Folha de S. Paulo


Aurora boreal é 'pepita de ouro' para buscar no norte do Canadá

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Aurora Borealis, Dempster Hwy. area ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Aurora boreal na região de Whitehorse, no norte do Canadá

No fim do século 19, jazidas reluzentes de ouro atraíam forasteiros para o então inóspito território de Yukon, no extremo norte do Canadá. Hoje, um tipo diferente de brilho arrasta curiosos para esta região de fronteira com o Alasca -ainda que seja tão difícil de achar quanto as cobiçadas pepitas douradas.

É a aurora boreal, formada por luzes coloridas que parecem dançar no céu, algo típico de países do hemisfério Norte. Em linhas gerais, este fenômeno natural ocorre devido a ventos solares carregados de partículas de energia que se chocam com átomos da atmosfera.

A cidade de Whitehorse, que mantém bares, shows de cancã e arquitetura de Velho Oeste da época do ouro, concentra os passeios turísticos de Yukon para caçar as luzes, entre as 22h e as 2h.

Além de gorro, luvas e meias de frio, é bom levar na mala uma boa dose de paciência. Só na terceira e última noite em claro a reportagem conseguiu ver as "luzes do norte", uma experiência de fato surpreendente, mágica.

A primeira tentativa aconteceu com o grupo Arctic Range Adventures, que pegou os turistas no hotel e os levou para um campo coberto de neve afastado uns 20 minutos da cidade. A temperatura era de -5ºC, com sensação de -10ºC, mas as roupas especiais aguentam bem o tranco (a empresa aluga pacote de calça, botas e jaqueta por R$ 232 por dois dias).

Ao chegar, os visitantes preparam logo suas máquinas fotográficas nos tripés disponíveis e fazem os ajustes certos, com a ajuda preciosa dos guias. Depois, se retiram do frio para dentro de um alojamento, uma cabana com lareira, café, chá e biscoitos. Na espera em vão, tinha gente que tricotava, jogava baralho ou via os álbuns de fotos das auroras.

Na segunda tentativa, a reportagem ficou hospedada num dos seis chalés do Sundog Retreat, localizado a 30 km do centro de Whitehorse, e pode aguardar o fenômeno no conforto do sofá da sala. O hotel também tem uma jacuzzi outdoor.

"O importante é procurar as estrelas. Se não tiver nenhuma, vá dormir e coloque o despertador para daqui a uma ou a duas horas e cheque de novo", explica a proprietária do hotel, Heather Finton, uma canadense que fala português fluente.

"Às vezes, a câmera fotográfica capta mais cor no céu do que nosso próprio olho. Neste caso, fique atento porque a aurora pode ficar mais intensa", diz ela.

Onde fica - Whitehorse

Segundo Finton, o fenômeno costuma acontecer de três a quatro vezes por semana e fica visível nos céus entre os meses de agosto e abril.

No verão, seus hóspedes aparecem para curtir o sol da meia-noite, fazer churrascos, pescarias e caminhadas.

A última tentativa foi uma repetição da primeira, com o grupo Northern Tales. Lá pela 1h, um brilho verde surgiu no céu, causando alvoroço entre os presentes. Mas não teve dança de luzes, apenas manchas que surgiam de surpresa pelo horizonte.

Numa escala de 1 a 10, a guia explicou que estávamos vendo um nível 2, o mais comum de todos. Um nível 10 acontece cerca de cinco vezes por mês.

CARONA COM HUSKIES

Durante o dia, a pequena cidade de Whitehorse tem atividades para turistas de gostos variados, como a piscina outdoor de águas termais Takhini Hotprings e os passeios de trenó puxado por cães ("dog sledding").

No Sky High Wildernes Ranch, uma equipe cuida de 140 cachorros do tipo Husky Alasca, que levam os visitantes estrangeiros por florestas e a um lago congelado.

"Husky Alasca é apenas um nome bonito que inventaram para uma raça que é, na verdade, bem misturada", disse o guia Gary Burdess.

A jornalista viajou a convite de Yukon


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