Folha de S. Paulo


Reconstruída, Los Cabos volta a ser oásis após furacão em 2014

No começo do dia veio o alerta. Houve, então, tempo para os turistas deixarem as cidades e se abrigarem em locais seguros.

Às 20h, veio o furação: primeiro, chuva forte. Depois, ventania (e, com ela, voavam telhados, bicicletas e o que estivesse suscetível). Só às 5h a tormenta passou.

As perdas foram materiais –não houve registro de mortes. "A cidade ficou destruída e levou um mês para que tudo voltasse a ser como antes e para que os turistas voltassem", diz Patricia Castro, moradora de Cabo San Lucas.

A região de Los Cabos, em Baja California (península que parece se pendurar no mapa do México, a oeste), foi gravemente atingida pelo furacão Odile em setembro de 2014.

Quem visita as cidades de Cabo San Lucas, San José del Cabo e Todos Santos hoje não tem muito a dimensão do ocorrido. Estradas pavimentadas, hotéis luxuosos reconstruídos e comércio ativo. Não há escombros, e, do que não foi reconstruído, foram retirados os destroços.

Los Cabos já voltou a ser um oásis. A região tem, afinal, de um lado o mar de Cortés e, do outro, o oceano Pacífico; entre os dois, um deserto, onde chuva só cai em cerca de seis dias por ano.

E um dos maiores encantos para os visitantes do lugar é justamente o contraste da aridez, de terra marrom e craquelada, cactos aqui e ali, com o mar azul (por vezes anil, marinho, esmeralda...).

Tomando um barco em San Lucas é possível chegar pertinho do Arco, rocha de formato característico no encontro do oceano com o mar, e à pequenina praia do Amor.

Em terra, as principais praias são Médano, Santa Maria, Chileno e Palmilla –todas acessíveis de carro.

PEQUENINAS CIDADES

San Lucas, a maior cidade de Los Cabos (onde está o aeroporto), atrai também interessados em pescaria –torneios internacionais são realizados ali em outubro.

San José, essencialmente turística, é pequenina e pitoresca, com lojas de artesanato (bijuterias, bordados e até sabonetes).

Todos Santos é o "pueblo mágico", lugar que concentra atrativos culturais e folclóricos, galerias de arte e festivais de cozinha, dança e cinema. Além disso, vale o registro, tem o melhor custo-benefício para compras.

A cidade tem até um "Hotel California", como o da música da banda americana The Eagles –ainda que nunca se tenha confirmado se foi esse que inspirou a canção.

Construído em 1950, é administrado por canadenses desde o ano 2000. Além dos 14 quartos, há um agradável restaurante ao fundo.

Caminhando pela cidade encontram-se portinhas como a do "México Gourmet" que, apesar do nome batido, tem boa seleção de mescal e outros produtos típicos.

O dono é um especialista na defumada bebida, feita a partir do agave (que também dá origem à tequila), e realiza pequenas degustações para curiosos –que também podem provar os "chapulines", espécie de gafanhotos servidos como petisco.

México

*

Resorts de luxo à beira-mar oferecem restaurantes estrelados e orgânicos

É entre dois dos "cabos", San Lucas e San José, que o turista tem mais opções para ficar hospedado em uma viagem à região mexicana da Baja California.

Ao longo de uma via que se estende por 30 quilômetros à beira-mar está uma espécie de "corredor hoteleiro" -e muitos dos resorts tiveram que ser recuperados depois do furacão de 2014.

O One & Only Palmilla, por exemplo, só foi reinaugurado em abril do ano passado, após sete meses de reformas.

Instalado em uma fazenda de 1959 (virou hotel em 1970), o lugar conseguiu preservar itens como o chafariz e a estrutura da casa principal, onde hoje funciona a recepção.

Nas reformas, aproveitou para erguer uma vila privativa, com quatro quartos, academia, piscina e cinema exclusivos -nas demais 173 suítes, as diárias variam entre US$ 455 e US$ 3.825, ou de R$ 1.815 a R$ 15,3 mil.

Também são famosos hotéis como o Hacienda, em frente à praia Medano. Com diárias a partir de US$ 625 (R$ 2.494), o resort oferece passeios de buggy e de avistagem de baleias. Ao longo do "corredor hoteleiro" estão ainda grandes redes como Sheraton, Westin, Hilton e Meliá.

À MESA

Para comer, alguns resorts oferecem bons restaurantes. No One & Only Palmilla fica o Seared, de cozinha assinada pelo estrelado chef francês Jean-Georges Vongerichten.

Também vale a visita à Huerta de los Tamarindos, onde o chef Enrique Silva explora o conceito de "farm-to-table" (da fazenda à mesa), em meio ao "deserto".

Por ali, diz-se que, no século 18, barcos filipinos que se abasteciam de água doce no esteiro (braço de rio) do terreno deixavam sementes -e assim começou a produção de ervas, tomates multicoloridos, mamões, berinjelas, mangas e, é claro, tamarindos.

Tudo é orgânico: o clima seco, que até empoeira um pouco as folhas, traz menos insetos e facilita esse tipo de produção, segundo Silva.

Na cozinha aberta, com forno a lenha, o chef dá aulas para pequenos grupos, de quatro horas, em que ensina receitas simples, que valorizam ingredientes frescos (US$ 85, R$ 340).

A jornalista viajou a convite do Turismo de Los Cabos, do resort One&Only Palmilla e da Aeroméxico


Endereço da página:

Links no texto: