Comparando África do Sul e Brasil, Joanesburgo seria São Paulo, enquanto a Cidade do Cabo seria o Rio.

Maior cidade do país, Joanesburgo é uma metrópole (4,5 milhões de habitantes na cidade, 8 milhões no entorno) com muitos homens de negócio por metro quadrado e muitos shoppings. Guardando parte da história sul-africana, tem seu charme, com restaurantes descolados, galerias e museus.

Mas, como no caso de Rio e São Paulo, não há comparação possível entre as duas cidades quando o tema é praia, paisagem, vento no rosto, beleza natural, vontade de andar na rua e explorar a natureza. Muito por isso, Cidade do Cabo é considerada a capital LGBT da África do Sul, onde casais gays circulam à vontade.

A situação LGBT na África do Sul é controversa. No dia a dia não há discriminação e todos se sentem à vontade para serem quem são, ao menos na área urbana. A lei os protege. O país foi um dos primeiros a proibir na Constituição a discriminação baseada em orientação sexual, em 1996. Desde 2006 é permitido casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.

Mas é claro que há certa ala política que se pronuncia contra direitos iguais para os gays e põe lenha na fogueira da violência e discriminação.

Independentemente da sexualidade, qualquer um que visite Cape Town é levado a fazer alguns programas conhecidos, como conhecer a prisão de Robben Island, subir a Table Mountain, ver pinguins africanos na praia de Boulders Beach e explorar o Water Front.

PATRIMÔNIO MUNDIAL

Robben Island é uma antiga prisão localizada em uma ilha a meia hora de barco da cidade. Em uma cela onde mal cabem um colchão, um banquinho e um balde, Nelson Mandela (1918-2013) passou 18 dos 27 anos que esteve encarcerado.

O local foi fechado como prisão em 1996 e aberto como museu em 1997. Em 1999, foi considerado patrimônio mundial da humanidade.

Uma dúzia de antigos detentos guia hoje as visitas com turistas e pode responder, com conhecimento de causa, a qualquer pergunta. O ex-preso político Mgotso, 51, é desde 2003 um dos guias. "Todos os guardas eram brancos. Todos os presos eram negros ou mestiços", lembra.

De Robben Island se avista a cidade em silhueta, com a Table Mountain ("montanha da mesa") ao fundo. "A montanha estava sempre lá, imponente, nos lembrando da liberdade com que sonhávamos", conta Mgotso.

A Table Mountain, com seu topo em linha reta horizontal, parece mesmo uma mesa. Usando um teleférico, o turista vai ao topo em dez minutos. Os mais ousados podem subir ou descer a pé, numa caminhada de duas horas (em cada sentido, claro).

Perto dali, o Victoria & Alfred Waterfront, região portuária da cidade, é considerado o destino mais popular de turismo na África do Sul. Recebe 28 milhões de visitantes por ano. Os atrativos são bares e restaurantes à beira-mar, parque de diversões, música na rua, lojinhas. É dali que saem os barcos para Robben Island.

É divertido também ir à praia de Boulders Beach para ver os pinguins africanos (a população atual é calculada em cerca de 2.200). A própria viagem, pela estrada sinuosa beirando o mar, já é um belo passeio, com escala para foto no cabo da Boa Esperança de que ouvimos tanto falar nas aulas de história.

Aqueles mares, que foram rota dos navegadores portugueses, são mais para ver do que para mergulhar -a água é muito gelada para os parâmetros brasileiros.

Muitos desses programas e outros mais específicos na cidade podem encantar os turistas LGBT. Confira sete sugestões abaixo.

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CAFE MANHATTAN

O endereço é tradicional: fundado em 1994, ano em que a África do Sul se tornou uma democracia, é o estabelecimento comercial voltado para o público LGBT mais antigo em atividade na vizinhança. No térreo funciona um bar e restaurante que serve café da manhã, hambúrgueres e pratos bem fartos. A parte de cima tem lounge e espaço ao ar livre. É um ambiente barulhento e lotado, principalmente das 18h às 20h. Para quem se incomodar de comer no meio da bagunça, os drinks são a pedida. Os horários na África do Sul são mais apertados que os de São Paulo -é difícil encontrar um restaurante que sirva jantar depois das 22h. Nesse caso, o Manhattan leva um pouco de vantagem, já que a cozinha fecha às 23h.

ONDE 74 Waterkant Street
SITE manhattan.co.za
HORÁRIOS de segunda a domingo, das 10h à 0h; cozinha fecha às 23h

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GATE 69

não vai ter dúvida de quem é a estrela da noite. Independentemente do show que estiver em cartaz, é a drag queen Cathy Specific, cuja figura ilustra as paredes e as almofadas do bar, quem vai brilhar. Formada em teatro, ela, enquanto homem, trabalhou seis anos a bordo dos aviões da South African Airways. Sonhava com o dia em que poderia se dedicar à sua maior paixão: interpretar. Hoje é ela própria quem recebe os clientes no Gate 69, pergunta se está tudo bem, sugere comidas e drinks -além de apresentar os shows da programação, é claro. "Demorou dois anos para encontrar o prédio. Daqui não vou para lugar nenhum. Minha próxima mudança é para o crematório", brinca.

ONDE 87 Bree Street
SITE gate69.co.za
HORÁRIOS shows de quarta a sábado, a partir das 18h30
PREÇOS 550 randes (R$ 131)

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GRAND AFRICA

O Grand Africa é o lugar para tomar um drink olhando para o mar e pisando na areia, assistindo ao pôr do sol. O ambiente é amplo e ventilado nesse galpão transformado em restaurante. Do lado de fora, mesas e espreguiçadeiras se espalham pela areia.

