Folha de S. Paulo


Brasileiros que moram no exterior dão dicas para economizar em seis cidades

Em tempos em que o dólar flerta com os R$ 4, brasileiros estão pensando duas vezes antes de abrir a carteira em viagens internacionais. Gastos com turismo fora do país caíram 30,4% em julho deste ano em relação ao mesmo mês do ano passado –totalizando US$ 1,68 bilhão, de acordo com o Banco Central. No consolidado do primeiro semestre, a queda foi de 20,2%.

A desvalorização do real faz com que cada almoço, entrada em museu e passagem de metrô pese bem mais no bolso. Para fazer com que o dinheiro não acabe antes do fim da viagem, é preciso apertar o cinto.

Brasileiros que moram em Berlim, Paris, Londres, Nova York, San Francisco e Miami dão dicas para encontrar regiões baratas para se hospedar, locais acessíveis onde comer e o que visitar sem gastar muito dinheiro em cada um desses destinos.

A tecnologia surge como uma das principais aliadas. Corridas no Uber, aplicativo que oferece serviços de motoristas particulares, às vezes sai mais barato que um táxi, por exemplo. Na hora de escolher onde dormir, o Airbnb pode oferecer opções mais em conta que a rede hoteleira tradicional. Confira dicas nestas páginas.

Cortes no orçamento

Berlim

COMIDA
Barraquinhas de rua com pratos típicos, como "döner" (kebab) e pão com "bratwurst" (salsicha) podem ser uma opção de almoço barato antes das filas de museus (dá para encontrar ambos por menos de ¬ 5), recomenda Angela Arten-Mey, do blog "Alemanha! Por que não?"

PASSEIOS
"O que mais pesa nas despesas diárias de uma viagem são os ingressos", diz Arten-Meyer. Para resolver, compre o "Berlin Pass" (a partir de ¬ 71 por dois dias), que dá direito museus, o estádio olímpico e um city tour

HOSPEDAGEM
Nicole Plauto, do blog "Agenda Berlim", conta que é possível economizar ao se hospedar nos bairros de Moabit (próximo ao centro), Lichtenberg e Spandau (mais afastados, mas com bom serviço de transporte público)

TRANSPORTE
O "Tageskarten" (a partir de ¬ 6,90) dá direito a usar o transporte público de forma ilimitada no dia. Há ainda passes semanais e mensais, com desconto. Também é bom comprar as passagens de trem com antecedência para encontrar preços melhores

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Paris

TRANSPORTE
Boa parte das atrações da cidade pode ser visitada a pé. Desde o começo de agosto, o cartão básico de transporte Navigo (¬ 20) teve o alcance ampliado, chegando até a lugares mais afastados dos principais pontos

PASSEIOS
A margem esquerda do Sena, fechada para o trânsito, é o local ideal para tomar sol e relaxar nas espreguiçadeiras. Para quem quiser fugir do agito do Louvre (a partir de ¬ 16), há museus gratuitos, como o Petit Palais

COMIDA
Apesar da gastronomia refinada, Paris tem opções baratas. Renata Inforzato, do "Direto de Paris" indica o Bercy Village, um antigo entreposto de vinhos cheio de restaurantes

HOSPEDAGEM
"Nem todo lugar perto do metrô é bom", diz Gabriel Brust, do "Paris Lado B". Longas deslocamentos atrapalham a viagem. A região de Rive Gauche e os bairros ("arrondissements") 11º, 19º e 20º são boas pedidas

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Londres

TRANSPORTE
O preço do metrô varia com a linha e o horário (a partir de £ 1,5). Ônibus custam sempre esse valor. "E o passeio de ônibus 'double decker' equivale a um city tour", diz Deb Waldmann, do blog "Segredos de Londres"

PASSEIOS
Os principais museus, como o British Museum, têm entrada gratuita. Para Waldmann, um dos segredos da cidade é o Regent's Canal, um canal no rio Tâmisa, pouco explorado pelos turistas: "É um oásis de tranquilidade". E grátis

COMIDA
As opções mais baratas são restaurantes com comida de países como Tailândia e Vietnã, com pratos a cerca de £ 15 (R$ 90). Para quem quiser comer bem, com menor gasto, a boa é o bairro Camden Town

