Folha de S. Paulo


Mirante no novo World Trade Center atrai menos turistas do que o esperado

Chang W. Lee/'The New York Times'
The One World Obser¬vator¬y atop the 1 World Trade Cente¬r in New York, May 27, 2016. The obser¬vatio¬n deck at the World Trade Cente¬r, the highe¬st in the Weste¬rn Hemis¬phere¬, has had a short¬fall of visit¬ors since it opene¬d in May 2015.(Chan¬g W. Lee/T¬he New York Times¬)
Turistas no mirante One World Observatory, em Nova York

Em Nova York, sempre pareceu algo impossível não elevar os turistas às nuvens. Especialmente porque a cidade pode se gabar de atrações como o One World Observatory, mais alto mirante do hemisfério oeste, no topo do recém-construído 1 World Trade Center.

Quando o complexo do observatório foi aberto, um ano atrás, nos últimos três andares do novo prédio em Manhattan, seu operador, a Legends, previu que atrairia 3,3 milhões de visitantes por ano.

A conta errou pelo otimismo –em 1 milhão de pessoas.

Nesta semana, o mural em vídeo no Global Welcome Center, que mostra a soma em tempo real de visitantes, exibiu o número total de 2,3 milhões desde que o observatório foi aberto, em 29 de maio de 2015.

E parece que o mar de turistas perdeu força com o tempo. O One World celebrou seu visitante 1 milhão em setembro, quatro meses depois da abertura. Oito meses depois, só 1,3 milhão visitou a atração, empoleirada 381 metros acima do nível das ruas.

Como o preço de ingresso padrão foi estabelecido em US$ 32 (R$ 115), o deficit de audiência é significativo para a Autoridade de Portos de Nova York e Nova Jersey –que é a dona do prédio junto da Durst Organization. O órgão, que gastou dezenas de bilhões de dólares reconstruindo o Trade Center, esperava que o observatório fosse um importante gerador de receitas.

A Legends e o órgão oficial insistem que o observatório é um sucesso, ainda que ambos se recusem a divulgar qualquer número sobre o aluguel ou as receitas da propriedade –que é pública–, citando um acordo de confidencialidade. Elas dizem que o observatório atingiu as metas de 2015.

"Entre os número das receitas e as avaliações dos visitantes, não poderíamos estar mais felizes", disse Shervin Mirhashemi, presidente da Legends. "Vemos nossa atração como uma experiência premium."

Ainda assim, o museu e memorial do 11 de Setembro atraiu 2,9 milhões de visitantes ao longo do ano passado, 600 mil mais que o One World Observatory.

Mirantes se tornaram uma mania do século 21, inspirados em parte pela operação lucrativa de uma das mais importantes atrações turísticas do mundo: o Empire State Building, cujos dois observatórios são uma verdadeira máquina de dinheiro: com mais de 4 milhões de turistas por ano, eles respondem por quase 40% das receitas totais da torre.

O Top of the Rock, deque de observação do Rockefeller Center, atrai 2 milhões de visitantes por ano.

As duas atrações aumentaram o preço dos ingressos para se equiparar ao do One World Observatory quando este abriu as portas.

Alguns novos observatórios estão oferecendo mais do que só a vista para atrair turistas.

No emocionante Tilt, no John Hancock Center, em Chicago, você entra em um cercado de vidro que se projeta até 30 graus sobre a rua. Em Los Angeles, quando um mirante de quatro andares na U.S. Bank Tower for concluído, no final do mês, visitantes poderão escorregar por 14 metros em uma plataforma de vidro 300 metros acima da rua.

Mas, em Nova York, a atração tem sido principalmente a vista, seja a partir do Empire State, do Top of the Rock ou, até ele ser destruído nos ataques de 11 de setembro de 2001, do Windows –que ficava nos últimos andares da torre norte do World Trade Center, com restaurantes de luxo, bares e salões de festas com vistas arrebatadoras de Manhattan.

Mirhashemi diz que a Legends ainda está estabelecendo os negócios no novo centro comercial. Ele afirmou que a empresa espera atrair 2,5 milhões de turistas em 2016 e, por fim, mais de 3 milhões por ano.

Chang W. Lee/'The New York Times'
The entra¬nce to One World Trade Cente¬r in New York, May 27, 2016. The obser¬vatio¬n deck at the World Trade Cente¬r, the highe¬st in the Weste¬rn Hemis¬phere¬, has had a short¬fall of visit¬ors since it opene¬d in May 2015. (Chan¬g W. Lee/T¬he New York Times¬)
Entrada do 1 World Trade Center, em Nova York, com poucas filas, em 27 de maio

Para explicar o ritmo mais lento até aqui neste ano, Mirhashemi diz que o turismo normalmente cai entre janeiro e maio, mas acelera de volta no verão [do hemisfério norte, a partir do final de junho].

Mas, no primeiro quarto de 2016, os observatórios do Empire State Building viram um aumento de 15,6% na visitação em relação ao mesmo período do ano anterior.

A Legends, que gastou quase US$ 80 milhões (R$ 288 milhões) para montar o complexo no topo do 1 World Trade Center, tem tradição mais forte na administração de marketing e serviços de alimentação em estádios e locais esportivos –como o Yankee Stadium, no Bronx.

O One World Observatory é o primeiro mirante da empresa, que também vai operar o deque de observação da U.S. Bank Tower, em Los Angeles.

Donos de agências de viagens da cidade ouvidas pelo "New York Times" acreditam que a falta de experiência da empresa no setor pode estar ligada ao número de turistas menor do que o esperado. Segundo Barry Tenenbaum, presidente da agência New York City Vacation Packages, a Legends foca mais o mercado corporativo do que o turístico.

OUTRAS OPÇÕES

Em breve, turistas terão mais opções de mirantes em Nova York. Na parte oeste de Manhattan, um mirante que se autodenomina o mais alto deque outdoor, no 89o andar do prédio 30 Hudson Yards, vai abrir em 2019, seguido por outro no prédio 1 Vanderbilt, próximo ao terminal Grand Central.

Analistas se perguntam quantos observatórios do tipo seriam muitos em Nova York. Mas alguns acham que o céu é o limite.

"A cidade pode, definitivamente, acomodar três, se não mais, mirantes", diz Andrew Luan, dono da agência New York Tour1.


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