Folha de S. Paulo


36 horas em Copenhague: programas para fazer em um final de semana

O estereótipo dos moradores de Copenhague é um casal loiríssimo em trajes estilosos, cada qual em uma bicicleta com um filho (também) loiro no carrinho frontal. Na cidade, onde dificilmente se vê gente pobre, tudo segue o figurino de primeiro mundo.

Campeã em sustentabilidade, a capital dinamarquesa tem mais bicicletas que carros e é rica e civilizada –mas sem deixar de ser divertida.

A única desvantagem –além do frio, já que até março o termômetro raramente ultrapassa 1°C– é o preço elevado de lojas e restaurantes.

Editoria de Arte/Folhapress

Seu centrinho, que pode ser percorrido a pé, tem a mais longa alameda de lojas da Europa, inúmeros bares, cafés, museus e pequenos prédios tão charmosos que dá vontade de parar para fotografar a cada vinte passos.

Sábado, 9h
Café –quem diria!– é levado muito a sério pelos dinamarqueses, embora o país tenha que importar os grãos. Comece a sacar Copenhague indo ao seu maior mercado de comidas, o Torvehallerne.

Dê uma olhada nos estandes espalhados por dois galpões envidraçados, terminando no corner da Coffee Collective. A cafeteria ganhou fama internacional pela qualidade dos grãos importados e pelo cuidado na torra e na infusão. Os baristas soltam cafés –expressos (R$ 13) ou coados (R$ 11)– feitos com precisão.

10h
Do mercado, caminhe até a Stroget, alameda de pedestres que é a espinha dorsal do centro, onde estão as principais lojas. Há desde Zara e H&M a Hermès e Louis Vuitton.

A principal encruzilhada é a praça Amargertorv, cuja fonte com garças é um dos principais cartões-postais.
Mercado Torvehallerne (torvehallernekbh.dk )

11h
Centro nevrálgico da Copenhague turística, o porto de Nyhavn era frequentado por marinheiros, mercantes e prostitutas. Também foi ali que viveu por muitos anos o escritor de contos infantis Hans Christian Andersen. Hoje, os velhos pubs deram lugar a restaurantes e cafés.

12h
Quando se tem pressa de conhecer um destino rodeado de mar, o melhor é saltar em um barco e ver as principais atrações, com alguém explicando tudo em um microfone.

O passeio Grand Tour, que dura uma hora, começa ali mesmo em Nyhavn. Passa pela escultura "The Little Mermaid" –muito menos impressionante do que sua fama–, pela impactante Opera House e pelo palácio Amalienbord, entre outros pontos.
Grand Tour (R$ 32; stromma.dk )

13h
Terminado o tour, ande pelo porto até o The Standard, complexo com três restaurantes e um clube de jazz. Escolha o Almanak, espécie de bistrô nórdico com vista para o canal. O tartare de carne com cebolas, lingonberries (frutinhas vermelhas) e cogumelos deixa no chinelo muitas boas casas de Paris (menu com entrada, prato e sobremesa a R$ 138).
The Standard (thestandardcph.dk )

16h
Faça digestão andando até o maior museu do país, o National Gallery da Dinamarca. Seu majestoso acervo começou com a aquisição de uma coleção de gravuras do alemão Albrecht Dürer em 1521 e, ao longo dos séculos, monarcas foram amealhando peças de alto quilate. As mais de 260 mil obras ficam em um palacete da virada do século 20 e em um segundo edifício, moderno, interligados. Preste especial atenção aos Matisses: há 25 deles.
National Gallery (entrada gratuita para a mostra permanente e R$ 42 para mostras especiais;smk.dk )

18h
Volte à praça com a fonte de garças. Em torno dela ficam duas lojas imperdíveis. A Royal Copenhagen é uma das empresas mais antigas do mundo. Fundada em 1775 e administrada até 1886 pela família real –daí o nome–, está entre as marcas de porcelana de maior renome mundial.

Até hoje produzem à mão a louça mais famosa, canelada branca com desenhos florais azuis. Mesmo para quem não vai comprar –uma xícara com pires custa R$ 235–, o casarão histórico já vale a visita.Ao lado, fica a Illums, megastore de design, que vende cartões, panelas e brinquedos.
Royal Copenhagen (royalcopenhagen.dk )
Illums (illumsbolighus.dk )

21h
Muita gente vai a Copenhague querendo um gostinho da cozinha "new nordic" (nova nórdica), na qual sobressaem muitos frutos do mar, ervas e laticínios e que está em voga graças à ascensão do Noma, casa do chef René Redzepi, ao primeiro posto de um importante ranking dos 50 melhores restaurantes do mundo.

