Folha de S. Paulo


Confira os depoimentos de quem alugou uma residência durante viagem

O "Turismo" colheu depoimentos de viajantes e moradores que usaram os serviços de site que alugam residências por temporada. Confira abaixo os prós e os contras de utilizar o serviço..

Hospedagem alternativa é tendência. Saiba como alugar.

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Na hora de alugar, site é ótimo; já na hora de reclamar...

LUISA ALCANTARA E SILVA
EDITORA-ASSISTENTE DE "COMIDA E TURISMO"

Onde alugou Ubatuba (SP)

No mês passado, aluguei uma casa em Ubatuba pelo Airbnb. Com medo de entrar em uma roubada –e se eu depositar o valor e a casa não existir?–, li e reli os termos do serviço. E fiz, com uma amiga, uma busca por mais informações sobre a nossa anfitriã.

O site não informa o sobrenome ou telefone da pessoa, para que usuários não tentem fechar negócio por fora, sem pagar a taxa de serviço.

Na internet, achamos o Facebook da proprietária e a casa no Google Maps. Ah, realmente é perto da praia, então ela não está mentindo e as outras informações devem ser verdadeiras. Mais: ela existe; se der algum problema, temos minimamente como ir atrás.

A casa era melhor que nas fotos: colchões limpos, wi-fi e a anfitriã era rápida ao responder nossas dúvidas.

Mas tivemos um problema em relação ao pagamento: os R$ 1.780 informados no site foram cobrados em euro. Até aí, tudo bem; eu que faria o pagamento e o site avisou que seria assim. Só não esperava que a conversão desse R$ 1.881, o que resultou em mais IOF.

Na hora de fechar negócio, tudo funcionou bem, mas, na hora de reclamar, é um martírio. Não há telefone para contato; tive que abrir uma queixa contra a minha anfitriã –com a permissão dela, que foi ótima– para que o Airbnb entrasse em contato comigo. Por e-mail, claro. Telefone? Não.

O site esclareceu o problema –via e-mail– depois de cinco dias.

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A opção parecia fora da casinha, mas era isso ou pagar o triplo

ADRIANA KÜCHLER
DE SÃO PAULO
Onde alugou Chicago (EUA)

Adriana Kuchler/Folhapress
Vista de quarto disponível para aluguel em Chicago
Vista de quarto disponível para aluguel em Chicago

De férias em Nova York, em 2012, decidi em cima da hora ir ao festival Pitchfork, em Chicago. Resisti o quanto pude à ideia de me hospedar na casa de um desconhecido numa cidade que não domino.

Nada parecia mais fora da casinha. Mas, por causa do evento, os hotéis não tinham mais vaga nem em beliche.

Com uma amiga, arriscamos alugar um quarto pelo Airbnb. O que me ganhou foi a localização central e a vista absurda do píer e do lago Michigan, que eu só teria igual se pagasse o triplo do preço num dos finos hotéis vizinhos, como o Hyatt.

Whitney, a "anfitriã", como o site chama os hospedeiros, respondeu às minhas questões rapidamente, não me dando tempo para vacilar.

A vista era mais impressionante que nas fotos; a cama, fofa; a casa, limpa; e a anfitriã e seu namorado, uma simpatia. Levaram a gente para um passeio de barco pelo rio e quiseram saber tudo sobre Michael Teló, dono do hit daquele momento tanto em São Paulo quanto em Chicago.

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"Anfitriã recebe mais pelo prazer de conhecer gente do que por dinheiro"

ALEXANDRE ORRICO
DE SÃO PAULO

Onde alugou Barcelona (Espanha)

Quando viajei para Barcelona, em fevereiro deste ano, além de uma hospedagem confortável, ganhei de lambuja a Teresa, uma anfitriã extremamente atenciosa, que recebe pessoas mais pelo prazer em conhecer gente nova do que para ganhar dinheiro.

Teresa me contou por que ela defende a independência da região de Catalunha da Espanha, me deu dicas sobre que pontos turísticos visitar e me sugeriu evitar alguns restaurantes muito badalados, caros e que não eram os melhores representantes da culinária local.

