Napoleão não era bom só de briga (escondia a mão e coçava a barriga, diz a marchinha carnavalesca) como também um ótimo negociador: derrotado nos campos de batalha e diplomático, barganhou em maio de 1814 um exílio dourado na ilha de Elba, na costa da Itália, entre a Toscana e a ilha francesa de Córsega.
Além de ganhar uma mesada polpuda, o ex-imperador da França –e de quase meio mundo, na época– ainda pôde levar consigo um pequeno exército e recebeu recursos para montar bem fornidas residências, além de uma casa de campo.
A estadia do ex-imperador em Elba durou menos de um ano. Ele fugiu de lá no início de 1815 para retomar o comando da França. Em junho do mesmo ano, foi derrotado na batalha de Waterloo (depois, seria exilado novamente, até morrer, em 1821, em Santa Helena, no Atlântico Sul).
Mas o exílio marcou para sempre a ilha, hoje destino de turismo histórico e um parque de diversões para viajantes que buscam entrar em contato direto com a natureza e gostam de suar a camisa em passeios extenuantes de bicicleta ou longas caminhadas no meio da mata, subindo e descendo montanhas.
REPOUSO E DIVERSÃO
O fato de ter servido de exílio para Napoleão –e palco para seus encontros amorosos com a polonesa Maria Walewska– leva charme e sedução à ilha. Mas Elba tem uma história própria também, dissociada da presença do conquistador francês.
Por suas riquezas naturais (o subsolo é cheio de minerais) e localização privilegiada, que lhe possibilita ser uma espécie de vigia da costa oeste do que hoje é a Itália, a ilha vem sendo ocupada há quase 3.000 anos.
Desde o século 8º a.C. etruscos extraíam ferro de Elba. Depois, romanos também começaram a explorar os recursos do lugar, além de usar a natureza privilegiada como um centro de repouso e divertimento.
A ilha se mantém fiel a essa tradição. Oferece diversão em penca aos visitantes, cenários magníficos, um mar azul e tranquilo. E ainda possibilita um mergulho na história da humanidade.
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Tanta história
A Vila dos Moinhos é o destaque principal no circuito histórico de Portoferraio –maior e mais movimentada comunidade da ilha de Elba. Trata-se de uma das casas em que o imperador francês Napoleão Bonaparte (1769-1821) viveu durante seu exílio na Itália, que foi transformada em museu bem organizado.
O palacete amarelo está instalado em um dos pontos mais altos da localidade, entre os fortes Falcone e Stela. Foi construído em 1724, no período em que a ilha foi dominada pelo clã dos Médici.
Menos de um século depois, Napoleão mandou modificar as instalações daquela construção para atender aos seus interesses.
O museu reproduz ambientes como o quarto, a biblioteca e o salão de festas da casa, além de expor curiosidades como a cama de campanha que acompanhou Bonaparte em suas batalhas.
O líder exilado queria o palacete não apenas para compromissos oficiais mas também para receber sua mulher, Marie Louise, arquiduquesa da Áustria –o encontro na ilha nunca aconteceu.
Em contrapartida, Pauline (1780-1825), a irmã de Napoleão, passou vários meses como senhora da ilha de Elba. Ela acompanhava o imperador deposto em festas e recepções –um de seus vestidos de gala está exposto no museu.
Saindo da casa napoleônica, o viajante continua a subir morros para mergulhar em outro percurso histórico. No ponto mais alto da mais alta colina de Portoferraio foi construído o forte Falcone, erguido no século 16 durante o domínio da família Médici.
Há um pequeno museu na sala principal, mas o melhor mesmo é passear pela fortificação. A construção não é muito grande –são 2.360 metros quadrados–, mas a vista é excepcional.
MUSEU ARQUEOLÓGICO
Descendo em direção ao centrinho do vilarejo, o visitante percorre a fortaleza dos Médici (um ingresso dá direito aos dois passeios). Passa por bastiões, caminha sobre muros e depois, como em outros locais altos, se delicia com a paisagem.
Se, depois da caminhada, ainda sobrar pernas, uma boa forma de concluir a jornada histórica é visitar o museu arqueológico, que fica numa pontinha da ilha, a algumas centenas de metros da fortaleza dos Médici, na marina de Portoferraio.
Mesmo que tenha de ser feito em outro dia, esse é um passeio que vale a pena. O museu é pequeno, mas rico: mostra relíquias que ajudam a vislumbrar a história da ilha de Elba e de seus habitantes desde o século 7º a.C. até o 5º da era atual.
O ingresso ao museu dá direito a visitar a torre do Martelo, uma curiosa fortificação cujo nome deriva de seu formato. Nos jardins, veem-se ruínas do que foi há 2.000 anos uma mansão romana.
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Serviço
- Fuso horário + 5 horas em relação a Brasília (está em horário de verão)
- Moeda Euro (€ 1 = R$ 3,50)
- Visto Brasileiros estão dispensados (para ficar até 90 dias)
- Como chegar Há voos semanais saindo de cidades italianas como Milão, Florença e Pisa por companhias regionais como Silver Air, SkyWork e Air Glaciers. Horários podem ser vistos no site do aeroporto de Elba, que fica em Marina Di Campo (elbaisland-airport.it ). Outra opção é ir de balsa a partir de Piombino. Nas empresas Moby e Toremar, a passagem custa € 13,78 (R$ 48,20) por pessoa e por trecho. Mais informações em mobylines.com
- Como circular A primeira preocupação de quem chega à ilha de Elba sem pacote turístico é arranjar um jeito de se locomover. Há oferta de transporte público, mas ela é insuficiente. Uma opção é alugar bicicletas, motos e carros (com ou sem motorista)
- Cartões Muitos restaurantes e lojas não aceitam cartão de crédito. Alguns só aceitam para pagamento de contas superiores a € 20 ou € 30
Pacotes
€ 119 (R$ 416,30)
Diária no hotel Pogglio Allagnello Country & Beach, em Piombino, de onde saem balsas para a ilha de Elba. Sem café da manhã. Na E-HTL: (11) 3138-5656; e-htl.com.br
R$ 3.468
Pacote de duas noites em Portoferraio, com meia pensão. Valor por pessoa, não inclui aéreo, mas tem a balsa de Piombino inclusa. Na Flytour: 4004-0008; flytour.com.br
R$ 6.497
Preço para duas pessoas para seis noites no hotel Montemerlo, com café da manhã e passagens aéreas incluídos. Na Expedia: 0800-7610765; expedia.com.br
R$ 26.099
Cruzeiro de dez noites de Veneza a Monte Carlo, com parada na ilha de Elba, com quatro passeios incluídos. Sem aéreo, por pessoa. Na Regent Seven Seas: (11) 3253-7203; rssc.com