Folha de S. Paulo


Cidade do Cabo é referência na enogastronomia na África do Sul

Usar só barricas francesas para envelhecer o vinho ou também as de carvalho americano? Fechar as garrafas com as tradicionais rolhas de cortiça ou com as novas tampas metálicas de rosca, do tipo "screw cap"? Priorizar as uvas tintas do tipo pinotage ou investir em vinhos menos tradicionais produzidos a partir de varietais brancas, como chenin blanc e sauvignon blanc?

No complexo universo vitivinícola da Província do Cabo, na África do Sul, o debate sobre a produção de vinhos mais clássicos ou ultracontemporâneos está em franca efervescência.

Com mais de 100 mil hectares cultivados com videiras e climas que se assemelham aos do Mediterrâneo, bafejada por brisas marítimas constantes e dona de temperaturas mais frias pela noite e ao amanhecer, mas que esquentam durante o dia, a região do Cabo, onde os oceanos Atlântico e Índico se encontram, é emoldurada por uma cordilheira que tem na Montanha da Mesa seu ápice geográfico e turístico.

E, no epicentro dessa Província, a Cidade do Cabo, ou "Cape Town", onde vivem 3,5 milhões de habitantes, é também chamada de "cidade-mãe" sul-africana. Metrópole europeizada à beira-mar em plena África, essa cidade é, além de capital da Província do Cabo Ocidental, a capital legislativa do país.

Foi lá que, há séculos, os primeiros vinhedos do continente africano foram plantados e que floresceram outras cidades igualmente históricas, caso de Stellenbosch, Boeschendal, Franschoek e Paarl.

Na base da primeira colonização, que ocorreu já no século 17, estavam protestantes de origem holandesa e huguenotes franceses, a quem se atribui o pioneirismo da indústria vinícola local.

Desde então, a 20 km de Stellenbosch, cidadezinha ao pé de uma montanha, no vale de Constância, ficam duas das mais tradicionais casas produtoras: a Klein Constantia e a Groot Constantia, propriedades que, aliás, entre 1685 e 1823, formaram uma só enorme fazenda.

Ambas ainda produzem o mítico Vin de Constance, vinho de sobremesa licoroso feito a partir de uvas moscatel tintas e brancas e cuja história remonta a 1679, quando Simon van der Stel se tornou o administrador da colônia holandesa no Cabo para a Companhia das Índias Orientais.

Van der Stel tinha como missão fazer de Stellenbosch o centro de uma área de importância econômica e, para tanto, se valeu dos investimentos realizados duas décadas antes por Jan van Riebeeck, outro alto dirigente da companhia a quem se credita o plantio pioneiro das videiras na Província do Cabo.

Nos anos 1800, o imperador francês Napoleão Bonaparte; e, pouco antes dele, o último rei da França, Luís Felipe de Orleans; e, ainda, o imperador Frederico, o Grande, da Prússia, foram alguns dos clientes ilustres desse vinho de sobremesa viscoso e adocicado de grande complexidade e aroma de uvas passas cujo gênero ficou, depois, conhecido como "late harvest" (colheita tardia).

Mesmo com o transporte precário daquela época, o Vin de Constance chegava em boa forma até a Europa, onde foi também desfrutado por escritores como Charles Baudelaire e Alexandre Dumas. Mesmo no romance "A Viuvinha", de José de Alencar, um típico folhetim brasileiro do século 19, esse vinho é citado.

Com o passar dos séculos, a indústria vitivinícola mundial enfrentou pragas e experimentou mudanças, mas o fato é que o Vin de Constance, cujas garrafas de 500 ml ainda são ícones mundiais em sua categoria, nunca desapareceu.

Para alcançar o resultado que tornou esse vinho tão característico e longevo, as uvas, já quase passas, são colhidas tardiamente _isso porque é preciso ter grande concentração de açúcar nos frutos para fazer um "late harvest".

