Folha de S. Paulo


Conheça dez rituais tradicionais de passagem de ano ao redor do mundo

Bater panelas nas janelas, quebrar pratos em frente à casa dos outros, queimar bonecos gigantes, sair pelas ruas disparando pistolas cheias de água. Rituais para celebrar o Ano-Novo mundo afora podem ser bem diferentes do nosso tradicional pular sete ondinhas no mar, vestir branco e comer uvas e lentilhas na ceia.

A data da virada também não acontece sempre em 1º de janeiro. "O Brasil segue o calendário juliano, ou católico, como boa parte do Ocidente, mas outros países, como Israel e China, contam os anos de forma diferente da nossa", diz a teóloga Lidice Meyer, professora de ciência da religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 

Embora pareçam exóticas para algumas pessoas, as tradições de passagem de ano de outros povos representam sempre esperança por um ciclo renovado e positivo, explica Denise Gimenez Ramos, professora de psicologia clínica da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo.

"Somos movidos a símbolos, que indicam nossas metas desejadas. A humanidade tem medo do futuro, por isso é importante projetar um [futuro] que seja bom", diz Denise.

Conheça abaixo rituais de Réveillon tradicionais em dez países.

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DRAGÕES DE PANO

Junião

Embora seja mais conhecida como Ano-Novo Chinês, a data é festejada também em outros países do Oriente que seguem o calendário lunissolar, baseado nos movimentos da Lua e
do Sol. Ela costuma ocorrer entre 20 de janeiro e 20 de fevereiro. Na China, a população acende lanternas para atrair boa sorte, troca envelopes vermelhos recheados de dinheiro com os familiares e dança pelas ruas com enormes dragões feitos de pano -o animal é considerado símbolo de poder, benevolência, dignidade e vigilância.

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DEPOIS DA VASSOURA, UÍSQUE

O Hogmanay, ou Ano-Novo na Escócia, é uma festa secular. Do século 17 até boa parte do 21, o país viveu a Reforma Protestante e não pôde celebrar o Natal, uma tradição católica. Assim, a população passou a "descontar" a vontade de festejar no Réveillon, que começa em 30 de dezembro e dura três dias. É comum passar o dia 31 limpando a casa, para afastar energias negativas. Após a meia-noite, o povo se reúne para cantar uma música do poeta conterrâneo Robert Burns e presenteia os vizinhos com biscoitos ou pão. Ah, e eles brindam com uísque, não champanhe, é claro.

MERGULHO A BAIXO DE ZERO

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Os holandeses acendem imensas "fogueiras da alegria" para celebrar o Réveillon, queimando árvores de Natal e estrados de madeira. Nas cidades à beira-mar, mergulhos organizados acontecem ao meio-dia de 1º de janeiro, sob temperaturas em torno de 0°C. Patrocinadores distribuem chapéus na cor laranja e sopa de ervilha bem quente aos menos, digamos, resistentes às águas geladas. Tudo para começar o novo ano com a alma e o corpo "zerados" -ou, como admitem alguns, para curar a ressaca da festa da virada.

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FOGUEIRA DE BONECOS

Para se livrar de lembranças ruins do ano que termina, na noite de 31 de dezembro os equatorianos queimam bonecos feitos com jornais e roupas velhas, palha e papel machê. Eles são chamados de "monigotes" ou "años viejos", e existem em diversos tamanhos, do natural ao gigante. Há versões com as feições de personagens de desenho animado, políticos, celebridades...

CHUMBO DERRETIDO

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Na Áustria, a primeira hora do dia 1º de janeiro é o momento de jogar chumbo derretido dentro de um copo d'água. Quando esfria, o metal forma figuras, que simbolizam como será o próximo ano para a pessoa. Uma bola representa sorte; uma âncora indica que será preciso contar com a ajuda dos outros. Muitos austríacos guardam os desenhos como amuletos -existe a crença de que eles vão colaborar para os pedidos feitos na virada se tornarem realidade.

DOCE COMO MEL

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Celebrado em setembro, com datas variáveis, o Ano-Novo dos judeus é conhecido como Rosh Hashaná. O período de festejos vai do pôr do sol do dia anterior até o anoitecer do dia posterior. Banquetes servidos em família são o centro da comemoração, e o judeus costumam fazer um pedido antes de comer cada alimento. Não podem faltar à mesa maçãs e chalá, tradicional pão trançado, que são mergulhados em mel. Esse ritual simboliza a esperança de ter um ano doce pela frente.

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PANELAÇO

Em Portugal, é costume comemorar o Ano-Novo batendo tampas de panela nas janelas ou pelas ruas. Acredita-se que esse ritual, mais frequente no sul do país, espanta o que aconteceu de ruim nos 12 meses anteriores. Outras tradições comuns entre os lusitanos são pular três vezes com o pé direito e uma taça de champanhe na mão e dançar em volta de uma árvore.

MALA NO ROLÊ

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Os mexicanos cultivam um série de simpatias para atrair boa sorte no Ano-Novo. Para afastar más vibrações, varrem toda a sujeira para fora de suas casas e escrevem coisas negativas em um papel, queimando-o na virada. Em busca de prosperidade, usam a melhor louça na ceia e acendem luzes e velas. Quem deseja viajar muito no próximo ano costuma ainda levar sua mala para dar uma volta no quarteirão.

GUERRINHA DE ÁGUA

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Celebrado entre 13 e 15 de abril, o Ano-Novo na Tailândia também é conhecido como Festival das Águas. As imagens de Buda são lavadas, seja dentro de casa ou nos templos, e o povo sai às ruas com pistolas de brinquedo, molhando quem aparece pela frente. Para os tailandeses, a água simboliza boa sorte, e molhar os outros representa o desejo de que tenham um ano positivo. Outro costume nesta época é libertar animais, como pássaros engaiolados e peixes que vivem em cativeiros.

FESTA DOS CACOS

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Durante as primeiras horas de 1º de janeiro, a tradição na Dinamarca é quebrar pratos na porta das casas de amigos e familiares. O ritual significa lealdade, e quanto mais cacos uma pessoa reúne, mais querida ela é considerada. Antes da ação solidária pelas redondezas, entretanto, os dinamarqueses gostam de subir em uma cadeira e pular, para atrair boa sorte.


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