Folha de S. Paulo


De angu a farofa de ovo, autora sugere dez quitutes imperdíveis no Rio

A jornalista Ines Garçoni, 38, é paulista, mas gosta mesmo é de fuçar comidas populares no Rio, para onde se mudou em 2005. "Quero saber a história das pessoas que fazem os pratos."

Pois com esse faro ela descobriu personagens, entre eles um sujeito que vendia hambúrguer de soja na praia e hoje tem lojas (o Hare Burger) espalhadas pela cidade. Ou raridades como a sambiquira, "o sobrecu da galinha que, frito, fica igual a um torresmo e sumiu dos botecos", mas resiste no bar do Joel, na Tijuca.

Das pesquisas surgiram os livros "Guia Carioca da Gastronomia de Rua" (esgotado), "Guia Gastronômico de Favelas do Rio" (ed. Arte Ensaio, R$ 70) e, o mais recente, "Larica Carioca" (ed. Rio de Letras, R$ 34).

Saiba quais são suas dez dicas de pratos e quitutes imperdíveis no Rio.

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FILÉ OSWALDO ARANHA DO COSMOPOLITA

Foi no Cosmopolita, na Lapa, que o prato foi inventado. É um bar antigo, dos anos 1920 ou 30, que o próprio diplomata Aranha (1894-1960) frequentava. O filé, muito gostoso, sai igual há anos

  • ONDE trav. do Mosqueira, 4, Lapa; tel. (21) 2224-7820

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FILÉ À MILANESA COM SALADA DE BATATA DO BAR LAGOA

É um clássico total: bar antigo de tradição alemã que foi depredado depois da Segunda Guerra e serve o filé à milanesa sequinho, magrinho, com salada de batata. Não é muito caro e dá para dois e o chope também é uma delícia

  • ONDE av. Epitácio Pessoa, 1.674, Ipanema; tel. (21) 2523-1135

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Berg Silva/Divulgação
Bolinho de arroz do Bar do Momo, no Rio
Bolinho de arroz do Bar do Momo, no Rio

BOLINHO DE ARROZ DO BAR DO MOMO

É um bar imperdível na cidade, minúsculo, um pé-sujo com mesas de plástico. Tinha tudo para ser só mais um boteco, mas o Toninho, o dono, é um criativo, talentoso na cozinha. O bolinho de arroz é gigante, super-recheado, tem bastante queijo e linguiça

  • ONDE r. General Espírito Santo Cardoso, 50, Tijuca; tel. (21) 2570-9389

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Sandro Cespes/Divulgação
Farofa de ovo do Galeto Sat's, tradicional bar de final de noite carioca
Farofa de ovo do Galeto Sat's, tradicional bar de final de noite carioca

FAROFA DE OVO DO GALETO SAT'S

O Sat's é um boteco da boemia, em que as pessoas chegam tarde na madrugada, às 4h ou 5h, para tomar um chope. Tem um balcão para a rua, recebe uma galera meio intelectual, meio de esquerda, muita gente interessante. O galeto é bom, mas o destaque é a farofa de ovo, que na verdade é um ovo com farofa. Sabe aquele ovo que você joga na frigideira, põe farinha e come com palito?

  • ONDE r. Barata Ribeiro, 7, Copacabana; tel. (21) 2275-6197

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Divulgação
Pastel do Bar do Cícero, um clássico carioca na região da Barra da Tijuca
Pastel do Bar do Cícero, um clássico carioca na região da Barra da Tijuca

PASTEL DE CAMARÃO DO BAR DO CÍCERO

Fica num lugar que se chama ilha da Gigoia, na Barra da Tijuca. Você pega um barquinho para chegar e parece uma cidade do interior. Esse pastel é o melhor que já comi no rio, seco, com muito camarão, tem um quê de Bahia, uma coisa meio adocicada

  • ONDE estrada da Barra, 793, ilha Primeira, Barra da Tijuca; tel. (21) 2493-8053

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Wagner Pinheiro/Divulgação
Coxa-creme da confeitaria Colombo
Coxa-creme da confeitaria Colombo

COXA-CREME DA CONFEITARIA COLOMBO

É difícil achar coxa-creme no Rio, quase impossível. Além de o quitute da Colombo ser de alto padrão, a visita à confeitaria é parada obrigatória para o turista que visita o Rio e se interessa por comida e por história –não tem nada parecido no Brasil

  • ONDE r. Gonçalves Dias, 32, Centro; tel. (21) 2505-1500

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LASANHA DE JILÓ DO BAR DA GEMA

Fica na mesma região que o Bar do Momo e também é um boteco criativo, diferente, que usa ingredientes clássicos da cozinha brasileira e carioca. Essa lasanha de jiló eu nunca vi em nenhum outro lugar e é grande, coisa de boteco mesmo, muito queijo, bem temperado, tem gosto, sabor. Não é comidinha, é algo muito bom

  • ONDE r. Barão de Mesquita, 615, Tijuca; tel. (21) 3549-0857

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SALADA DE FRUTOS DO MAR DO BAR DO DAVID

O bar fica numa favela e é uma chance de o turista subir o morro –o risco é baixo, tem polícia em volta e costuma concentrar diferentes grupos de estrangeiros. A salada ganhou o prêmio nacional da Comida di Buteco de 2016. O prato vem servido em uma folha de repolho, com feijão-fradinho e frutos do mar (mexilhão, lula, polvo, camarão)

  • ONDE lad. Ary Barroso 66, loja 3, Chapéu Mangueira, Leme; tel. (21) 96483-1046

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SANDUÍCHE DE COSTELA DO BOTERO

O Botero é um boteco apertadinho que fica dentro do mercadinho São José, em Laranjeiras, e é comandado por Bruno Magalhães, um chef da nova geração. O sanduíche é simples: a costela é cozida na cerveja preta e servida desfiada com especiarias, o que dá um gosto agridoce

  • ONDE r. das Laranjeiras, 90, Laranjeiras; tel. (21) 3235-6314

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Marcos Pinto/Divulgação
Preparo do Angu da Lucinha, servido na Pedra do Sal, na Gamboa
Preparo do Angu da Lucinha, servido na Pedra do Sal, na Gamboa

ANGU DA LUCINHA NA PEDRA DO SAL

Quando o Rio começou a se industrializar, mulheres que vinham da Bahia, geralmente escravas libertas, faziam angu na rua e serviam para os trabalhadores. A Lucinha segue essa tradição e faz um angu delicioso –mingau de fubá com ensopado de miúdos de carne. A Pedra do Sal, na Gamboa, tem esse nome porque era onde escravos desembarcavam as sacas de sal. Hoje, apenas a arquitetura antiga mostra que ali é um local importante para a história do Brasil

  • ONDE r. São Francisco da Prainha, em frente ao número 51, Pedra do Sal, Gamboa

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