Nos horários definidos nos sites, essas duas propriedades de Constância podem ser visitadas sem necessidade de agendamento nos arredores de Stellenbosch e, além do clássico Vin de Constance, ambas produzem uma miríade de vinhos com as uvas tintas e brancas _caso da pinotage, da sauvignon blanc, da chardonnay, da riesling renana, da cabernet sauvignon, da shiraz, da merlot e da própria moscatel, localmente denominada "muscat".

Na propriedade da Klein Constantia, além de barris de carvalho franceses, há vinhos que também estagiam em barricas de carvalho húngaras ou de acácia, o que em parte explica a complexidade de aromas e sabores dos seus vinhos em geral. Na parte mais alta da propriedade em Klein Constantia, de onde se avista o litoral e as montanhas ao redor, os vinhedos estão plantados a uma altitude de 70 m.

A mesma Klein Constantia também oferece degustações, possui um bistrô chamado Le Gavroche e vende, além de vinhos e mel, um azeite gourmet aromático e de baixa acidez.
Já a Groot Constantia, onde o vinho de sobremesa "late harvest" não é tão especial quanto o do seu concorrente e vizinho, recebe visitas guiadas realizadas por ônibus de turismo que partem da Cidade do Cabo; essa propriedade, no entanto, herdou a sede histórica original da propriedade, cujo estilo é característico do período colonial do Cabo, tem uma fachada rosada adornada por uma estátua e um estiloso telhado de sapê.

Editoria de arte/Folhapress
Onde fica a Cidade do Cabo
Onde fica a Cidade do Cabo

Diante desse prédio funciona um simpático restaurante ao ar livre, o Jonkershuis, com vista para o oceano e para as montanhas que circundam o vinhedo. Ali são servidos pratos inventivos, como curries acompanhados do arroz do tipo basmati, e nacos de carnes diversas churrasqueadas nas lenhas de uma maneira típica que os sul-africanos chamam de "braai".

Outras estrelas das propriedades Kein e Groot Constantia são os vinhos sauvignon blanc, que não estagiam em barricas e que são produzidos para serem preferencialmente bebidos jovens e frescos, mas que, no entanto, têm boa acidez e envelhecem bem, podendo acompanhar peixes e frutos do mar mais leves.

Já os brancos produzidos com a varietal chardonnay, em ambas as propriedades da região de Constância, passam por barricas de carvalho francês harmonizam bem com carnes brancas e com ostras, por exemplo.

A varietal tinta pinotage, que já foi um símbolo contemporâneo da produção vitivinícola sul-africana e que atualmente está no centro de alguma controvérsia, também resulta na produção dos vinhos com taninos macios dessa região, enquanto a uva shiraz é localmente plantada para dar origem a tintos com um quê de especiarias.

Nova e velha

Nem tão Novo Mundo assim, nem tampouco Velho Mundo, a Província do Cabo é uma região ideal para roteiros enogastronômicos. E Stellenbosch, cidadezinha histórica e praticamente intacta fundada em 1679, onde vivem 100 mil pessoas e que dista 50 km da Cidade do Cabo, é referência para quem viaja atrás de bons vinhos e de comidas contemporâneas e típicas e, ainda, das belas e inusitadas paisagens da região.

Excetuando-se o fato de que guiar por lá significa dirigir na mão inglesa, com direção à direita e câmbio à esquerda, a Província do Cabo, como um todo, e zona de Stellenbosch, em particular, reúne inúmeros hotéis e bistrôs de charme a preços baratos se comparados aos da Europa e mesmo aos do Brasil.

As possibilidade de roteiros enoturísticos são muitas e também são vários os sites que esmiúçam as diversas rotas do vinho, caso do Variety Sinournature e do Great Capitals.

