Folha de S. Paulo


Após limpar fachada, Roma quer modernizar palco do Coliseu

Roma entregou, nesta sexta-feira (1o), a primeira etapa de um grande processo de restauro do Coliseu: uma multimilionária limpeza para remover uma camada deprimente de fuligem e sujeira das paredes da arena, atacada por décadas de poluição.

A inauguração contou com a presença do primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, e do ministro dos Bens Culturais, Dario Franceschini –além de Diego Della Valle, fundador da grife de luxo Tod's.

A marca, em uma espécie de mecenato moderno, atendeu a um chamado do governo à iniciativa privada para ajudar os constantemente anêmicos cofres italianos a cuidar de seus numerosos tesouros artísticos e arqueológicos.

"É um dia importante porque essa intervenção foi feita com fundos privados, após anos de barreiras tolas entre o público e o privado na tutela dos bens culturais", disse Franceschini.

O ministro anunciou também que o próximo passo da restauração de uma das principais atrações turísticas do país será a reforma do piso –projeto que tem custo estimado em € 18 milhões (R$ 65 milhões).

A ideia é reformular a arena, que recebe 6 milhões de visitantes por ano, deixando-a apta a abrigar os mais variados eventos, como shows, óperas e peças teatrais.

Nos próximos meses, segundo a agência ANSA, o governo deve realizar uma licitação para escolher o consórcio responsável pela obra.

"A arena do Coliseu era, na antiguidade, uma máquina cênica, e o concurso que faremos terá como meta valorizar esse aspecto", explicou o superintendente de Bens Arqueológicos de Roma, Francesco Prosperetti.

Outras melhorias incluem um novo centro de visitantes com cafeteria.

LIMPEZA

A primeira etapa da restauração, de limpeza da fachada, custou € 6,5 milhões (R$ 23,3 milhões) e durou quase três anos –pelos quais a atração, que data do século 1o, se manteve aberta a turistas.

A arquiteta responsável pelo restauro, Gisella Capponi, disse que a limpeza vai permitir que as pedras de travertino de tons creme sejam apreciadas novamente. "A cor destaca o monumento –a sujeira e a fuligem davam uma impressão de ruína ainda maior", afirmou ela à Associated Press.

Nesse sentido, o Coliseu também deve se beneficiar com as restrições ao tráfego nas vias próximas, que margeiam outros monumentos históricos. Em dias úteis, só táxis e ônibus podem circular –carros particulares estão proibidos; nos fins de semana, só pedestres e ciclistas usam o bulevar.

"Se o trânsito pesado, que fez esses estragos, voltar, só precisaremos de três ou quatro anos para revestir o Coliseu de fuligem de novo", disse a diretora do local, Rossella Rea, à AP, em resposta às reclamações do comércio local.


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