Quando você visita um ponto turístico muito famoso, pode se sentir tentado a, depois de admirá-lo (e provavelmente fotografá-lo para ganhar curtidas nas redes sociais), simplesmente virar as costas e ir embora.
Pois ao visitar as pirâmides do Egito, o fotógrafo britânico Oliver Curtis virou as costas e, diferentemente da maioria dos turistas, parou para observar a paisagem.
"Vi a interseção do horizonte com um véu de neblina sobre a cidade", ele conta. "A areia do deserto estava 'adornada' com lixo, mais à frente vi um campo de golfe recém-construído... Era um sanduíche de cores, texturas e formas contrastantes."
Segundo ele, o cenário se mostrou intrigante por si só, a ponto de já justificar um registro fotográfico. E havia ainda outro elemento singular: o fato de a paisagem ser "o lado errado" de uma das maravilhas do mundo.
Nascia, então, o projeto "Volte-Face", que consumiu quatro anos. Curtis viajou a diversos pontos turísticos consagrados e se dedicou a registrá-los sempre "do avesso", registrando um novo olhar para locais "fotografados até demais".
Entre eles, o Cristo Redentor (Rio), a "Monalisa" (Paris), o Taj Mahal (Índia), a estátua da Liberdade (Nova York), o Vaticano (Itália), a Grande Muralha da China...
"Muito do que se vê parece mundano, a antítese dessas grandes construções; mas [as fotos] emitem uma história, uma narrativa sossegada. É fácil se esquecer que essas atrações são também locais de trabalho, cuidadas por zeladores, guardas, faxineiros", diz Curtis.
Para ele, de qualquer forma, ainda que não se veja fisicamente os pontos turísticos, eles se fazem presentes "pela aura".
O projeto "Volte-Face" virou uma exposição, que ficará em cartaz em Londres (Inglaterra), na Royal Geographic Society, a partir de setembro.
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