Com um rand valendo R$ 0,20, uma boa dica para bolar uma viagem enoturística por lá é ter à mão a bíblia do vinho sul-africano: o guia anual "Platter's". Esse livrinho de capa dura inventaria, de A a Z, os produtores e seus vinhedos e, também, dá dicas de caminhos, de restaurantes e de acomodações.

O Platter's serve para diversas regiões do país e, como não poderia deixar de ser, também referência para quem explora Stellenbosch, a segunda colônia européia mais antiga da África do Sul e uma cidadezinha deliciosamente pacata cuja universidade foi fundada em 1866.

Se a decisão estratégica for ficar baseado no centro histórico de Stellenbosch, uma dica é ficar hospedado no quatro estrelas Oude Werf Hotel, bem defronte da universidade.

Da avenida Merriman, que marca o centro, dá para avistar as montanhas de Helderberg (1.175 m), os Picos Gêmeos (1.494 m) e o vale de Jonkershoek, onde foram plantados alguns dos primeiros vinhedos.
Stellenbosch tem mais de 60 prédios do século 18 e uma dezena de pequenos museus que contam detalhes de sua primeira ocupação europeia.

Localizado num prédio histórico e com decoração contemporânea, o hotel de Oude Werf fica na 30 Church Street, tem 50 apartamentos e é estratégico para quem quer conhecer algumas dos quase 200 produtores listados na Rota dos Vinhos ou "Wine Route."

Bem menos charmoso que o anterior, o econômico Stellenbosch Lodge, na 25 Canterbury Lane, serve para quem quer ficar perto das regiões produtoras e gastar relativamente pouco.

Inovação em pauta

Banhada pelo rio Eerste, a cidade teve entre seus primeiros colonizadores os franceses huguenotes, que introduziram de forma pioneira nos seus vales a cultura da videiras, mas hoje, nessa região, produtores de vanguarda discutem que estilo de vinhos produzir agora e no futuro.

Há quem diga que os métodos tradicionais, à moda de Bordeaux, na França, devem ceder lugar ao que o enólogo britânico Alex Dale, da Winery of Good Hope, chama de "chenin revolution".

Polêmico e inventivo, Dale é um defensor da varietal "chenin blanc", que ele mesmo também cultiva nas proximidades da Winery Road, perto da estrada R44.

Por ali, o 96 Winery Road Restaurant é uma referência de bistrô bem moderno com um cardápio que reúne desde entradas à base ostras e terrinas de pato, até massas, suculentos steaks e pratos de carne de caça, como o veado "springbok".

Estabelecido em 1689, o produtor de vinhos Ken Forrester, da mesma zona, também segue a diretriz de Dale e produz, entre outros, bons vinhos com as uvas chenin blanc, que alguns pesquisadores dizem ser a primeira varietal plantada na África do Sul. Branco e com notas verdes e toques de maçã, os vinhos feitos com essas uvas estão sendo revalorizados em detrimento da produção de alguns tintos que, nos anos passados, eram considerados superiores e chamados de "noble reds".

Os vinhos tintos produziram com a casta pinotage, no entanto, não saíram de cena nessa região próxima a Stellenbosch. Há, no entanto, uma consciência de que é difícil trabalhar com essa varietal que, segundo alguns produtores, precisa ser trabalhada com menos maceração dos frutos e uma mais cuidadosa separação das cascas. Essa zona produtora também palnta outras varietais tintas, como pinot noir, syrah e granache.

Ainda no entorno de Stellenbosch, a produtora Waterford Estate planta 11 uvas diferentes é referência de bons tintos produzidos com a casta cabernet sauvignon. A terminologia Estate é, aliás, usada para indicar produtores de vinhos que plantam as próprias uvas.

Outro importante produtor da região a Rust en Vrede, fundado em 1694 e também com status de Estate, produz vinhos elegantes com as varietais tintas shiraz, cabernet sauvignon e merlot. Ali, há um restaurante contemporâneo que revisita os clássicos da cozinha francesa.

