Folha de S. Paulo


Governo da Tailândia quer fechar o cerco contra o turismo sexual

Stephen Shaver - 26.set.2001/AFP
ORG XMIT: 513401_1.tif Prostitutas tailandesas aguardam seus clientes em rua de Bancoc (Tailândia). (FILES) Photo dated 26 September 2001 shows young Thai prostitutes standing on the side of a street waiting for customers in Bangkok's downtown redlight district. A report said 02 November 2003, Thailand is considering legalising its famous sex industry, but human rights advocates, go-go bar owners and many of the prostitutes themselves believe the move will do nothing but line the government's pockets. AFP PHOTO/Stephen SHAVER
Prostitutas tailandesas aguardam clientes em rua de Bancoc

A infame indústria do sexo da Tailândia está sob fogo, com a ministra do Turismo pressionando para livrar o país dos quase onipresentes bordéis e blitze policiais nas últimas semanas em alguns dos maiores estabelecimentos de Bancoc.

Quem trabalha nessa indústria diz que um freio nesses serviços prejudicaria uma economia claudicante, que tem lutado para se recuperar depois de um período de agitação política que levou o país à beira da recessão em 2014.

A Tailândia é predominantemente budista e muito conservadora, mas abriga uma vasta indústria do sexo, especialmente para servir aos homens tailandeses –ainda que multidões de turistas também circulem pelos luminosos de boates, bares com dançarinas e casas de massagens em Bancoc e outros polos turísticos.

As praias e templos tailandeses foram pôsteres do turismo asiático por décadas, e o país espera um número recorde na entrada de turistas em 2016.

A ministra do Turismo, Kobkarn Wattanavrangkul, minimizou o papel da indústria do sexo na atração de visitantes.

"Os turistas não vêm à Tailândia por causa disso. Vêm pela nossa bela cultura", afirmou à agência Reuters. "Queremos que a Tailândia tenha um turismo de qualidade. Queremos que a indústria do sexo se vá".

A prostituição é ilegal no país, mas a lei é invariavelmente ignorada. Especialistas dizem que será difícil livrar a Tailândia de uma indústria tão consolidada, e que ainda paga propina para inúmeros policiais e funcionários públicos.

Quem tenta promover o bem-estar social de trabalhadores do sexo dizem que a meta de Kobkarn é irreal.

A iniciativa da ministra vem em meio a uma tentativa do governo de transformar a Tailândia em um destino de luxo, para atrair turistas com alto poder aquisitivo.

Stephen Shaver - 12.nov.2002/AFP
ORG XMIT: 532401_1.tif (FILES) File picture dated 21 February 2002 shows a young Thai ladyboy, or transvestite, smiles and dances 'her' way through a crowd of foreign tourists as others dance on a stage (background) at Phuket's garishly overdeveloped Patong Beach, where ladyboys still pose for photos for wide-eyed tourists at
Travesti posa entre turistas em boate de Phuket, na Tailândia

"O governo militar se nega a reconhecer a proliferação da prostituição e sua contribuição com a economia e com o turismo", diz Panomporn Utaisri, da NightLight, ONG católica que ajuda mulheres que trabalham na indústria do sexo a encontrar profissões alternativas.

Não há estimativas oficiais de quanto esse setor movimento de dinheiro, nem da receita turística que provém dele.

Há, segundo um relatório da Unaids, 123 mil trabalhadores de sexo na Tailândia –no vizinho Camboja são 37 mil.

No mês passado, a polícia fez blitze em dezenas de bordéis em grandes cidades –o que foi classificado como uma operação de rotina, para combater o trabalho infantil e de imigrantes ilegais; só um dos locais foi fechado.

O setor de turismo responde por cerca de 10% da economia interna, e grupos ligados à indústria do sexo dizem que uma Tailândia livre de prostituição, como quer a ministra, prejudicaria a cifra.

A Swing (Service Workers in Group) e a NightLight dizem que eles abraçariam a ideia do governo se houvesse um plano de apoio a quem trabalha nessa indústria.


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