Folha de S. Paulo


Itália abriga museus que exibem de torneiras a 'almas do purgatório'

Quando se pensa em museu na Itália, a primeira coisa que pode vir à cabeça são as esculturas de Bernini ou as obras de Leonardo da Vinci. No entanto, é possível também visitar exposições com temas não tão artísticos assim pelo país.

Em Cagliari, por exemplo, está instalado o Museu da Faca da Sardenha, que conserva o objeto como uma verdadeira obra de arte. É possível encontrar facas com puxadores com formatos de veado, javali ou águia e com lâminas de dimensões e amolação diversas. Mas uma das maiores atrações é a faca mais pesada do mundo, com 295 quilos, criada por Paolo Pusceddu.

Já o Museu do Papiro, em Siracusa, promete um passeio por diversas épocas, com manuscritos faraônicos, demóticos e hieráticos, além de utensílios e materiais utilizados para escrituras, como almofarizes, pilões, paletas e pincéis.

Durante a visita é possível acompanhar lições bem didáticas sobre o tema e o trabalho, ao vivo, em papiros.

Do papel para a água, com o Museu da Torneira, localizado em Novara. Em tempos de crise hídrica, o espaço propõe uma abordagem da relação do homem com a água.

Sobre as torneiras propriamente ditas, lá é possível conhecer os mais curiosos truques do setor hidráulico.

Continuando nas referências aquáticas, ou algo parecido, o Museu do Guarda-Chuva abriga objetos raros, provenientes da China e do Egito, incluindo relíquias do século 13. Entre dados enciclopédicos de uma das profissões mais antigas do mundo (do fabricante de guarda-chuva), o museu também conta a história de seu primo de verão, o guarda-sol.

Bem ao nordeste da Itália, em Trieste, o Museu do Vento ensina a medir a velocidade do vento ou a admirar uma bucólica rosa dos ventos. Estudos relacionados ao fenômeno da energia eólica e curiosidades sobre a bora (um vento violento que sopra no mar Adriático) também estão na pauta da visita.

Mas se você estiver em Roma e ficar meio cansado de Coliseu, imperadores, galerias etc., a solução pode ser o Museu das Almas do Purgatório. O local abriga a bizarra coleção do padre Jouet que, após um incêndio, encontrou algumas imagens de rostos sofrendo nas paredes.

Manuscritos e ilustrações supostamente deixados pelos espíritos testemunham o sofrimento das almas, que desejavam ultrapassar o limbo e voltar à vida. Indicado aos fãs do sucesso "Ghost".

Mais ao norte, em Milão, as culturas ocidentais e orientais se encontram no Museu do Bonsai, que abriga a única exibição permanente de bonsai no mundo.

Outras plantas exuberantes podem ser vistas no interior do local, além de vasos e livros antigos da arte milenar popularizada pelo senhor Miyagi, o personagem de Pat Morita nos filmes "Karatê Kid".

Claro que em um país conhecido pelos excelentes vinhos não poderia deixar de existir uma instituição dedicada ao... abridor de vinho. Aberto em 2006, em Barolo, o Museu do Abridor de Vinho contém mais de 500 peças –e dá para degustar um Barolo ao final da visita.

Em Bolonha, amantes de videogames do passado e do presente dão as mãos no Museu do Fliperama, com mais de 400 máquinas de jogos.

Mas nenhum dos templos acima são tão inusitados quanto o Museu do Cocô, em Piacenza. O espaço, inaugurado em 2005, foi idealizado por empreendedores do setor agrícola, que analisaram a importância das excreções.

Apesar do nome, o museu trata da matéria com seriedade e inclui uma seção dedicada à excreção na literatura.


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