Para quem explora o enoturismo sem tanta pretensão de tomar vinhos caros e quer ver uma vinícola que prima pelo luxo do ambiente, a moderna propriedade do jogador de golfe Ernie Els organiza degustações e refeições num local onde o forte é a varanda com vista. Ali o foco são os tintos produzidos com as uvas cabernet sauvignon e merlot, mas também há brancos das varietais chenin blanc e sauvignon blanc.

Nascido em Johannesburgo, Els é uma celebridade esportiva sul-africana; já a sua mulher Lisell é natural de Stellenbosch, o que explica a sua ligação com a produção de vinhos.

Em Paarl, patos são usados como 'pesticidas'

Na região localmente conhecida como Western Cape (ou do Cabo Ocidental), Paarl, onde vivem 190 mil pessoas, é outra das cidades da Província do Cabo umbelicalmente identificadas com a produção de vinhos.
Terceiro mais antigo centro urbano sul-africano depois da Cidade do Cabo e Stellenbosh, Paarl dista cerca de 60 km da capital.

Foi em Paarl que o grande líder anti-apartaheid Nelson Mandela foi libertado em 1990, depois de ter sido encarcerado por 27 anos, inicialmente na ilha de Robben e, depois, num cárcere localizado em Drakenstein.

Hoje, o local onde ele ficou preso é guardado por uma estátua de bronze com a sua figura serena e sorridente.

Silvio Cioffi/Folhapress
Patos na vinicola Avondale, na África do Sul; aves comem caracóis
Patos na vinicola Avondale, na África do Sul; aves comem caracóis

Curiosamente, nos arredores de Paarl estão algumas vinícolas mais "alternativas" da África do Sul, caso da Avondale, que fica numa fazenda histórica em Klein Drakenstein. Ali, no vale de Paarl, são produzidos vinhos orgânicos e bio-dinâmicos, e, no lugar de pesticidas, seu proprietário usa patos que comem caracóis, além de outras técnicas bem pouco ortodoxas e "holísticas." A fermentação das uvas é natural e seu proprietário Johnathan Grieve costuma dizer que produz "slow wines".

Com relação à polêmica sobre usar rolhas de cortiça ou tampas metálicas de rosca, ele, na contramão de tantos outros enólogos e produtores é, também, taxativo: "eu acredito nas rolhas, elas são melhores e permitem que o vinho se desenvolva e respire!".

Por detrás dessa polêmica, que não é apenas sul-africana, mas é mundial, está uma questão de custos, arrolhar as garrafas custa três vezes mais do que usar capsulas do tipo "screw cap".
De todo, os defensores da tampa de rosca dizem que as rolhas podem eventualmente estragar com o tempo.

Avondale, ao contrário do que o discurso pode sugerir, produz vinhos modernos como o Anima, que usa a uva chenin blanc; o Cyclus, outro branco que mistura cinco varietais; o Camissa rosado, um "blanc de noir" (vinho branco de uva tinta) e o Samsara, esse um tinto produzido com 100% de uvas syrah.

Além de produtores quase artesanais, a região do Cabo também abriga gigantes da indústria vitivinícola, com destaque para a Nederburg, do grupo Distell, que produz vinhos desde 1791, quando foi fundada pelo imigrante alemão Phillipus Wolvaart. A sede principal, com aspecto de indústria moderna, também fica nos arredores de Paarl, entre o rio Berg e Montanha de Paarl, e tem 49 hectares.

Em 1937, Johann Graue assumiu a Nederburg e foi pioneiro de técnicas como a fermentação a frio, o que transformou essa vinícola em líder de mercado na África do Sul. Produzindo mais de 80 rótulos diferentes, a Nederburg tem 65% de sua produção é exportada e, graças ao seu gigantismo, acaba tendo acesso a novas tecnologias com grande rapidez. Ali, a surpresa são os "blends" fáceis de beber que usam uvas de cepas não tão características da Província do Cabo, caso da branca alemã gewürstraminer e da tinta argentina malbec.

