Folha de S. Paulo


Cruzeiristas 'profissionais' dão dicas para curtir ao máximo a bordo

Fabio Braga/Folhapress
A recepcionista Andreia dos Santos e a filha, Rebekah, irão para o quarto cruzeiro juntas
A recepcionista Andreia dos Santos e a filha, Rebekah, irão para o quarto cruzeiro juntas

Quem faz um cruzeiro se depara com uma série de peculiaridades: da mala despachada que reaparece "sozinha" na cabine um tempo depois aos jantares em turnos, com horário marcado.

"Navio não tem meio-termo", brinca Orlando Palhares, gerente de produtos marítimos da CVC. Ou seja, "quem viaja uma vez e gosta muito provavelmente vai voltar um dia."

Foi o que aconteceu com a recepcionista hospitalar Andréia dos Santos, 35, de São Paulo.

"Eu morria de medo –do mar, de ficar navegando muito tempo... Mas acabei convencida pela minha filha Rebekah, que aos 4 anos tinha muita curiosidade de conhecer um navio", conta.

"Fizemos a primeira viagem em 2014 e, no ano que vem, iremos para o quarto cruzeiro juntas." Nos outros roteiros, Andréia ainda conseguiu convencer a mãe, a sogra, casais de amigos...

Essa é outra história comum entre fãs desse tipo de turismo: a da multiplicação de passageiros. O jornalista aposentado Carlos Vitiello, 65, fez um cruzeiro com um amigo há mais de dez anos e, de tanto falar bem da viagem, acabou amealhando grupos maiores.

"Em uma travessia da Itália ao Brasil, juntamos 24 casais. Fizemos até uma camisa comemorativa e fomos recebidos pelo comandante", diz. "Chegamos a reunir mais de 70 pessoas –e foi ótimo, a cada lugar que eu ia do navio encontrava um conhecido diferente."

Daniel Capella, 21, criador do site World Cruises, se encantou com essas viagens porque, a bordo, o turista "não precisa se preocupar com nada". "O navio é como um mundo à parte da realidade, onde tudo funciona –e que, por alguns dias, é sua casa", afirma ele, que já embarcou em 23 cruzeiros.

A Folha conversou com esses cruzeiristas "profissionais" e reuniu dicas para quem quer aproveitar melhor a temporada, que neste ano começa no final de novembro.

"A primeira coisa, especialmente para quem está começando, é fechar o pacote com um bom agente de viagens", diz Capella. Ele lembra que os navios e empresas têm perfis muito distintos: um tem mais festas e é melhor para jovens, outro pode atender melhor as famílias.

"Se faltar orientação nesse momento, você se sente perdido a bordo e não curte a viagem."

Para a aposentada Roseli Barbosa, 61, de Santos (SP), que tem 25 cruzeiros de experiência, saber se programar a bordo é o mais importante –uma boa tática é ler com cuidado o cartão com a programação diária, deixado todas as noites em cada cabine, e destacar o que interessa, já que muita coisa acontece simultaneamente.

"Costumo dormir cedo para conseguir aproveitar bem o dia seguinte. E sempre tiro ao menos um dia inteiro para não fazer nada e descansar", afirma.

"Também evito fugir muito da rotina de alimentação que tenho normalmente. Quem come ou bebe muito pode acabar passando mal e estragar a viagem."

Vitiello diz que prefere optar por jantar mais tarde, sempre no segundo turno. "Assim, se estou gostando da excursão em terra, posso curtir com calma, voltar ao navio um pouco mais tarde, me arrumar com calma."

Andréia dos Santos, aliás, conta que prefere escapar dos programas em terra ao menos um dia. "Nessas horas, o navio inteiro fica mais vazio." A recepcionista destaca como grande vantagem dos cruzeiros a boa estrutura para crianças.

Uma última dica: Vitiello orienta também a nunca esquecer o seguro-viagem, já que serviços de emergência podem ser caros. "Passei por isso em uma das minhas primeiras experiências a bordo, e foi bem desagradável."

Marcus Leoni / Folhapress
O aposentado Carlos Vitiello participa de cruzeiros há mais de dez anos, sempre com grupos grandes
O aposentado Carlos Vitiello participa de cruzeiros há mais de dez anos, sempre com grupos grandes

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Breve manual de sobrevivência em cruzeiros

NA BAGAGEM

  • Recomenda-se no máximo dois volumes por passageiro
  • Alimentos e bebidas são proibidos; se estiverem fechados, eles são retidos no check-in e devolvidos depois
  • Cada navio pode ter mais de 3.000 malas por viagem, em geral levadas até a cabine por um funcionário; é essencial identificar a bagagem
  • Como em uma viagem de avião, as malas passam por raio-X; são proibidos itens cortantes, inflamáveis e drogas
  • Leve ao menos uma roupa formal; navios podem exigir trajes para o jantar (e vetar bermudas e chinelos) e eventos

NO EMBARQUE

  • Para ganhar tempo, faça o check-in on-line
  • Para cruzeiros no Brasil, um documento simples, como o RG, basta para embarcar; se houver parada em países do Mercosul, o RG é obrigatório e o passaporte, opcional. Em outros países, o passaporte é obrigatório –e pode ser preciso obter um visto
  • O check-in só costuma ser liberado depois das 11h e, em geral, é encerrado duas horas antes da partida
  • Como as malas podem demorar a chegar à cabine, vale carregar uma muda de roupa na bagagem de mão, especialmente para crianças

NO NAVIO

  • Informe-se sobre o que está incluído no pacote e a política do cruzeiro: gastos a bordo podem ser em dólar; em alguns casos, como no Sovereign nesta temporada, é possível parcelá-los no cartão
  • Para gastos extras não incluídos, geralmente se pede uma pré-autorização de débito no cartão ou um depósito antecipado em dinheiro
  • Todos os passageiros precisam passar pela sessão de instruções de segurança
  • O horário de refeições costuma ser predeterminado (o hóspede pode ou não indicar seu horário de preferência); na cabine são colocados informes com a programação
  • Informe-se sobre as taxas de serviço e a política de gorjetas

NO DESEMBARQUE

  • Na noite anterior ao desembarque, um extrato com a conta é deixado na cabine; divergências devem ser discutidas a bordo
  • Bagagens geralmente precisam ser colocadas no corredor na noite anterior para o desembarque

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