com.br

US$ 5.750 (R$ 19.054)
Roteiro de 12 noites por Auckland, Matamata, Rotorua, Christchurch, Lake Tekapo, Wanaka, Queenstown, Milford Sound, Franz Josef, Greymouth, Punakaiki e Kakoura. Inclui café da manhã e cinco refeições. Apenas aéreo de Rotorua para Christchurch. Na Abreu: abreutur.com.br


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