Arte e natureza

Também na região de Western Cape, a cerca de 160 km de leste da Cidade do Cabo, a região no entorna da cidade de Robertson está associada à produição de brancos e tintos elegantes e frutados e com o plantio das varietais chardonnay e shiraz.

Casa produtora mais importante de lá, a Graham Beck produz tintos elegantes e e como o The Joshua, que usa 94% de uvas shiraz e apenas 6% da tinta viognier, e o The Ridge, que usa exclusivamente a varietal shiraz. Ambos são envasados em garrafas com rolhas tradicionais e têm grande longevidade, evoluindo na garrafa.

Mais simples, a linha Graham Beck The Game Reserve, usa tampas de rolha de metal (ou "screw cap") em vinhos produzidos a partir de uvas sauvignon blanc, chenin blanc e nos tintos produzidos com a varietal pinotage, que no entanto é plantada na região de Stellenbosch.

Com uma sede luxuriante em estilo moderno, a produtora mantém uma reserva de animais e plantas chamada Grahm Beck Private Nature Reserve.

Ali, com sorte, podem ser avistados animais como coelhos selvagens, águias, corujas, raposas e até pequenos leopardos (os "cape leopards").

Outra atração da Graham Beck é a sua coleção de arte, que inclui pinturas de Marc Chagall e Fernand Léger.

Também com vista para o vale dos vinhedos nas cercanias de Paarl, a Fairview talvez oferece um dos programas enograstronômicos mais completos da região do Cabo.

France Presse – 22.jan.2002
Na Cidade do Cabo, aventureiro desce abismo de 112 m na montanha da Mesa
Na Cidade do Cabo, aventureiro desce abismo de 112 m na montanha da Mesa

Os vinhos que eles produzem são vários, têm qualidades que variam muito de rótulo para rótulo e os preços, em geral, não são exorbitantes. Entre eles, destacam-se o delicado Goats do Roam (um trocadilho com os francês Côtes du Rhone) e o inventivo tinto Extraño, que junta as uvas tempranillo e grenache. De todo modo, vale visitar essa fazenda de 1693 para, além das degustações de vinho, provar os diversos queijos de cabra e as compotas que eles produzem. A sede é histórica e, ali, vale deixar o tempo passar e inclusive levar as crianças para comer no restaurante La Capra. Numa propriedade contígua, a Fairview também mantém um espaço de lazer que, numa sede antiga, produz cerveja artesanal e tem inclusive um ateliê que produz objetos de vidro soprado artesanalmente.

Vinhedos com vista

Outra propriedade cênica, a Lourensford (www.lourensford.co.za), no Louresnsord Wine Estate, em Somerset West, faz vinhos modernos e leves, fáceis de beber, mas foi fundada em 1700. A entrada é por um condomínio de luxo, mas a propriedade atrás tem, além de vinhedos que sobre a encosta de uma montanha até 100 m acima do nível do mar, macieiras, pereiras e amexeiras. Há ainda criação de truta e, no alto da montanha, onde são organizadas degustações paa convidados de vinhos como o sauvignon blanc e viognier _uva com a qual fazem brancos e tintos.

Franschoek, a cidade com influência huguenote

Logo na entrada da cidade, uma placa logo alerta: "Franschoek, onde os huguenotes primeiro plantaram suas videiras". De fato, a história da cidade se confunde com a da chegada, em 31 de dezembro de 1687, dos primeiros franceses huguenotes que viviam nos Paíeses Baixos desde que o rei francês Luís 14 havia revogado o Édito de Nantes colocando essa comunidade protestante na berlina.

Localizada a 50 km da Cidade do Cabo, no vale do Drakenstein, esse é reputado um dos distritos mais cênicos entra as zonas produtoras de vinho na África do Sul.

