Folha de S. Paulo


Gabinete de Cunha fica fechado, mas turista pode sentar-se no plenário

O Congresso Nacional é a construção mais famosa de Brasília, símbolo da cidade-sede do poder, com dois edifícios despontando para os céus e as duas tigelas, uma para cima e outra para baixo.

É também, de longe, o conjunto mais animado da capital. Na terça-feira da semana passada (8), por exemplo, o edifício foi invadido por índios pela manhã. À tarde, nós, visitantes, fizemos tour guiados. E, lá pelas 17h, os deputados pularam uns em cima dos outros e quebraram urnas que continham votos sobre a abertura do processo de impeachment.

Há duas formas de visitar o Congresso: aos domingos ela é muito mais instrutiva, com guias pacientes explicando detalhes como presentes diplomáticos e deixando cada um dos visitantes sentar-se na cadeira dos deputados.

Cada congressista tem um tablet preso à mesa –não dá para tirá-lo de lá, seja você visitante ou da casa.

DIA ÚTIL

"Vocês acharam maior ou menor do que parece na televisão?", pergunta a animada guia sobre o plenário da Câmara. "Menor, menor", responde o grupo de 25 pessoas, sentado nas mesmas poltronas verde-oliva onde os deputados brigam, ouvem, xingam, relatam, dançam, tripudiam, pensam, ofendem, são ofendidos, navegam, leem, riem, conchavam, batem, escrevem, socam, quebram, estapeiam, dormem e, finalmente, acordam (sem acórdão).

Já a visita em dia útil precisa ser agendada pela internet, e o tour é bem mais atabalhoado. É preciso usar terno e gravata e não dá para entrar nos plenários, apenas assistir durante cinco minutos dos balcões superiores.

Mas, se você tiver sorte, pode ver uma votação importante. Se ganhar na loteria (atualmente nem está tão difícil assim...), pode vê-los chamando uns aos outros de bagunceiros, bananas e vira-latas. Ou dando porrada.

A divisão do prédio é importante: no lado direito, onde a visitação começa, temos a Câmara dos Deputados, toda verde, começando pelos tapetes. Não podemos entrar no gabinete do presidente da Câmara, pois, segundo informa a guia, está "momentaneamente" sem acesso para turismo cívico.

Já do lado esquerdo, fica o Senado. Os senadores são bem mais contidos e fleumáticos, até porque são 81 contra 513 deputados.

Ao passarmos ao Senado, toda a decoração muda de cor, tendendo para o azul royal, quiçá navy. "Vocês perceberam que o carpete mudou de cor?", diverte-se a guia, ao passar pela porta de vidro que separa as casas. "E de qualidade também?", pergunta marotamente um turista belga, evidenciando certo conhecimento político.

O plenário dos senadores é mais chique. Em vez de tablets, são notebooks. As cadeiras são maiores. O ar-condicionado funciona melhor.

E o carpete é cuidado zelosamente por um funcionário da casa. Com a ajuda de um aspirador de pó e de uma escovinha, há 15 anos o Seu Clodoaldo desenha a bandeira do Brasil, a Catedral de Brasília e o prédio do Congresso Nacional no carpete que envolve a mesa diretora do Senado. Retoca os desenhos a cada duas semanas.

Ao final, uma surpresa: a guia entrega cartões postais para que os visitantes enviem notícias para suas famílias. De graça, sem precisar selar. Um belo gesto. Mas quando deixei o prédio, nuvens tempestuosas ameaçavam o Congresso Nacional.

CONGRESSO NACIONAL
Quando diariamente, das 8h30 às 17h30
Onde praça dos Três Poderes
Quanto grátis; agendamento necessário nos dias úteis em congressonacional.leg.br/visite/agendamento
Traje terno e gravata, vestido ou saia no joelho nos dias úteis


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