Folha de S. Paulo


Alcalá de Henares revela história de Cervantes, que morreu há 400 anos

A cerca de 30 quilômetros de Madri, Alcalá de Henares guarda boa parte do universo onde viveu Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616), o dramaturgo, poeta e escritor espanhol que legou ao mundo o romance "Dom Quixote de La Mancha".

Cervantes morreu há 400 anos, em 22 de abril –não por acaso, na data de seu sepultamento, 23, na Espanha se comemora o Dia do Livro. Por isso, visitar a cidade de 210 mil habitantes nessa época se reveste de significado especial.

Para chegar ao local basta percorrer 11 paradas em um trem moderno durante 40 minutos, saindo da estação Atocha, em Madri, pela linha C-7.

No centro histórico, todos os caminhos convergem para a praça Cervantes, onde também funciona a Oficina Municipal de Turismo. No centro, uma estátua monumental do escritor, obra de Carlo Nicoli rodeada de roseiras, recebe os visitantes.

Como convém a uma cidade histórica, as construções e igrejas de época estão por todos os lados: o coreto, chamado de "quiosco de la música", a própria casa em que Cervantes teria nascido e a torre de Santa Maria –de onde se tem uma boa vista do conjunto arquitetônico.

Alcalá de Henares foi considerada patrimônio histórico pela Unesco e tombada em 1998. No pequeno museu dedicado a Miguel de Cervantes, no fundo da praça que leva seu nome, é possível ver como era Alcalá e como se vestiam os seus personagens no século 16.

Para dormir, uma das boas opções no local é o hotel Parador de Alcalá (paradores@itms.net.br, telefone 1130900868).

CIDADE UNIVERSITÁRIA

Ao redor, há ruas estreitas onde não circulam carros e uma miríade de lojinhas e restaurantes típicos. Há sempre muita gente passeando nessa cidade universitária e não faltam músicos tocando instrumentos ao ar livre em troca de algumas moedas.

Cerca de 10% dos habitantes de Alcalá de Henares são universitários. A cidade teve origem em um assentamento romano e, inicialmente, se chamava Complutum. Com o passar do tempo, se converteu em uma urbe onde a influência árabe foi dominante.

Pouco antes da época de Cervantes, em 1499, o cardeal Cisneiros fundou a Universidade Complutense, que entrou em funcionamento em 1508 e continua ativa.

Desde 1977, a universidade entrega o prêmio literário que leva o nome de Cervantes a escritores de língua espanhola e, assim, celebra, anualmente, o grande romancista morto 400 anos atrás.

Dramaturgo e viajante, Miguel de Cervantes fugiu para a Itália em 1569, depois de um incidente em um duelo. Reza a história que o autor participou da batalha de Lepanto em 1571, onde se feriu na mão esquerda, no peito e em uma perna, ficando manco.

O escritor voltaria a Castela em 1575, mas, capturado por corsários, teria vivido em Argel em 1580, quando foi libertado. Também se sabe que Cervantes viveu entre 1581 e 1583 em Lisboa, onde escreveu "Para Festas Milão, Para Amores Lusitânia".

De volta à Espanha, ele viveu na região de La Mancha e se dedicou à arte teatral. Encarcerado em 1597, ele se pôs a escrever "Dom Quixote", que finalmente publicou, de forma incompleta, em 1615 –considerado o primeiro "romance moderno".


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