Arrumar mesa lá é quase impossível, mas há excelentes endereços tocados por chefs discípulos de Redzepi. Dois dos melhores são o Bror e o Relae, que servem menus-degustação memoráveis, com ingredientes típicos.
Bror (R$ 160 menu com vinho; restaurantbror.dk )
Relae (R$ 192 menu sem vinho; restaurant-relae.dk )

Domingo, 10h
Além de ter o que se espera do principal espaço verde da cidade –vastos jardins, laguinhos com patos, trilhas, etc.–, o Tivoli funciona como centro de diversões e abriga restaurantes, cervejaria e sorveterias de renome.

Apesar de fechar de janeiro a abril, recebe mais de 4 milhões de visitantes por ano, fazendo dele o quinto maior da Europa em público. A roda-gigante, de 1843, de madeira, tem breques manuais. Ao longo do ano, há apresentações de balé, desfiles e show de fogos de artifício.

12h
Como os ingleses, os dinamarqueses têm sua família real, que mora no Palácio Amalienborg: quatro edifícios iguais e um pátio quadrado ao centro. Às 12h, os soldados fazem a troca de guarda, em trajes parecidos com os dos similares londrinos (inclusive o chapéu felpudo). A diferença é que dá para fotografá-los de perto porque não costuma haver multidões. Eles marcham pelo complexo, tocando instrumentos. Um barato!
Palácio Amalienborg (slke.dk/slotte/amalienborg )

Fritz16/Shutterstock
Guarda real se prepara para troca diante do castelo Amalienborg, em Copenhague, Dinamarca
Guarda real se prepara para troca diante do castelo Amalienborg, em Copenhague, Dinamarca

13h
Caminhe cerca de 20 minutos até o restaurante mais pitoresco, o Schonnemann. Recentemente ampliado (mas sempre lotado), é especializado nos smorrebrods: sanduíches abertos, geralmente montados sobre fatias de pão de centeio. Sobre o pão, pode vir várias delícias –inclusive tartare de carne–, mas os mais tradicionais levam salmão (R$ 63), ovas, arenque ou camarão, além de ovo e maionese. Para acompanhar –nem que seja para provar uma vez na vida–, escolha um schnapps (bebida alcoólica) da seleção.
Schonnemann (restaurantschonnemann.dk )

JPS/Fotolia
Smorrebrod, sanduíche típico dinamarquês que pode levar vários ingredientes
Smorrebrod, sanduíche típico dinamarquês que pode levar vários ingredientes

15h
Se esse turismo não pareceu cansativo, ou se busca programas com crianças, reserve algumas horas para ir ao museu Louisiana, de arte contemporânea, fora da cidade. Além do acervo de primeiro nível, o lugar é lindo, dos jardins de esculturas à lojinha.

Se a ideia é pegar mais leve, vá tomar um chá ou um chope no lobby do Radisson Blu Royal Hotel, inaugurado em 1960. Originalmente batizado de SAS Royal Hotel, foi desenhado pelo arquiteto dinamarquês Arne Jacobsen. Hoje modernizado e reformado, ainda tem lounges com as poltronas Egg de Jacobsen.
Museu Louisiana (R$ 77; louisiana.dk )
Radisson Blue Royal Hotel (radissonblu.com )

21h
Depois descansar no hotel, vá jantar no Geist, lugar que melhor casa diversão e boa comida na cidade, o Geist. Prove o coquetel lemon, lemon, lemon no bar, escurinho e bem badalado. Siga para o longo balcão em L que dá para a cozinha aberta onde o chef-celebridade Bo Bech, gênio criativo, rege sua equipe. Curta o "show" dos chefs ao som de música dançante e não deixe de provar o tartare de lagosta da Noruega com hibisco. Arrisque-se no algodão doce se for capaz.

Na saída, dê uma última passeada pelo porto Nyhavn, ao lado, muito romântico à noite. É a despedida perfeita.
Geist (R$ 30 a R$ 77; restaurantgeist.dk )


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