Folha de S. Paulo


Ilhéus volta a valorizar o cultivo de cacau para recuperar turismo

Mário Bittencourt/Folhapress
ILHÉUS, BA, BRASIL, 12-11-2013: Capoeiristas se apresentam para turistas em Ilhéus, na Bahia, em 12 de novembro de 2013. (Mário Bittencourt/Folhapress) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
Capoeiristas em frente à sorveteria Ponto Chic, no centro de Ilhéus

Embora tenha nascido na vizinha Itabuna, foi em Ilhéus que Jorge Amado tomou inspiração para escrever o famoso romance "Gabriela, Cravo e Canela", de 1958. Não à toa, a cidade do sul da Bahia ficou conhecida como sua terra.

Boa parte do turismo ilheuense hoje está voltado para os lugares citados em suas obras ou frequentados por ele –caso, por exemplo, do Bataclan, prostíbulo convertido em restaurante temático. Mas nem só de Jorge Amado vive (ou deve viver) o turista que passa por ali.

A cidade de 182 mil habitantes, a cerca de 460 quilômetros de Salvador, tem outros pontos turísticos e gastronômicos tão –ou mais– interessantes quanto os eternizados na literatura.

A começar pelo resgate de outra marca local, o cacau, parte importante da identidade de Ilhéus –essa área do litoral baiano é conhecido como "costa do cacau".

A produção cacaueira foi a principal fonte de renda local até meados do século passado, quando a competição com a produção africana e uma epidemia de vassoura-de-bruxa, um fungo amazônico, arruinaram os "barões do cacau".

O fruto nunca recuperou o poder econômico, mas voltou a fazer parte do roteiro turístico da cidade –há até planos de consolidar uma via com base nas fazendas.

Hoje, com a praga controlada, Ilhéus passou a produzir o chamado chocolate de origem –em que todas as etapas da produção, do plantio ao processamento, são feitas no mesmo local.

É o caso da fazenda Riachuelo, que produz o chocolate Mendoá. Ali, há visitas guiadas para grupos de até 20 pessoas (é preciso agendar pelo telefone 73/9955-0916).

Lá, o turista vê todas as partes do processo: da plantação do cacau à embalagem (em partes, artesanal), passando pela escolha das sementes e também o processamento.

A visita, por enquanto, é gratuita, já que o turismo não é o principal foco da fazenda –não há estruturas como restaurante para matar a fome dos visitantes.

É o oposto da fazenda e pousada Provisão, no km 27 da rodovia Ilhéus-Uruçuca, onde, além de visitar roças de cacau e fazer trilhas, pode-se almoçar em um coreto no meio da propriedade e hospedar-se em um dos quartos da sede.

A diária com o passeio sai por R$ 140, com direito a café da manhã, almoço e jantar, além de rafting e trilhas.

CENTRO HISTÓRICO

No centro, o roteiro inevitável passa pela antiga casa de Jorge Amado, hoje convertida em museu. Mas também merece uma parada na sorveteria Ponto Chic, aberta em 1952.

Na carta, com mais de 30 sabores (tapioca é o mais pedido), destacam-se os regionais como seriguela, cajá e cacau (custam entre R$ 4 e R$ 11).

É nas redondezas que ficam o Bataclan e o bar Vesúvio. E, a dez minutos de caminhada, outro ponto que vale a visita, a igreja Matriz de São Jorge dos Ilhéus –erguida em 1556, é a construção mais antiga da cidade.

Lúcio Távora/Folhapress
Prainha, em Itacaré (BA), que atrai turistas em busca de boas praias e gastronomia local

PARADAS FAZEM VALER BATE-VOLTA A ITACARÉ

Situada 70 quilômetros ao norte de Ilhéus, Itacaré é um dos destinos mais disputados do sul da Bahia, conhecido por suas lindas praias e vida noturna agitada.

A viagem leva cerca de duas horas, de carro –ou seja, hospedando-se em Ilhéus é possível passar o dia fazendo stand-up paddle na praia da Concha, em Itacaré; ou, ao contrário, quem dorme em Itacaré tem a chance de separar um dia para visitar o restaurante-museu Bataclan e as fazendas de cacau.

Mas na própria estrada estão atrações que não devem passar batidas, como o mirante Serra Grande 2 –que dista cerca de 30 quilômetros de ambas cidades.

Do alto, é linda a vista para a praia Pé de Serra e o mar.

No caminho, atenção: uma guia turística ouvida pela Folha aconselha evitar o mirante Serra Grande 1, mais próximo a Ilhéus –segundo ela, o local se transformou em um ponto de assaltos.

Próximo ao Serra Grande 2, no quilômetro 28 da rodovia, está o restaurante Cabana da Empada, ponto que deve ser obrigatório de parada.

Um dos chamarizes, evidentemente, são as empadas –há desde os sabores tradicionais de palmito e camarão até a ótima versão de caranguejo ou a de carne seca com banana (todas por R$ 6).

Mas o lugar também oferece um almoço tipicamente baiano, com moquecas e bobós, e providenciais redes para descansar antes de pegar a estrada novamente.

Quem não quiser alugar carro pode fechar um pacote com uma das agências locais –o preço do tour de um dia a Itacaré, com passagem pelas praias urbanas, gira em torno de R$ 80. De táxi, o passeio sai por salgados R$ 190.

Mas que não se aflijam os mochileiros: embora impossibilitem essas paradas no trajeto, há ônibus que fazem a rota Ilhéus-Itacaré por apenas R$ 12.


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