Folha de S. Paulo


Conheça Auvers-sur-Oise, cidade francesa onde Van Gogh morreu

"É o verdadeiro campo, característico e pitoresco." A frase de Vincent Van Gogh (1853-1890), em carta ao irmão, Theo, data de 20 de maio de 1890 e descreve o vilarejo de Auvers-sur-Oise, na França, para o qual o pintor holandês acabara de se mudar.

Van Gogh tinha um histórico de surtos psicóticos –no mais famoso deles, decepou a própria orelha. Achava Paris muito barulhenta e via com otimismo o futuro em Auvers, onde esperava encontrar mais paz.

Fotolia
Igreja de Auvers, um dos locais pintados por Van Gogh
Igreja de Auvers, um dos locais pintados por Van Gogh

Na pequena cidade, que o impressionava pela calma interiorana a cerca de 33 km de Paris, Van Gogh viveu um de seus períodos mais fecundos artisticamente e pintou mais de 70 telas (mais de uma por dia). Porém, voltou a se deprimir e atirou na própria barriga, morrendo dois dias depois, pouco mais de dois meses após chegar na cidade.

Ir a Auvers, acessível até o início de novembro por trens diretos a 40 minutos de Paris (em fins de semana), é como se transportar para os últimos dias do pintor. Mais de 120 anos depois, a cidade continua sendo a perfeita descrição de um vilarejo francês do interior, com ruelas, casinhas e campos de trigo.

Pelas ruas, reproduções de quadros famosos lembram que, ali, estão os cenários pintados pelo mestre. Comparando o quadro e o visual ao fundo, vê-se que pouco mudou, sejam os trigais, a igreja ou a prefeitura. Com perdão à realidade, o pintado por Van Gogh é ainda mais impressionante.

Divulgação
Albergue Ravoux, onde o pintor passou seus últimos dias
Albergue Ravoux, onde o pintor passou seus últimos dias

Começando pelo fim, após passar por plantações imortalizadas em tela, está o pequeno cemitério em que estão os corpos do pintor e do irmão, seu confidente e esteio emocional e financeiro.

Não longe dali, fica o albergue Ravoux, onde o pintor alugava o quarto mais barato e no qual agonizou após a tentativa de suicídio (uma versão recente, desacreditada pela maioria dos especialistas, dá conta de que ele teria sido vítima de um tiro acidental de outra pessoa).

Uma caminhada de 20 minutos leva à casa de Paul Gachet, médico que tratava Van Gogh e também outros artistas, como Paul Cézanne e Pierre-Auguste Renoir. Foi do médico a sugestão de que Van Gogh pintasse febrilmente como forma de tratar os surtos.

O "Retrato de Dr. Gachet", óleo sobre tela em que o médico aparece com olhar melancólico, foi por anos o quadro vendido pelo maior valor da história: US$ 82,5 milhões (R$ 183 milhões), em 1990, a um magnata japonês do setor de papel.

Ao morrer, pobre e atormentado aos 37 anos, Vincent Van Gogh era conhecido por poucos e só vendera uma tela em vida. No leito de morte, disse ao irmão: "A tristeza durará para sempre".

Editoria de Arte/Folhapress

A poucas ruas do albergue, há um museu dedicado ao absinto, bebida da moda em sua época. Não é preciso ver a exposição, que é ruim, mas vale sentar no bar do museu, observar o ritual de preparação do fortíssimo destilado e, antes de deixar Auvers, brindar à memória do mestre.

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NOS PASSOS DE VAN GOGH

CEMITÉRIO
ONDE chemin des Vallées

ALBERGUE RAVOUX
ONDE 52 rue du Général de Gaulle
QUANTO € 6 (R$ 18)
QUANDO até 26 de outubro, de quarta a domingo, das 10h às 18h
SITE maisondevangogh.fr

CASA DE PAUL GACHET
ONDE 78 rue du Docteur-Gachet
QUANTO entrada gratuita
QUANDO até 31 de outubro, de quarta a domingo, das 10h30 às 18h

IGREJA
ONDE place de l'Église
QUANDO quinta, das 17h às 18h30; sábado, das 10h às 12h; missa aos domingos, às 10h30, às quintas, às 19h, e às sextas, às 9h

MUSEU DO ABSINTO
ONDE 44 rue Callé
QUANTO € 5 (R$ 15)
QUANDO até 1º de setembro, de quarta a domingo, das 13h30 às 18h
SITE musee-absinthe.com


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