O site Franschhoek dá dicas de visitas aos 48 produtores da área e o centro de infraçaões turísticas, na 62 Hugenot Road, também fornece informações dos inúmeros festivais culturais que Franschhoek sedia ao longo do ano.

Um dos produtores mais interessantes e inovativos da região é o Boekenhousloo, famosos por usar técnicas modernas e produzir vinhos inventivos.

Seus vinhos mais comerciais são o Porcupine Ridge, produzido com uvas sauvignon blac, e o "The Wolftrap", um corte de viognier, chenin blanc e grenache blanc. Leves e aromáticos, com boa acides, esses dois brancos usam tampas metálicas de rosca do tipo "srew cap".

Os vinhos tintos mais importantes é ali produzidos leva o nome quase impronunciável da casa produtora, "Boekenshoutsloof. Eles são um syrah com taninos macios e grande longevidade e um cabernte sauvignon que, produzido com barris de carvalho novos, são sistematicamente elogiados pelo guia "Platter´s" desde 1996. Outro sucesso desse produtor é o tinto The Chocolate Block, um corte de uvas como syrah, grenache, cabernet sauvignon e viognier.

A cidade em que história e geografia se entrelaçam

Para a Cidade do Cabo, a indústria vitivinícola é quase tão simbólica as duas maiores atrações turísticas da região: a Montanha da Mesa, elevação de 1.088 metros, e o Cabo da Boa Esperança.

E foi bordejando essa região, em 1487, que a caravela do navegante português Bartolomeu Dias encontrou, quase que sem perceber, a passagem do entre os oceanos Atlântico e Índico, depois de uma tempestade 14 dias.

Dez anos depois, em 1497, Dias refez a viagem na expedição de seu conterrâneo Vasco da Gama, a primeira que, dobrando o cabo, chegou às "Índias".

Encruzilhada entre Ocidente e Oriente, o cabo que era das Tormentas, antes de ser renomeado da Boa Esperança é um desses locais onde a história e a geografia se entrelaçam.

Nos dias claros, do alto da Montanha da Mesa, onde se chega num bondinho giratório, dá para avistar o cabo e divisar quase que todo o traçado urbano da Cidade do Cabo.

O primeiro a subir essa montanha, em 1503, também foi um português: o marinheiro Antonio de Saldanha.
Assim, para o brasileiro, além dos roteiros enogastronômicos, essa viagem tem um sabor histórico especial, já que, antes mesmo da chegada do holandês Van Riebeeck, em 1652, a região esteve ligada às navegações lusitanas.

Outro que esteve por lá em 1579 foi o navegador britânico "sir" Francis Drake, que anotou em seu diário que só então havia encontrado a coisa mais imponente e o mais belo cabo que se viu em toda a circunsferência da Terra".

Parece exagero, mas quem circula pelas estradas bem pavimentadas entre a Cidade do Cabo, Stellenbosch e Paarl ou se dirige até o Cabo da Boa Esperança, que dista 80 km ao sul da capital e fica dentro de um parque nacional de 7,8 mil hectares, se depara a todo tempo com paisagens idílicas.

Outra referência para que fica na Cidade do Cabo é o Victoria & Alfred Waterfront, velho porto que foi revitalizado a partir de 1990 e cujo complexto abriga bons hotéis, 30 restaurantes, o aquário "Two Oceans" e um shopping center.

No Waterfront, lugar perfeito para passear, há prédios antigos, como a torre octogonal do relógio, de 1882, e, também, estruturas modernas onde funcionam lojas, pequenos museus, galerias de artes e bancos.
Exemplo de regeneração urbana em área portuária, o complexo de lazer e entretenimento também é sede de pequenas operadoras que fazem passeios de barcos ao redor.

Hoje propriedade privada, o conjunto foi comprado em 2006 pela empresa Transnet, cujos donos são a Dubai World e a London & Regional Properties, e vendido em 2011 para a sul-africana Growthpoint.

