Folha de S. Paulo


Em passeio por Chicago, turista observa marcos da boa arquitetura

Nessa época do ano, com os termômetros rondando os 25°C, Chicago, uma meca mundial da boa arquitetura, é perfeita para passear.

Com 3 milhões de habitantes, a cidade, que não para de se reinventar, já foi chamada de "a mais verdadeiramente americana das metrópoles" pelo escritor Norman Mailer.

Na sua origem, o local era um antigo entreposto de peles numa região então pantanosa onde o rio Chicago deságua no lago Michigan e, em 1803, um forte chamado Dearborn, posteriormente destruído, foi ali erguido.

A partir de então, a cidade cresceu debruçada ao longo de 42 km nas costas desse imenso lago, até que, em 1871, foi reduzida a cinzas no Grande Incêndio.

Reedificada, em 1893 Chicago foi sede da Columbian Exposition, talvez a mais importante feira mundial de todos os tempos.

Fernando Mola/Editoria de Arte/Folhapress

Nesse mesmo ano, 1893, os arquitetos Louis Sullivan e Dankmar Adler concluíram o prédio da bolsa de valores, ou o Chicago Stock Exchange –e, não por acaso, Frank Lloyd Wright, um dos pais da arquitetura moderna, era estagiário no escritório de ambos.

Já o traçado urbano foi definido em 1908, quando Daniel Burnham concluiu o plano diretor que ainda norteia o desenvolvimento da metrópole.

Para entender Chicago, o ideal é começar o passeio mirando Chicago do alto da velha ponte no local onde a avenida Michigan se divide em Sul e Norte, bem próximo de onde, nos primórdios da cidade, o forte Dearborn foi construído.

No lado norte, a "North Michigan Avenue" cruza uma área comercial elegante localmente conhecida como Magnificent Mille (ou milha magnífica)

Logo no início, o prédio do jornal "Chicago Tribune", em estilo neogótico, que foi inaugurada em 1925. Engastadas nesse curioso edifício estão pedras da muralha da China, das pirâmides do Egito e até da Lua.

Ainda na Magnificent Mille mas no lado oposto da avenida, o prédio Wrigley (1920) e a torre Trump (2009), separados por uma miríade de estilos arquitetônicos, foram feitos para combinar.

Chamando a cidade de "museu a céu aberto" ou de "museu sem paredes", a instituição CAF (Chicago Architecture Foundation) organiza mais de 80 tipos diferentes de tours para quem quer conhecer em detalhe os mais diversos estilos arquitetônicos.

Há inúmeros passeios a pé e até outros que são feitos em barcos que singram as águas do lago ou adentram o rio Chicago.

Ainda na área comercial de North Michigan, estão alguns dos melhores hotéis e restaurantes da metrópole e o edifício John Hancock, esse encimado por um observatório que paira acima da cidade a um altura de 1.128 metros.

Do outro lado do rio Chicago, a South Michigan Avenue margeia o imenso parque Grant, pontilhado de instituições culturais como o Chicago Art Institute, o Millenium Park e a sua fontes ultracontemporânea (Crowne Fountain), que vira uma "praia" nesta época do ano, o planetário Adler, o aquário Shedd, o Museu Field de História Natural e uma miríade de atrações.

No lado oposto ao do parque Grant, a área do trem elevado Loop é mais sombria e remete aos anos 1930 e 1940. Essa região também mescla prédios antigos e contemporâneos e concentra algumas das mais belas esculturas públicas de Chicago, caso do "Flamingo" (1974), de Calder, uma estrutura vermelha que contrasta com um prédio de aço e vidro do Correio projetado por Mies Van der Rohe.

Picasso, Chagall, Miró são alguns dos artistas que também deixaram sua marca em esculturas espalhadas nessa área mais tradicional de Chicago.

Outra maneira de admirar o perfil da cidade é visitar o Navy Pier, uma área de diversões que, construída em 1916, avança pelo lago e tem uma roda-gigante entre suas atrações.

Entre os arranha-céus pós-modernos, o destaque é novíssimo Aqua, cujo projeto, da arquiteta Jeanne Gang, é considerado o maior já concebido por uma empresa norte-americana.

Aficionados por arte e arquitetura devem reservar algumas horas para flanar pelo Millenium Park, tirar fotos ao lado da estátua "Cloud Gate", de Anish Kapoor e espiar o teatro ao ar livre Jay Pritzker Pavillion, projetado por Frank Gehry.

Mas o imprescindível mesmo é visitar com calma o Museu Art Institute, começando pela ala antiga, de 1882, e depois explorando o acervo e os detalhes da construção da nova ala ("New Wing"), essa saída da prancheta do arquiteto contemporâneo genovês Renzo Piano.

Outra dica importante: evite visitar Chicago no final do ano, quando as temperaturas são gélidas, o lago quase sempre congela e andar na rua, com o vento cortante de "Windy City", nem sempre é plausível.

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