Folha de S. Paulo


Ilha da Madeira combina natureza preservada com cenário europeu

Durante muito tempo, a ilha da Madeira foi um segredo bem guardado entre viajantes experientes. Nos últimos anos, com a chegada de companhias aéreas mais econômicas e de centenas de cruzeiros, o destino entrou no radar internacional.

No fim do ano passado, o arquipélago português desbancou Bali, na Indonésia, e Zanzibar, na Tanzânia, e faturou o "World Travel Awards", considerado o Oscar do turismo, na categoria melhor destino de viagem em ilha no mundo.

Região autônoma de Portugal -tem governo regional próprio, mas ainda assim faz parte do país-, o arquipélago está mais perto da África do que da Europa, o que contribui para temperaturas amenas (entre 17ºC e 25ºC) durante o ano todo.

A capital, Funchal, é agitada e cosmopolita -reúne quase metade dos 270 mil habitantes do arquipélago e as principais atrações históricas e culturais da região.

Um bom jeito de começar a explorar a Madeira é circular pelo centro histórico da cidade. Compacto e com atrações relativamente perto umas das outras, é possível ser percorrido a pé.

A primeira parada pode ser no Mercado dos Lavradores, com dezenas de barraquinhas vendendo frutas e verduras. O lugar seduz pelas cores e pelos aromas e é uma atração obrigatória para conhecer frutas típicas da ilha, como o maracujá roxo.

O prédio, uma conjugação dos estilos art déco e modernista, só foi construído na década de 1930, mas o local já servia como ponto de comércio na região antes disso. Para ver peixes e mariscos recém-pescados, deve-se chegar cedo. Por volta das 14h, os vendedores se dispersam.

Espécie de artéria da cidade, a avenida Arriaga abriga vários cafés e pontos de interesse, como a Sé do Funchal. Construída entre os séculos 15 e 16, a igreja foi erguida a mando do rei dom Manuel e tem um imponente portal em estilo gótico inserido em sua fachada de pedras.

A poucos metros dali, a fachada branca do palácio de São Lourenço se destaca na paisagem. A construção do século 16 conta com um palacete, uma fortaleza (resquício das defesas contra corsários e outros saqueadores) e ainda um amplo jardim.

Enquanto se passeia pelas ruas, vale prestar atenção ao charme das calçadas, que são feitas com pedras da região e são bem diferentes das famosas pedras portuguesas.

Com várias opções de cafés e restaurantes, o lugar próximo ao mar permite uma bela vista do porto da cidade e das simpáticas casinhas do entorno. É por lá também que fica a famosa estátua do jogador Cristiano Ronaldo.

Fora do centrinho do Funchal, que tem muitas opções de táxis e ônibus, o deslocamento sem carro é complicado. As opções mais comuns são alugar um carro para poder explorar o resto da ilha ou fechar passeios com transporte em agências. Vale sair do Funchal para conhecer o museu de arte contemporânea (Mudas), com obras de nomes da cena portuguesa, como Paula Rego e a madeirense Lourdes de Castro.

CESTO GIGANTE

A ilha da Madeira é cheia de programas para quem gosta de emoções fortes. Uma das atrações mais populares é a descida do Monte no carro de cestos. Como o próprio nome já adianta, trata-se de uma espécie de cesto gigante com ripas de madeira nas laterais, posicionadas como se fossem um trenó.

O veículo é "pilotado" por dois "carreiros" (atividade passada de geração para geração) vestidos a caráter. São cerca de dez minutos de descida de frente para o mar.

Cheia de altos e baixos, a Madeira tem ainda várias trilhas e costuma atrair praticantes de surfe, canoagem e ciclismo de montanha.

Algumas das rotas mais populares são as "levadas", como eram chamados os antigos canais de irrigação da região. Vários deles foram convertidos em trajetos que cortam as florestas.

Com 580 metros de altura, o cabo Girão, no município de Câmara dos Lobos, é um dos mais altos da Europa. Lá no topo há uma plataforma suspensa de vidro em que o visitante pode ficar de pé e contemplar a vista do Atlântico e as falésias.

No extremo leste da ilha, outra vista espetacular do oceano: a ponta de São Lourenço. Descendo a encosta está uma das praias favoritas dos moradores: Prainha.

Quem quiser ver as casinhas triangulares de madeira com teto de palha, típicas do lugar, deve ir à Santana.

VIDA NOTURNA

Enquanto os mais velhos se concentram em espetáculos do Cassino -instalado à beira-mar em um prédio projetado por Oscar Niemeyer- e casas de show, jovens se revezam entre várias baladas.

A noite no Funchal costuma começar em torno da rua de Santa Maria. A via é uma espécie de corredor de arte a céu aberto. Várias portas de imóveis do entorno foram pintadas por artistas plásticos, tornando-se um símbolo da recuperação do lugar.

Há muitas discotecas por ali, mas, como a festa não anima antes das 1h, é melhor ir preparado para aguentar madrugada a dentro.

Para quem prefere restaurantes a baladas, a culinária da madeira é famosa por pratos fartos. Além de peixe fresco, a ilha também tem como prato típico a espetada, uma espécie de churrasco em que a carne, assada no espeto, é temperada com louro e alho.

O bolo do caco, pão fofinho e redondo, é onipresente, assim como a poncha, bebida que mistura água ardente, mel e limão.

QUANDO VISITAR

A alta temporada na ilha da Madeira coincide com os meses quentes, de maio a setembro, quando as praias atraem turistas de Portugal e de várias partes do mundo. Quem vai em busca de praias tranquilas para um banho de mar tem na ilha de Porto Santo, a 50 km do Funchal e que também faz parte do arquipélago, a melhor opção.

Na ilha principal, porém, não faltam opções de piscinas naturais, praias e também resorts com piscinas debruçadas sobre o Atlântico.

Mesmo no inverno, as temperaturas são amenas, embora a ilha seja famosa por seus vários microclimas.

Uma curta viagem de avião leva ao arquipélago, a partir de vários pontos do velho continente. De Lisboa até o Funchal, são apenas 90 minutos de voo.


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