SILVIO CIOFFI viajou a convite da associação Wosa (Wines os South Africa)

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QUEM LEVA PARA A ÁFRICA DO SUL

SEM AÉREO

US$ 487 (R$ 1.074)
Quatro noites na Cidade do Cabo, com café da manhã. Roteiro passa pelas vinícolas de Anura e Boekenhoutskloof e inclui degustações. Agência oferece traslados e degustação de queijos. Na Taks: (11) 2821-8800; takstour.com.br

R$ 3.360
Pacote para seis noites entre a Cidade do Cabo (quatro noites), Oudtshoom e Knysna (uma noite em cada uma delas), com café da manhã. Inclui traslados e ida à vinícolas, com degustação. Na Flytour: 0800-118687; flytour.com

US$ 4.281 (R$ 9.434)
Oito noites entre Stellembocsh (duas noites), Cidade do Cabo (três noites), Kruger Park (duas noites) e Johannesburgo (uma noite), com café da manhã diário e todas as refeições em Kruger Park. Inclui degustação de vinhos no hotel de Stellenbosch e aéreo entre Johannesburgo e Kruger Park. Na Teresa Perez: (11) 3799-4000; teresaperez.com.br

US$ 5.960 (R$ 13.134)
Pacote para nove noites entre Stellenbosch (uma noite), em Johannesburgo (três noites), Cidade Do Cabo (três noites) e região dos safáris (duas noites). Com café da manhã em Stellenbosch e Johannesburgo e todas as refeições nos safáris, traslados, passeios (como compras em Melrose Arch, em Johannesburgo), dois jantares e ida à região das vinícolas em Stellenbosch, com degustação. Na Queensberry: (11) 3217-7601; queensberry.com.br

COM AÉREO

US$ 1.851 (R$ 4.080)
Oito noites na Cidade do Cabo, com café da manhã. Inclui ida á vinícola Bramon Wine Estate, traslados e aluguel de carro por seis dias. Na Terra Mundi: (11) 3060-5822; terramundi.com.br

US$ 1.990 (R$ 4.386)
Pacote de cinco noites na Cidade do Cabo, com café da manhã. Inclui passeios pela Anura Wine Estate e por Franschhoek, com degustação de vinhos (tour é pago à parte e custa US$ 130, R$ 287). Na Visual: (11) 3235-2000; visulturismo.com.br

US$ 2.842 (R$ 6.263)
Pacote para seis noites entre Johanesburgo e a Cidade do Cabo, com café da manhã diário em Johanesburgo e na Cidade do Cabo e duas refeições na região do Kruger Park. Roteiro inclui uma vinícola (Boschendal ou Groot Constantia), com degustação de vinhos. Inclui traslados, dia de safári, city tour na Cidade do Cabo e ida ao Cabo da Boa Esperança. Na CVC: 3003-9282; cvc.com.br

US$ 3.958 (R$ 8.723)
Pacote de seis noites na Cidade do Cabo e em Stellenbosch, com café da manhã e três refeições. Roteiro inclui as vinícolas Grande Roche e Lanzetrac, com degustação. Na Abreu: (11) 3702-1840; abreutur.com.br

US$ 11.605 (R$ 25.574)
Pacote de 19 noites pela África do Sul, Zâmbia e Ilhas Maurício, com café da manhã diário, três almoços e cinco jantares. Inclui traslados, ida à vinícola de Stellenbosch (na África do Sul), três noites de hospedagem no Royal Chundu, em Livingstone (Zâmbia), três no Chitwa Chitwa Lodge, em Mpumalanga, duas no Delaire Graff, em Stellenbosch, quatro no Cape Grace, na Cidade do Cabo (todos na África do Sul), quatro no Le Touessrok e duas no Saxon (nas Ilhas Maurício), além de safáris fotográficos. Na Adventure Club: (11) 5573-4142; adventureclub.com.br


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