Folha de S. Paulo


Na Romênia, histórico de socialismo e brigas religiosas dão 'aula de história'

A Romênia é muito importante para a história política da Europa e do mundo ocidental. Afora ter sido palco de batalhas entre gregos, romanos e eslavos desde sempre, dois fenômenos até hoje fundamentais no cenário político têm no país um palco central.

O primeiro é a conturbada relação entre cristãos e muçulmanos –e chamar a atenção para o caráter essencial e contemporâneo desse tema é, como dizem os cultos, uma platitude (obviedade).

Nos últimos anos, entrou na moda entre os "cultos" a afirmação de que colonizadores europeus do século 19, que se lançaram à busca de riquezas (comportamento humano desde a pré-história) no Oriente Médio e na África, teriam inventado a figura do "muçulmano ameaçador e exótico", a fim de "desumanizá-lo", para poder, mais facilmente, dominá-lo e roubá-lo.

Tese do elegante teórico árabe Edward Said (mas que vivia no Ocidente), seu "Orientalismo" (nome do livro em que sustenta a tese) pode até ser verdade em relação ao século 19, mas não explica as cruzadas na Terra Santa, as guerras entre cristãos e mouros no medievo ibérico, nem tampouco as violentas batalhas entre cristãos e muçulmanos turcos no Mediterrâneo e no sudeste europeu ao longo dos séculos 15 a 18.

A tese de Said é, se não falsa, falha no tocante à justificativa complexa dos conflitos entre cristãos e muçulmanos ao longo dos séculos.

Mas o que nos importa aqui é dizer que a Romênia é um dos cenários mais marcados pelo medo cristão com relação aos mulçumanos no período entre os séculos 15 e 19.

As inúmeras fortalezas, as casas com cruzes do lado de fora para marcar a identidade cristã em oposição à islâmica e a narrativa histórica da Romênia "renascentista" mostram o conflito intermitente que ainda hoje assusta europeus.

O próprio Vlad/Drácula histórico é um resistente à ocupação turca.

Outro fenômeno, mais recente, é o socialismo. Libertos do governo Nicolae Ceausescu (cria do comunismo soviético) em dezembro de 1989, após a queda do muro de Berlim, os romenos não querem nem ouvir a palavra socialismo.

A experiência do "socialismo real" os curou da mentira utópica que ainda assola a América Latina. Sua economia, que só cresce desde o fim do totalitarismo marxista, representa a alegria desse povo em poder cuidar, finalmente, da sua vida em paz.

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O QUE SABER SOBRE A ROMÊNIA

  • Moeda: Novo leu (R$ 1 = RON 0,99)
  • Fuso horário: +5 horas em relação a Brasília (já sem o horário de verão)
  • Visto: Brasileiros não precisam de visto para estadias de até 90 dias
  • Quando ir: Melhor nas estações quentes (de abril a setembro). O inverno (até março) é especialmente rigoroso
  • Como chegar: Não há voos diretos entre Brasil e Romênia; são necessárias escalas em outras cidades da Europa

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