Folha de S. Paulo


Em oposição a cães e gatos, pets exóticos só viajam de avião como carga

Cães e gatos são maioria entre os animais que viajam de avião no Brasil. Mas, além deles, outros bichinhos de estimação considerados exóticos também podem embarcar.

Com uma diferença básica: nenhuma empresa aérea brasileira autoriza o transporte de pássaros (de qualquer porte), répteis, primatas, peixes ou roedores em voos comerciais –seja na cabine, seja no porão das aeronaves. Nesse caso, é preciso usar o serviço de aviões de carga.

Recentemente, durante a Olimpíada do Rio, a operação que envolveu a viagem dos cavalos usados nas competições de hipismo foi destaque –os animais voaram em uma espécie de "classe executiva", com temperatura controlada e alimentação regrada.

Na lista de "passageiros" exóticos, a Latam Cargo já chegou a transportar um tubarão-touro, da espécie Carcharias taurus.

O animal, de 1,80 metro de comprimento e 75 quilos, viajou de Buenos Aires (Argentina) para São Paulo e utilizou um tanque especial, vedado e equipado com uma bomba alimentada por baterias para recircular a água.

O peso total da caixa, ocupada pelo tubarão e por água do mar em temperatura controlada, foi de 1,2 tonelada.

Os mais assíduos, no entanto, são saguis. A Gollog transporta uma média de três macaquinhos do tipo por mês. Segundo a empresa, não há contato direto de funcionários com os animais, o que evita "comportamento indesejável" ou estresse para os primatas durante o trajeto.

Nas duas companhias, o preço para o transporte de animais como carga viva varia de acordo com o peso bruto do bicho mais o da embalagem (ou segundo as dimensões da caixa de transporte), além do trajeto percorrido. A, digamos, periculosidade do animal não influi no cálculo.

Para viajar, esses animais precisam, além de cumprir as exigências de cada transportadora, ter uma GTA (Guia de Transporte Animal).

O documento, emitido pelo Ministério da Agricultura, contém informações sobre o destino, as condições sanitárias e a finalidade do transporte do bicho. No caso de animais silvestres também é necessária autorização do Ibama.

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As regras das empresas

ONDE O BICHINHO VIAJA

  • AVIANCA Cães e gatos viajam somente na cabine e com o limite de até 10 kg, incluindo a caixa
  • AZUL Só na cabine; o peso do animal mais a caixa de transporte não podem ultrapassar 5 kg
  • GOL Pets de até 10 kg mais a caixa podem ir junto com o dono; os de 11 kg a 30 kg vão no porão da aeronave; de peso maior, só em aviões de carga
  • LATAM O peso permitido na cabine é de até 7 kg (incluindo a caixa); no porão, até 45 kg; de peso maior, só em aviões de carga

PREÇO

  • AVIANCA R$ 200
  • AZUL R$ 200
  • GOL R$ 200 na cabine; quando o animal vai como "bagagem despachada", no porão, é cobrada uma taxa de R$ 90, mais o peso do kennel com o animal, multiplicado pelo valor correspondente a 1% da tarifa cheia do trecho a ser voado
  • LATAM R$ 200 na cabine; no porão o valor varia conforme peso do animal mais a caixa
  • *Nenhuma companhia cobra para transportar cães-guia

IDADE MÍNIMA

  • AVIANCA Dois meses; os que têm menos de 12 semanas, de raças pequenas e mais suscetíveis à desidratação, precisam de um certificado veterinário que ateste boas condições
  • AZUL Quatro meses
  • GOL Quatro meses
  • LATAM Dois meses

RESERVA DO SERVIÇO

  • AVIANCA No mínimo duas horas de antecedência
  • AZUL Até duas horas antes
  • GOL Pelo menos três horas antes
  • LATAM Até 48 horas antes da saída do voo

MAIS

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Burocracia animal

  • Cada companhia tem suas especificações a respeito das dimensões da caixa de transporte dos animais. Checar antes é imprescindível
  • Reservas devem ser feitas com antecedência em função da limitação do número de animais nas aeronaves. Há prazos para solicitação do serviço
  • Leve a carteira de vacinação do animal e o certificado de vacinação antirrábica (aplicada no mínimo 30 dias antes), com o nome do laboratório produtor, tipo de vacina e o número da vacina/ampola utilizada
  • Tenha em mãos um atestado de saúde emitido pelo veterinário. Cada companhia estabelece seu prazo de validade para o exame
  • Algumas companhias exigem que passageiros acompanhados de animais sentem-se na poltrona da janela

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Pronto para voar

  • Acostume o animal com a caixa de transporte em que ele vai viajar. Coloque-o no kennel em passeios de carro e na hora de dormir por no mínimo um mês antes da viagem
  • Dê comida pelo menos uma hora antes de sair de casa. Não é bom que o pet fique com o estômago cheio. Se a viagem for longa, melhor que a alimentação seja concentrada, como em pastas suplementares
  • Não despache o animal muito tempo antes da hora de saída do voo. Espere o horário limite
  • Se o deslocamento for longo, vale a pena ensinar ao bichinho beber em bebedouros automáticos. No espaço reduzido os cães costumam derrubar as vasilhas com água
  • Um brinquedo ou pedaço de tecido ou roupa com o cheiro do dono ajuda a acalmar
  • Acostume o pet aos possíveis ruídos do deslocamento. Para gatos, que se assustam mais fácil, pode-se utilizar protetores de ouvido moldáveis
  • Evite viagens em períodos muito quentes. O risco de desidratação, um dos principais problemas com animais em aviões, aumenta
  • Esteja ciente de possíveis doenças que o pet tenha e que possam criar dificuldades durante o voo

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