ONDE Granger Bay Road, Granger Bay, 8005
SITE grandafrica.com
HORÁRIOS de terça a sábado, do meio-dia às 23h30; domingo, meio-dia às 18h

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FIRST THURSDAY

Seja gay ou não, quando for à África do Sul, organize as coisas para estar na Cidade do Cabo na primeira quinta-feira do mês (exceto em janeiro). Nessas noites, lojas, galerias, bares e restaurantes, somando 44 estabelecimentos, ficam abertos até mais tarde, e o centro da cidade ferve. O movimento acontece dentro das lojas e galerias, e fora também, com food trucks e banquinhas com roupas de brechó, antiguidades e livros. Em qualquer loja, há um mapa com todas as empresas que participam do programa. A dica é começar pela Church Street. Dono da galeria Chandler House, Michael Chandler conta que prepara algo diferente para as "First Thursdays". "Sempre tem abertura de exposição ou uma mostra especial. É uma noite diferente, em que recebemos pessoas que não costumam entrar na galeria"

ONDE Chandler House - 53 Church St.
SITE chandlerhouse.co.za

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TOM'S GUEST HOUSE

Pequeno e especial. Esse é o slogan da hospedaria Tom's Guest House, tocado pelo casal gay Gunter e Martin Klasar. Os dois são alemães e costumavam se hospedar ali. Tom era o antigo dono, de quem eles compraram o estabelecimento. É um lugar charmoso, para quem gosta de ficar num hotel que mais parece casa de amigos. Na verdade, ele é de fato a casa dos donos.
O público LGBT é o principal alvo da hospedaria, mas os donos não fazem distinção. "Tudo o que o turista quiser a gente organiza", diz Gunter. Os sete quartos disponíveis são suítes com camas de casal, ar-condicionado, cofre, TV e secador de cabelo. Os preços variam de 990 a 1.550 randes por dia (ou seja, R$ 237 a R$ 370). Com café da manhã

ONDE 44 Breda Street
SITE tom-kapstadt.de
PREÇOS a partir de R$ 237

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GUIA GAY

Guia turístico que conhece muito bem (e ama) a Cidade do Cabo, Tim Freeman é uma companhia gentil e agradável, com muita história para contar, para quem deseja conhecer a região.
Inglês, ele vivia em Hong Kong quando foi de férias para a cidade sul-africana em 1983. Apaixonou-se e voltou no ano seguinte, quando conheceu um rapaz de Cabo Verde que na época vivia em Chicago (EUA). Eles namoraram à distância por um ano e meio até que decidiram se fixar na Cidade do Cabo.
O parceiro de Tim morreu dez anos depois, mas ele nunca mais deixou a cidade. Está casado há 20 anos com um sul-africano.
"Nunca nos casamos efetivamente ou entramos com um processo de união estável, mas todos nos tratam como casados. Temos direito a adoção, seguros, pensão, herança", explica ele. Depois de levar muitos amigos em férias para conhecer a cidade, decidiu transformar a atividade em profissão e abriu a agência Friends of Dorothy. Oferece uma van com capacidade para sete passageiros e cobra 3.500 randes (R$ 836) por dia pelo tour. Se o grupo tiver mais de sete pessoas, é preciso combinar com antecedência

SITE friendsofdorothytours.co.za
PREÇO 3.500 randes (R$ 836)
HORÁRIO das 9h às 17h30

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CREW BAR

Se o que você procura são go-go boys vestindo apenas shorts e purpurina, encontrou o seu lugar. No andar térreo, uma pistona para se jogar com muito pop; no andar de cima, a batida é mais pesada. Aviso: em Cape Town ainda se fuma em ambientes fechados.

ONDE 30 Napier Street
SITE facebook.com/CrewBarCapeTown
HORÁRIOS de segunda a domingo, das 19h às 4h

A repórter viajou a convite da South African Airways e da South African Tourism

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Pacotes

US$ 665 (R$ 2.060)
Roteiro de seis noites na África do Sul (Joanesburgo, Cidade do Cabo e Kruger Park). Sem aéreo, mas com passeios, café da manhã e meia pensão no Kruger Park. Valor por pessoa em quarto duplo. Na BWT: bwtoperadora.com.br

R$ 2.234
Seis noites na África do Sul (três na Cidade do Cabo, duas no Kruger Park e uma em Joanesburgo). Sem aéreo, mas com passeios inclusos. Valor por pessoa em quarto duplo. Com café da manhã e dois jantares. Na CVC: cvc.com.br

US$ 827 (R$ 2.562)
Valor por pessoa do pacote para cinco noites em quarto duplo na Cidade do Cabo. Inclui café da manhã e passeios com guia turístico que fala português. Sem aéreo. Na Tathiana Almeida Viagens Especiais: taviagens.tur.br

US$ 1.274 (R$ 3.950)
Pacote de seis noites na África do Sul (quatro na Cidade do Cabo e duas em Sun City). Inclui passeio e café da manhã. Valor por pessoa em quarto duplo e sem aéreo. Reservas: visualturismo.com.br

US$ 2.080 (R$ 6.450)
Com aéreo, nove noites na África do Sul (quatro na Cidade do Cabo, duas em White River, uma em Oudtshoorn, uma em Knysna e uma em Joanesburgo). Inclui passeios e café da manhã. Preço por pessoa em quarto duplo. Na Ambiental: ambiental.tur.br

US$ 2.512 (R$ 7.785)
Sem aéreo, seis noites na Cidade do Cabo. Com café da manhã, safári no Kruger Park, passeios e dois jantares. Valor por pessoa em quarto duplo. Na Trade Tours: tradetours.com.br