Folha de S. Paulo


Marca de Lisboa, bondes e elevadores conduzem uma viagem no tempo

Zanone Fraissat/Folhapress
LISBOA, PORTUGAL, 00-01-2010. Bondes passam pela rua São Paulo na Cidade de Lisboa, em Portugal. (Foto: Zanone Fraissat/Arquivo pessoal) *** DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM ***
Bondes passam pela rua São Paulo, em Lisboa

Elementos imprescindíveis na paisagem urbana de Lisboa, os famosos bondes e elevadores da capital lusitana conduzem seus passageiros pelas ladeiras e colinas da cidade, proporcionando uma sensação de "viagem no tempo".

Esses veículos, que conservam estrutura e estética originais desde o século 18, estão espalhados pelas regiões históricas de Lisboa e percorrem lenta e suavemente os espaços para que os viajantes possam desfrutar detalhadamente da vista. As pérolas da coleção são preservadas pelo museu da Carris, empresa que administra o transporte público de Lisboa.

Entre os bairros da Ajuda e da Alfama, da parte alta à baixa da cidade, terra e ar são marcados pelo cabeamento elétrico e pelos trens urbanos, que já fazem parte da história desses lugares.

De acordo com a Carris, são mais de 70 veículos e equipamentos, entre eles três elevadores (Glória, Bica e Lavra) e oito linhas de bonde, sendo três exclusivamente turísticas e que, no total, transportam cerca de 1,1 milhão de passageiros por ano.

Com 130 anos de atividade, o elevador da Glória é o mais antigo de todos. Localizado na calçada da Glória, ele une a praça dos Restauradores ao boêmio Bairro Alto.

Desembocando no miradouro de São Pedro de Alcântara, de onde é possível ter uma vista panorâmica da cidade, seu percurso é uma verdadeira exposição da arte urbana de Lisboa, com diversos painéis que lembram momentos históricos da capital, como a queda da ditadura salazarista, em 25 de abril de 1974.

Totalmente integrados ao espaço público, esses típicos transportes de Lisboa fazem a conexão entre passado e presente, mas também servem, por exemplo, para campanhas natalinas –com o Papai Noel conduzindo e cantando dentro deles–, assim como para apresentações de fado nos bondes e jazz nos elevadores.

Nos fins de semana, as praças da Figueira e do Martim Moniz são os principais pontos de saída para os visitantes que querem experimentar um passeio à moda tradicional e que escolhem os chamativos bondes amarelos da Carris que conseguem se locomover pelas estreitas e sinuosas ladeiras das colinas de Lisboa como nenhum outro transporte.

A maior parte do público é formada por turistas –que contam inclusive com circuitos exclusivos, como "Hills Tramcar Tour", "Tram Tour Castle" e "Chiado Tram Tour"–, e que se amontoam em longas filas de espera.

Silvio Cioffi/Folhapress
ORG XMIT: 043601_0.tif Elevador de Santa Justa, construído pelo francês Raoul de Mesnier du Ponsard no século 19, que liga a Baixa ao Bairro Alto, em Lisboa (Portugal). (Lisboa, Portugal, 13.09.1999. Foto de Silvio Cioffi/Folhapress. Negativo 12538.99)
Elevador de Santa Justa, construído no século 19, liga a Baixa ao Bairro Alto

Já o monumental elevador de Santa Justa, classificado como Monumento Nacional em 2002, com sua bela estrutura de ferro fundido, é o único completamente vertical, que não utiliza veículos elétricos e que oferece aos visitantes uma das principais vistas aéreas da cidade, na região da Baixa.

Contudo, se por um lado os bondes e elevadores fascinam os turistas, por outro perdem usuários locais, cansados das longas filas de espera e das aglomerações.

Alguns, no entanto, ainda resistem e os utilizam, principalmente nos dias de semana, porque em determinadas áreas altas da capital nem os ônibus nem o metrô chegam.


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