Folha de S. Paulo


Saint-Tropez é um bom lugar para relaxar e beber bons vinhos

Horas e minutos perdem relevância em Saint-Tropez.

Uma placa na entrada do disputado Club 55, misto de bar e restaurante à beira-mar, ilustra esse espírito do balneário do sul francês. "Se você acha que vai se atrasar e chegar após fecharmos –por estar velejando ou tomando um drinque na casa de um amigo–, não esqueça de pegar a chave do seu carro no vallet."

No verão europeu, o destino reúne todas as condições para a prática do "fazer nada" (ou velejar e tomar um drinque com amigos): dias longos, noites frescas, praias e vinhos feitos na região.

Mas mesmo o exercício de coisa nenhuma pode exigir do visitante, vez ou outra, um pouco de programação.

Trata-se, afinal, de um destino popular para quem quer ver e ser visto, o que é sinônimo de muita gente (endinheirados ou não) em uma cidade pequena, com população "fixa" de 4.402 habitantes, segundo levantamento do Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos.

Os hotéis costumam ficar lotados na temporada. Portanto, se a ideia é passar o verão na Riviera Francesa, o começo de ano é uma boa época para garantir as reservas.

Em solo tropeziano, a antecipação é útil para conseguir uma mesa nos bares e restaurantes que ocupam praticamente toda a extensão da doca Jean Jaurès, centro nervoso do balneário. Tente chegar antes do fim da tarde para assistir ao pôr do sol sentado em uma das cadeiras, todas voltadas para o mar, do tradicional café Senequier.

Também nas docas, o menos disputado Bristot du Port vale pelas mesas ao ar livre.

Partindo da região de Jean Jaurès, as ruas François Sibilli e Gambetta, que correm paralelas, concentram lojas de grifes: Dior, Valentino, Louis Vuitton e Dolce & Gabbana.

Mas mais importante: desembocam no que parece ser outra cidade. Já a alguns quarteirões do mar, as vias terminam na place Des Lices, onde o ar é de interior.

É a clássica praça de uma cidade pequena brasileira –mas, em vez de bocha, joga-se algo parecido: pétanque. Em um lugar onde impera o clima de segurança, talvez o maior perigo seja ter a canela atingida por uma das pesadas bolas de metal.

Olho no relógio mais uma vez: nas manhãs de terça e sábado, uma feira ocupa a praça. Há de tudo um pouco, de queijos e embutidos a antiguidades. Também é uma oportunidade para ter contato com uma Saint-Tropez "comum", alheia à badalação.

E a praia? Para se estender na areia, é preciso deixar o centro. A de Pampelonne, a mais frequentada, por causa dos "beach clubs", fica a 15 minutos de carro das docas.

PASSADO E PRESENTE

Estabelecida há décadas como destino de luxo, a cidade está mudando, como sugerem os diversos canteiros de obras e os guindastes que pipocam na paisagem.

O passado tropeziano, no entanto, segue preservado.

No ponto mais alto do balneário, está assentado, há mais de 400 anos, um forte construído a mando do rei Henrique 4º com o intuito de proteger o litoral das investidas espanholas. Hoje, o local abriga um museu marítimo e oferece a melhor vista de Saint-Tropez. Hora do selfie.

A cidade também tem uma parte velha, formada por ruas estreitas tomadas por prédios baixos em tons pasteis. Para explorar a área, vale adotar o flanar parisiense. As descobertas incluem um restaurante tailandês, galerias e lojas de objetos de decoração.

Partindo do forte, uma caminhada curta leva ao restaurante Rivea, no Hotel Byblos, que tem a assinatura do mito Alain Ducasse.

Da cozinha, comandada por Vincent Maillard, pupilo de Ducasse, saem delicadezas como a pizzeta, uma redondinha de ricota de búfala coberta por trufas. O menu mais barato custa € 68 (R$ 231), com entrada, prato principal e sobremesa. O hotel também abriga a Les Caves du Roy, uma das baladas mais disputadas de Saint-Tropez.

Dono do selo "palace", categoria criada pelo Ministério do Turismo francês para identificar os melhores hotéis cinco estrelas do país, o Byblos completa 50 anos em maio. Para comemorar a data, prepara uma série de eventos e parcerias com marcas como Missoni, Rolls-Royce e Dom Pérignon.

ROSÉ

Cedo ou tarde, quem visita Saint-Tropez irá cruzar com uma taça de vinho rosé.

Isso porque, além de leve e refrescante, a bebida é produzida em grande escala por vinícolas espalhadas por Provence-Alpes-Côte d'Azur, região administrativa da qual o balneário faz parte. Algumas oferecem visitas a turistas.

É o caso da Minuty, localizada a cerca de 20 minutos do centro. Lá –onde a maior parte da produção é de rosé–, além de passear pelas plantações, é possível provar e comprar vinhos. Uma garrafa custa a partir de € 20.

O jornalista viajou a convite do Hotel Byblos Saint-Tropez


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