Folha de S. Paulo


Pavimentação é concluída e estrada Cunha-Paraty reabre ao tráfego

Passada a festa literária, uma boa notícia veio de Paraty nos últimos dias. A estrada que conecta a cidadezinha no sul do Rio de Janeiro a Cunha, no vale do Paraíba paulista, teve concluída sua reforma estrutural.

O tráfego no trecho de terra da RJ-165 que rasga o parque nacional da serra da Bocaina foi restabelecido na última sexta-feira (1o) –a estrada entre os dois municípios tem 49 quilômetros, 9,4 deles dentro do parque.

Essa porção de estrada passou por drenagem e ganhou calçamento de paralelepípedos, além de restrições de horário (o trânsito só é possível das 7h às 17h, para não perturbar o deslocamento de animais no crepúsculo e à noite) e de velocidade (máxima de 20 km/h).

A obra, orçada em mais de R$ 105 milhões, teve investimento do governo do Estado do Rio.

Moradores e comerciantes sempre apostaram na ligação das duas cidades para incrementar o turismo em ambas. Com a pavimentação, a viagem entre Cunha e Paraty pode ser feita em menos de uma hora; antes, o percurso podia levar mais de duas horas e era particularmente perigoso, em especial em condições climáticas ruins.

A aposta, de qualquer forma, é que ela seja uma estrada-parque, atração turística contemplativa, e não uma via usada para economizar tempo de viagem, por exemplo.

Procurado pela Folha, o DER-RJ informou que a estrada ainda não está totalmente pronta. Apesar de a parte estrutural (de drenagem e calçamento) já ter sido concluída, falta instalar um sistema de monitoramento, eletrônico e remoto, ao longo da via –para controle de entrada, nos horários de restrição, e de velocidade.

De acordo com o órgão, não há uma previsão concreta para isso ser feito –o processo ainda depende de acordos com o Ibama e o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), no âmbito das exigências ambientais da obra.

Enquanto isso, guardas municipais e a polícia estão fazendo o serviço de monitoramento.

A obra de pavimentação da estrada Cunha-Paraty se arrasta em polêmicas há tempos e chegou a ser embargada mais de uma vez.

As expectativas eram de que ela fosse concluída em janeiro de 2015.

A RJ-165, que até a inauguração da rodovia Rio-Santos, nos anos 1970, era a única via de acesso a Paraty, teve seu traçado baseado em trilhas indígenas mantidas na Estrada Real, caminho usado por escravos entre os séculos 17 e 19 para conectar Minas Gerais ao Rio de Janeiro e São Paulo.

Ao longo dela, mirantes permitem ver atrações como a pedra da Macela, cartão-postal de Cunha.


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