Folha de S. Paulo


Banhos ajudam a curar ressaca após noitadas na Geórgia

Depois de um dia longo de caminhadas e descobertas por Tbilisi, a recomendação é fazer um passeio na região de Abanotubani, um distrito da cidade velha, onde a capital georgiana começou.

O lugar é conhecido por seus banhos públicos de águas sulfurosas, cuja parte mais legal é a arquitetura de tijolos, com instalações sempre subterrâneas.

Ir à Geórgia e não experimentar isso é como ir à Turquia e não fazer o banho turco. Faz parte do pacote.

A experiência também ajuda a recarregar as energias para continuar a viagem.

Como os georgianos amam festas e noites prolongadas, o banho de enxofre se revela uma ótima pedida para curar a ressaca.

O cheiro dos banhos, infelizmente muito semelhante ao de um ovo podre, pode parecer um impeditivo, mas acredite: a experiência vale a pena e relaxa de verdade.

HORA DO BAR

No entorno da região dos banhos, acumulam-se muitos restaurantes que oferecem vinhos locais e delícias georgianas. Uma das melhores indicações na cidade é o Ezo.

Localizado em um pátio cercado por predinhos de três andares, o restaurante parece uma casa antiga e superdescolada, com garçons jovens, iluminação bem feita e boa trilha sonora. O público com jeito hipster tem pinta de intelectual ou de gente envolvida com o mundo das artes.

É difícil ir embora. No Ezo, sempre há espaço para mais um brinde. O ambiente informal permite comer e beber enquanto se assiste aos frequentadores jogando uma ou várias partidas de gamão, uma paixão local.

Quase sempre há um tabuleiro do jogo à vista nas prateleira dos cafés espalhados pela cidade. Assim como quase sempre há uma garrafa de vinho sobre a mesa. Ela faz parte da identidade nacional –a Geórgia tem umas das regiões vinícolas mais antigas do mundo.

No inverno, é comum que a bebida seja oferecida quente. O visitante também pode arriscar a provar a "chacha", comparada à grapa italiana e com sabor bastante forte.

Como prato típico, há o khinkali: um bolinho recheado com carne, batatas ou espinafre. Ou o katchapuri, o famoso pão georgiano com recheio de queijo –este também é servido em outras regiões do Cáucaso.

VIAGEM

Algumas companhias aéreas europeias fazem o trajeto para Tbilisi, mas não com voos diretos. A maioria tem conexões em Istambul ou Moscou. Esse não foi o jeito que eu escolhi para chegar lá.

Como estava na Armênia, decidi cruzar a fronteira de carro. Saindo da capital, Ierevan, até a chegada a Tbilisi são sete horas de viagem.

A estrada tem curvas intensas e paisagens exuberantes, tanto de um lado quanto do outro da fronteira. Depois da primeira cidade da Geórgia, leva-se mais uma hora e meia para chegar à capital.

As estradas mostram que mudamos de território. As vias georgianas são completamente diferentes das armênias –e melhores.

É impressionante como as capitais do Cáucaso não são parecidas, a não ser pelo passado soviético. Tbilisi e Ierevan são muito diferentes –a primeira parece uma cidade muito mais desenvolvida.

Na possibilidade de fazer esse percurso de carro, abrace-a. Apesar da apreensão que pode surgir ao cruzar as fronteiras –ainda mais quando os policiais mal falam inglês, e as duas línguas em questão parecem palavrões–, o caminho faz a empreitada valer a pena.

COMPRAS NA PRAÇA

Chegando em Tbilisi, a primeira parada para quem deseja fazer compras é a Freedom Square. É por ali que tudo acontece.

A praça recebeu esse nome depois da independência da Geórgia, em 1991, deixando para trás os tempos de União Soviética. No centro, uma estátua dourada mostra são Jorge matando um dragão. É o marco do espaço e simboliza a liberdade e a independência, já que, durante o período soviético, era uma estátua de Lênin que ocupava o lugar.

A 20 minutos de caminhada a partir dali fica o mercado de pulgas, ao lado da Dry Bridge. É o paraíso para as compras de artigos soviéticos, como medalhas, pôsteres, porcelanas antigas e outras lembranças.

As pessoas estendem seus panos no chão, debaixo da sombra das árvores e veem o tempo passar entre uma compra e outra, feita por alguns visitantes e por moradores da capital. Você pode acabar levando um monte de cacarecos sem utilidade, é verdade, mas vale pela experiência.

Com sorte, o turista consegue ouvir muitas histórias do passado contadas pelos simpáticos georgianos. Mesmo que não dê para entender tudo (na pior das hipóteses, nada mesmo), o cenário e a simpatia convidam o visitante a inventar alguns dos causos na própria cabeça.

*

O QUE SABER?

Onde fica Geórgia

Nome oficial
República da Geórgia

Capital
Tbilisi

Idiomas
Georgiano (oficial), armênio, russo, ossetiano, abkhaz e turco

Moeda
Lari (1 = R$ 1,17)

Fuso horário
+ 7 horas em relação a Brasília (no horário de verão no Brasil, a diferença cai para 6 horas)

Como chegar
Não há voos diretos partindo do Brasil. A melhor opção é ir de Istambul ou pegar um voo que faça escala na capital da Turquia. De lá, há opções de voos diretos para Tbilisi pela Turkish Airlines


Endereço da página:

Links no texto: