Folha de S. Paulo


Com comida e festa, BH permite descansar do excesso de arte em Minas

Uma das maiores cidades do país, Belo Horizonte não chega aos pés da minúscula Brumadinho, a uma hora dali, quando o assunto é arte contemporânea. Mas a capital mineira, com algumas galerias e um circuito de museus que já foi mais robusto, tem boas festas e restaurantes, além de uma cena noturna que lembra a São Paulo pré-gentrificação.

Na Savassi, bairro central da cidade, a praça da Liberdade ganhou um circuito de museus, tendo a nova sede do Centro Cultural Banco do Brasil como âncora e a Casa Fiat de Cultura, ali do lado, como outro destino mais provável.

Mas o clima é meio desolador. Fora o CCBB, com boas exposições e uma filial do simpático Café com Letras no pátio central, tudo ali parece já ter visto dias melhores –o caminho rumo à Casa Fiat virou um corredor de sem-teto acampados sob as marquises.

O Palácio da Liberdade, edifício que dá nome ao lugar, está fechado para manutenção, assim como outros espaços ao redor da praça, que mantém como ponto de interesse só o parque de edifícios modernistas –um deles, de Oscar Niemeyer, lembra uma versão de brinquedo do Copan.

Nos arredores, a situação muda. O Café com Letras original fica na mesma rua da galeria Celma Albuquerque, a mais tradicional da cena mineira, e muito perto do 2016 –restaurante que muda de nome a cada ano, seguindo o calendário, onde acontecem mostras de artistas estreantes.

Quem viu Inhotim, no entanto, talvez precise de um respiro da overdose de arte contemporânea. Restaurantes e bares no centro, como o Salumeria Centrale e o Pecatore, ambos do artista Eder Santos, e o Dorsé –mesmo que sejam dispensáveis as imagens de Paris nas paredes– ajudam a espairecer.

Boa parte da turma artsy da cidade também se esbalda nas festas de rua de Santa Tereza, outro bairro do centro. Ali, cara a cara, estão o Zona Last, um lugar com cara de boteco, mas decorado com luzinhas de Natal à moda hipster e capaz de fazer um gim tônica mais que decente, e a Gruta, uma boate –o nome já diz– que lembra um adorável buraco, à moda do finado Netão da rua Augusta paulistana antes do massacre da especulação imobiliária.

No centro, o edifício Maletta, antiga galeria comercial onde bares funcionam noite adentro, é mais um endereço a ser explorado. No segundo andar, o Dub e o Arcângelo Café, com vista para vitrais coloridos de um prédio do início do século 20, fazem drinques deslumbrantes em belas taças.

Um passeio pela Pampulha, agora patrimônio da humanidade, cura a ressaca no dia seguinte. Mesmo cheia de gente, a igrejinha de Niemeyer, uma de suas obras-primas, acalma os ânimos. Ali perto, está o Museu de Arte da Pampulha, para quem não se cansou de arte.

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