Folha de S. Paulo


Amigos se perdem em mata de Ilhabela fazendo trilha local

Acostumados a fazer trilhas, os paulistanos Hector de Oliveira e Guilherme Frazzato, então com 24 anos, não se intimidaram quando ouviram que apenas moradores locais faziam a travessia da praia do Jabaquara –onde haviam chegado de carro– até a vizinha, da Fome, por uma trilha na mata de Ilhabela (a 198 km de São Paulo). "A rota começava bem aberta; resolvemos fazê-la", diz Hector, ao lembrar da história, ocorrida em 2009.

Demorou quatro horas de caminhada na floresta para se darem conta de que estavam perdidos. Tentaram não entrar em desespero: ligaram para as famílias e para o Corpo de Bombeiros.

Para serem localizados, era preciso encontrar uma clareira. "Procuramos, mas a floresta era muito fechada", conta Hector. Começaram a ouvir o barulho do helicóptero dos bombeiros, mas não conseguiam avistá-lo. Foi caindo a tarde e veio o aviso: "Vamos encerrar as buscas. Arrumem um local para dormir e amanhã voltaremos".

Divulgação/Corpo de Bombeiros
Dupla de amigos ao serem resgatados em Ilhabela
Dupla de amigos ao serem resgatados em Ilhabela

Desesperados, viram uma rocha de cerca de dez metros e resolveram dormir nela, supondo que estariam protegidos de bichos perigosos. De fato, cobras não chegaram. Mas, insetos, sim. "Fiquei com roxo de picada", diz Hector.

Ao amanhecer, foram procurar uma clareira. Hector ficou na pedra, para não perder o ponto; Guilherme se encarregou da busca.

Guilherme achou um pequeno espaço livre entre as árvores pelo qual passava luz. Com pés e mãos, foram tirando as plantas ao redor. Ligaram para os bombeiros –a bateria estava quase acabando– e foram localizados.

Com o ponto identificado, uma equipe foi por chão resgatá-los, quase 24 horas depois de terem se perdido. Andaram por cerca de uma hora até chegar ao local onde haviam deixado o carro. "Andamos em círculos na mata; não tínhamos ido longe."

A experiência traumatizou Hector, que já fez trilhas desde então, mas só as "muito bem sinalizadas". "Agora sou mais preparado, sempre levo água e comida."

Divulgação/Corpo de Bombeiros
Onde está Wally? Hector e Guilherme estão na metade inferior da foto, no centro
Onde está Wally? Hector e Guilherme estão na metade inferior da foto, no centro

GUIADOS

"Além de evitar perigos, ao contratar um guia você conhece coisas que não conheceria se estivesse viajando sozinho", afirma Jota Marincek, sócio da agência Venturas.

Ele cita uma passagem na chapada Diamantina, na Bahia, quando um turista ia desistir de conhecer uma cachoeira porque começou a chover. Um guia da região convenceu o viajante a ir e abrigou-o num local coberto até a chuva passar.

"O guia sabia que o tempo ia abrir logo. E, quando abriu, apareceu um arco-íris. O cara não ia ter visto isso se estivesse por conta própria", conta.

Além disso, ressalta Marincek, "contratar um guia é gerar renda para a comunidade".


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