Folha de S. Paulo


Depoimento: 'Esteja preparado para que nada seja dramático'

Em todos os lugares, a gente parava o que estava fazendo para ver o pôr do sol e ficava filosofando sobre a viagem. Meu maior sonho era conhecer as pirâmides do Egito, então aquele foi um momento especial. Tudo que eu tinha aprendido na escola e visto nos programas do Discovery Channel era realidade.

Saímos do Brasil muito preparados, física e psicologicamente. Isso foi importante para não encararmos nada como um drama. Aproveitamos bem as paradas para descanso, pois as locomoções, trocas de hotel e arrumação de malas às vezes eram estressantes.

Quando ficávamos mais de cinco dias na mesma cidade, recarregávamos as baterias. As viagens de navio também nos relaxavam. Além de descansar, a gente adorava tirar tudo da mala, arrumar as gavetas e colocar os itens de banheiro em seu lugar. Coisas simples como essas fazem falta numa volta ao mundo.

Sentimos medo no começo mas, depois do segundo mês, já estávamos adaptados a uma nova rotina: não ter casa e descobrir que o mundo é mais seguro do que pensamos. O desafio número 1 numa viagem dessas é manter a cabeça aberta diariamente. Você vai conhecer culturas diferentes, e julgamentos ou preconceitos só te impedirão de curtir e aprender com a diversidade.

Editoria de Arte/Folhapress
Mural da Viagem
Mural da Viagem

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Passamos por seis continentes: África, Oriente Médio, Europa, Ásia, Oceania e América do Norte. Imprevistos sempre aparecem, mas não enfrentamos nada grave. Na Tanzânia, passamos mal com a comida local, feita com muitas especiarias e pimentas estranhas.

Por outro lado, surpresas gostosas apareciam sempre, como experimentar carne de avestruz e de canguru, e fiquei encantada com a riqueza da culinária tailandesa. Para evitar problemas, existem duas regras básicas: sempre comprar água mineral e experimentar pratos e petiscos diferentes aos poucos, para adaptar lentamente o corpo aos sabores exóticos.

Como éramos marinheiros de primeira viagem, nosso primeiro mês longe de casa foi bem esquematizado. Parei de trabalhar 30 dias antes do primeiro embarque e reservamos todas as acomodações e passeios na África do Sul, nosso primeiro destino. Depois disso, relaxamos e aprendemos a aproveitar aquela fase de andarilhos. Fazíamos reservas até dois ou três dias antes de chegar a uma cidade.

Uma dica importante é pesquisar com antecedência sobre o seu próximo destino: segurança, temperatura, comida, onde concentram-se os hotéis ou albergues indicados ao seu perfil. Isso facilita muito quando você chega lá.

Outra é ficar aberto a alterações no itinerário inicial. No meio do caminho, decidimos mudar alguns destinos, por causa do clima ou porque conhecemos gente que falou bem de determinados lugares. Como tínhamos um plano macro detalhado, era fácil encaixar as surpresas que apareciam. A passagem RTW ("round the world") também facilitava a reorganização do nosso roteiro.

PAMELA MATSURA DE BRITO TECH, 30, profissional de TI, viajou com o marido, Reginaldo Tech Eugenio, 36, empresário.


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