Folha de S. Paulo


Cerveja mais barata que água e roteiro histórico levam turistas à Eslováquia

Marc Ryckaert/Wikipedia
Vista do centro da capital da Eslováquia; à esquerda, o castelo Bratislava Hrad
Vista do centro da capital da Eslováquia; à esquerda, o castelo Bratislava Hrad

Localizada do ladinho de Viena e a cerca de três horas de carro de Budapeste e de Praga, Bratislava, a capital da Eslováquia, passou batida pelo radar dos viajantes durante muito tempo. Mas, após investimentos do governo para promover o turismo, os visitantes foram conquistados de vez –principalmente por causa dos preços baixos.

A profusão de lojinhas, restaurantes e bares recém-inaugurados, além da variedade de idiomas ouvidos pelas ruelas, não deixam dúvidas: Bratislava está na moda. E o melhor, pode ser conhecida a pé, já que as atrações são próximas umas das outras.

O passeio começa pelo centro histórico, que exalta as glórias medievais e a imponência da realeza do império austro-húngaro (1867-1918). A caminhada pode incluir paradas para apreciar a gastronomia local e os diferentes tipos de cerveja –a bebida é uma verdadeira paixão nacional, com preços muitas vezes mais baixos do que o da água.

O ponto mais emblemático do passeio é o castelo Brastislava Hrad, cuja construção sofreu diversas remodelações ao longo do tempo.

No século 15, foram levantadas paredes de pedra, em estilo gótico. Pouco mais de cem anos depois, sua arquitetura foi remodelada em estilo renascentista. No século 17, nova intervenção, agora em estilo barroco.

Mas uma coisa não mudou. Do castelo, que abriga um museu, tem-se uma das vistas mais privilegiadas da cidade e do rio Danúbio.

Outra bela paisagem fica não muito distante dali, no chamado portão de Miguel, a única porta de acesso remanescente das antigas muralhas medievais que um dia cercaram Bratislava.

Construído no século 14 e remodelado por volta do século 18, o portão tem uma torre de 51 metros onde está instalada uma estátua de bronze do arcanjo Miguel derrotando um dragão.

O passeio é finalizado no Teatro Nacional, também conhecido como Ópera de Bratislava, inaugurado em 1886. Na cidade, as artes, especialmente a música, são levadas muito a sério. Tanto que, para dar conta da intensa programação de óperas, concertos e espetáculos de balé, foi inaugurado um segundo prédio do Teatro.

Mas a programação vai além da cultura erudita. No verão, há feirinhas de artesanato espalhadas por praças. No inverno, a região é tomada pelos tradicionais mercados de Natal. Além disso, Bratislava conta com uma agitada vida noturna, com festas e bares de segunda a segunda, até nos meses frios.

Xinhua/Erik Adamson
Visitantes se reúnem em feira com artesanatos e produtos típicos de Bratislava
Visitantes se reúnem em feira com artesanatos e produtos típicos de Bratislava

CORTINA DE FERRO

O centro histórico bem cuidado de Bratislava contrasta com a dureza e sobriedade dos edifícios construídos nos quase 50 anos em que a então Tchecoslováquia fez parte da União Soviética.

Os prédios de concreto, marca registrada da ocupação comunista, estão por todos os lados –o que torna ainda mais interessante a experiência de quem resolve se aventurar para além do burburinho turístico.

Das partes mais altas da capital é possível ter uma visão de Petr?alka, um imenso bloco de edifícios que forma um dos bairros mais populosos da cidade.

Construído na década de 1970, o conjunto foi projetados para abrigar trabalhadores de indústrias da região. Com o fim da União Soviética, porém, o cinza sóbrio das fachadas deu lugar a tons de azul, verde, laranja e outras pinturas coloridas.

A cerca de quatro quilômetros dali, a ponte SNP (sigla para Ponte da Revolta da Eslováquia) é outro exemplar de tempos soviéticos, mas de uma época mais amena para as construções. A ponte estaiada sobre o Danúbio foge da seriedade e tem uma torre em formato de disco voador.

No alto, o restaurante UFO recebe visitantes e abriga mais um dos espaços de observação, que permite ver a paisagem de toda a capital e ainda partes da Áustria.

COMO CHEGAR

O principal ponto de partida de quem visita Bratislava costuma ser a vizinha Áustria. Separadas por apenas 65 quilômetros, Viena e Bratislava são as capitais mais próximas do mundo. Um bate-volta de trem, com bilhete de ida e volta válido por quatro dias, custa € 16 (R$ 58). A viagem dura uma hora e há várias saídas diárias.

A cidade também é facilmente acessível pela rede de estradas. As passagens de ônibus variam entre € 5 e € 8 (R$ 18 a R$ 29) –os veículos são confortáveis e contam com conexão wi-fi grátis durante todo o percurso.

Na primavera e no verão, as empresas Lod e The Twin City Liner também oferecem um serviço regular de barco entre Viena e Bratislava. A viagem é mais longa, dura cerca de 90 minutos, e mais cara, em média € 50 (R$ 182) ida e volta. Mas a beleza das águas do rio Danúbio, que liga as duas cidades, é uma atração à parte.

Uma vantagem adicional do transporte fluvial é o desembarque direto no centro histórico, conhecido como cidade velha. Quem chega de trem ou de ônibus precisa andar de 10 a 20 minutos ou se aventurar no transporte público.

Aventurar-se porque, à primeira vista, a aglomeração de consoantes (muitas vezes acentuadas) do idioma local e o fato de poucos motoristas falarem inglês podem desestimular o estrangeiro. Mas o sistema é eficiente e relativamente simples de usar.

O bilhete, que serve em qualquer tipo de transporte público, deve ser comprado antes do embarque, em máquinas automáticas disponíveis nos pontos.

O mais barato custa € 0,70 (R$ 2,55) e dá direito a 15 minutos de viagem, contados a partir da entrada no veículo. Um tempo mais que suficiente para se deslocar entre os pontos turísticos e a rodoviária ou a estação de trem.


Endereço da página: