Folha de S. Paulo


Desastre natural nas Filipinas afasta turistas e gera onda de cancelamentos de viagem

O tufão que atingiu as Filipinas assustou turistas e causou cancelamento em massa de reservas em hotéis do país, apesar da catástrofe ter atingido apenas parte do território.

"As pessoas pensam que todo o país foi destruído. Se você vê a mídia internacional, essa é a impressão que se tem", diz o secretário do Turismo das Filipinas Ramon Jimenez. "Mas os turistas foram remanejados para lugares não atingidos com sucesso".

Resorts dos principais destinos turísticos, como Boracay, Palaean, Cebu e Bohol, sofrem com taxas de cancelamento de 30% a 40%, segundo Cesar Cruz, presidente da associação de operadores de viagem das Filipinas, em Manila.

"Os cancelamentos ainda estão acontecendo", diz.

Em algumas regiões, como na ilha turística de Bantayan, a destruição foi grande. A ilha foi uma das seis atingidas --o país é formado por mais de sete mil ilhas.

O Anika Island Resort foi o único hotel, entre os 32 do destino turístico de Santa Fé, a escapar do desastre. Segundo fontes oficiais, cerca de 95% dos prédios de Santa Fé foram gravemente danificados.

"O turismo é muito importante aqui, é a nossa única fonte de renda", explica Nelson Yuvallos, dono do hotel Anika. O local, danificado apenas parcialmente, ficou cercado pela destruição que matou milhares de pessoas.

Em períodos normais, a ilha recebe cerca de quatro mil turistas por mês. Durante o inverno no hemisfério norte, a número chega a 10 mil.

RECONSTRUÇÃO

Proprietários do setor hoteleiro afirmam que devem reconstruir os empreendimentos até dezembro para evitar espantar os turistas.

Mas o prefeito de Santa Fé, José Titing Esgana, é menos otimista. "Reconstruir até dezembro é uma expectativa muito alta", diz.

Para ele, o turismo local deve se recuperar apenas para a Páscoa de 2014, importante época de atração de viajantes para o país. A ilha costuma ficar lotada de católicos devido à crença de que o local tem licença do Papa para comer carne vermelha na sexta-feira santa.

O turismo é um mercado em acensão nas Filipinas, onde o número de visitantes cresceu de 3,9 milhões para 4,3 milhões em um ano. A atividade representa cerca de 5,9% do PIB.

Jun Neri, economista do Banco das Ilhas Filipinas acredita que a catástrofe deve atrapalhar o crescimento. "Mas devemos conseguir nos recuperar a partir do próximo ano", afirma.

Ele espera investimentos de bilhões de dólares em obras de reconstrução para reagir contra as perdas no turismo. Os prejuízos do tufão são estimados em US$ 19 bilhões.


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