HOSPEDAGEM
As opções mais baratas de acomodação estão em Chelsea e Kensington. E há linhas do metrô próximas. O Airbnb pode não ser uma boa ideia: um bom apartamento e bem localizado pode custar até mais que um quarto de hotel

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Nova York

TRANSPORTE
Se o orçamento é curto, use o metrô. O Metrocard Semanal, que dá direito a quantas viagens quiser em sete dias, custa US$ 31 (R$ 118). "Mas, se o hotel está na Times Square, muitas atrações podem ser visitadas a pé", diz a guia brasileira Priscila Borges, 35

PASSEIOS
É possível conhecer quase tudo sem gastar um centavo –basta se programar. O Memorial dos ataques de 11 de setembro é gratuito; o Museu de História Natural aceita qualquer valor como entrada; o MoMA (Museu de Arte Moderna) é grátis às sextas, das 14h às 20h. Veja lista em bit.ly/1gWZVlF

COMIDA
Os restaurantes não costumam ser caros. Em Manhattan, é possível comer em um dos restaurantes da rede Deli's por US$ 10 por pessoa, incluindo bebida. Uma dica é olhar os locais que anunciam nas revista "Where", disponível nos hotéis, que pode ter promoções

HOSPEDAGEM
Em Nova York, achar hotel barato é difícil. A dica é pesquisar. "Se o turista nunca tiver visitado a cidade, o melhor é ficar próximo à Times Square", acredita Priscila. Um quarto distante, como no Brooklyn, por exemplo, custa a partir de R$ 170 no site Airbnb

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San Francisco

TRANSPORTE
Hotéis podem cobrar taxas de US$ 50 por dia (R$ 190) para usar a garagem, então evite alugar carros. "O melhor é conhecer a cidade caminhando", diz o guia Marcelo Alexandre, 53. O bondinho custa US$ 35 (R$ 133) por sete dias de viagem. Alugar uma bicicleta é boa opção

PASSEIOS
Aproveite para conhecer as atrações ao ar livre. Parta da Union Square e conheça as ladeiras da cidade e a Lombard Street, a rua mais torta do mundo. De lá, é possível ir à Golden Gate e à orla, cheia de
museus e parques. No fim do dia, a opção é a Alamo Square, onde turistas veem o pôr do sol

COMIDA
Evite o Pier 39 e o centro da cidade, onde os restaurantes tem menus para turistas e são mais caros. Há opções acessíveis em North Beach (casas italianas), em Chinatown, com restaurantes chineses, e o Mission District, com receitas mexicanas

HOSPEDAGEM A maior chance de encontrar bons preços é na baixa temporada, de março a junho, próximo à Union Square. O Airbnb funciona bem na cidade –há quartos a partir de R$ 150 por dia

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Miami

TRANSPORTE
Uma corrida com carros do aplicativo Uber, que permite contratar serviço de motoristas particulares, costuma sair mais barato que o táxi. Para quem estiver em Downtown, o Metromover é grátis. Ele é uma espécie de monotrilho que se conecta ao Metrorail, que leva ao aeroporto da cidade

COMPRAS
A alta do dólar ataca o coração da cidade: as compras. A dica é trocar centros mais caros por shoppings que oferecem maiores descontos, como o Dolphin Mall. "Lá é o paraíso da barganha", diz Sandra Prieto, 50, do Guia Miami. Muitos dos "malls" também oferecem cupons de descontos no site

COMIDA
Os shoppings costumam ter as opções mais baratas para comer. O Aventura Mall tem um Olive Garden (macarronadas a partir de US$ 10). No Dolphin Mall, há o P.F. Chang's, com promoções de tacos com sangria também por US$ 10. Para a sobremesa, o Dadeland Mall tem uma franquia da Cheescake Factory

HOSPEDAGEM
"Há anos não vejo uma procura tão pequena de brasileiros", conta Silvia Helena Barbesani, 57, empresária brasileira do Hotel Newport Beachside Resort. A solução foi oferecer descontos que podem chegar a US$ 2.000. A região próxima ao aeroporto costuma ter as hospedagens mais baratas da cidade


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