O quarto era idêntico ao mostrado no site e limpo por uma faxineira todos os dias. Eu tive um banheiro exclusivo, internet sem fio e um espaço na geladeira da casa.

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"Apartamento oferece a ilusão de viver na cidade"

RODRIGO VIZEU
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS

Onde alugou Paris

Em uma Paris de hotéis com preços nas alturas, a locação de apartamento virou saída para os turistas e cresceu tanto que virou problema para os locais. Os proprietários lucram mais alugando por curtos períodos para os visitantes do que para os moradores.

Cabe ao turista aproveitar. Foi o que fiz em uma visita em 2011, quando aluguei um estúdio pela Holidayflat, que tem diárias mais baratas que de albergue.

Há apartamentos por a partir de € 15 (R$ 46,20) a noite (lugar para dois, sexto andar sem elevador e banheiro compartilhado), mas o cliente pode adicionar serviços como toalha e lençol e faxina –se não quiser pagar, a limpeza será feita pelos locatários anteriores, na entrada, e por você mesmo, na saída.

Peguei algo melhor e com alguns extras: por € 42 (R$ 129,50) a noite, um estúdio confortável para dois, banheiro privativo e a 500 metros do Arco do Triunfo.

Alugar apê dá mais trabalho, como buscar as chaves em um escritório em outra parte da cidade e fazer a limpeza, mas ter cozinha, janela com vista para o pátio interno do prédio e o entra e sai de vizinhos dão aquilo que um hotel não pode oferecer: a ilusão de viver em Paris.

Outra opção é a Lodgis, que usei para receber a família. Os apartamentos são melhores e mais caros, mas, em geral, maiores. Paguei € 91 (R$ 280,60) a diária para quatro pessoas.

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É importante acertar o horário do check-in

SANDRO MACEDO
DE SÃO PAULO
Onde alugou Paris

Em minha viagem mais recente, aluguei um apartamento em Paris pelo Airbnb.

Para quem está acostumado com hotéis há sutilezas a ser observadas. A principal é o horário de check-in e de check-out. Em muitos casos, os apartamentos ficam em prédios sem portaria –e acertar a hora é fundamental.

Apesar de o horário sugerido para a entrada estar no site, o proprietário entrou em contato e pediu para postergar o check-in em duas horas.

Na chegada, ele deu as instruções básicas –até fui avisado que a moradora do andar de baixo estava grávida e suscetível a barulhos noturnos.

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"Só bebo café italiano, mas comprei uma cafeteira para os hóspedes"

LAURA CASTRO PANTALEÃO *
Onde Rio de Janeiro

Coloquei meu apê no Rio para alugar no ano passado.

No começo, tive medo de alugar para alguém que fosse estragar minha casa. E aí eu só disponibilizava um quarto, pois pelo menos eu estaria ali. Mas, com o tempo, fui aprendendo algumas técnicas, como só alugar para hóspedes com avaliações positivas, e aluguei meu apartamento inteiro.

Viajo muito e tiro bastante dinheiro com o Airbnb. Loquei 15 vezes. Quando é só o quarto, cobro R$ 115. O apartamento inteiro custa R$ 220 –e cabem cinco pessoas.

Agora na Copa, nossa, vou ganhar R$ 17 mil por 20 dias! Aluguei para cinco rapazes de Israel. Eles são novos no site, com perfil recém-criado, mas, pelo valor, arrisquei.

Tenho avaliações boas no site, alugo bastante. Mas não é tão simples. Não basta colocar o anúncio. Eu, por exemplo, só tomo café italiano, mas comprei uma cafeteira elétrica, pois sei que meus hóspedes podem querer isso.

O dinheiro que vem do aluguel representa de 15 a 20% da minha renda, mas, sinceramente, o Airbnb já foi melhor. Quando comecei, havia menos anfitriões no Rio. Agora, a concorrência é maior.

Laura Castro Pantaleão é tradutora *


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